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“Órfãos da Terra” iniciou como um “novelão” e termina sem emoção e sem interesse do público



        Órfãos da Terra, trama das autoras Thelma Guedes e Duca Rachid,  chegou a sua  reta final nesta sexta (27.09),  e de uma novela muito elogiada em sua primeira fase  se transformou  em uma história que andou   em círculos e perdeu todo o fôlego no decorrer dos capítulos.
        Na verdade Órfãos da Terra foi um “novelão” digno do horários das  nove até o momento em que dois pilares da trama tiveram que ser limados da história  -Aziz (Herson Capri) e Soraya (Letícia Sabatella). O Vilão e uma de suas vítimas. Já estava na sinopse que a história sofreria essa baixa, até mesmo para dar vasão ao ódio da Dalila (Alice Weigmann) por Laila (Júlia Dalavia),   a mola mestra dos entrechos desta segunda fase,  dando a personagem ao posto prometido de grande vilã.
        Porém sem Aziz,  Laila (Júlia Dalávia) e Jamil (Renato Góes)  ficaram livres para  curtirem seu amor selado  com um filho.   O casal curiosamente perdeu toda química que explodiu na primeira fse  e o interesse do público foi instantâneo. A esperança foi aguardar a chegada de Dalila (Alice Weigmann) ao Brasil para vingar a morte do pai. Mas ao chegar,  num perfil quase patológico com maldades e planos falíveis, com várias idas e vindas  à prisão   e o ódio desmedido e quase sem fundamentos contra Laila, também deixou a personagem que prometia tanto ,   dentro de uma história vazia,  que nem  mesmo  todo o brilho e talento da Alice Weigmann foi capaz de salvar.


        A impressão que me deixou foi que as autoras cansaram da trama principal e a deixaram   lá cozinhando em banho-maria  e resolveram focar nas tramas paralelas e no pano de fundo de Órfãos da Terra  - o drama dos refugiados.
        Aliás nesse ponto elas foram peritas, sensíveis na abordagem e com um cuidado primoroso com o belo texto. O Engajamento no combate à discriminação foi mantido do começo ao fim, sem comprometer em nenhum momento o roteiro, mostrando que é possível sim apresentar  uma trama com assunto pertinente sem jogar o didatismo radical na cara do telespectador.
        E sem o casal principal as autoras apostaram em  outros casais que valeram muito a pena torcer, casais construídos na reta final mais que o público logo se identificou :  (Carol Castro) e Haussen (Bruno Cabrerizo);  O Romance dimensional  entre Cibele (Guilhermina Libânio) e Davi (Vitor Thiré), que no final encontrou o amor nos braços do Pericles (Lucas Capri);  a relação entre uma mulher mais velha e um jovem rapaz –  entrecho dos personagens Letícia (Paula Burlamaqui) e Benjamim (Filipe  Bragança), e os hilários   Zuleika e Almeidinha – Emanuelle Araújo e Danton Mello.

       
        As autoras  guardaram uma surpresa para a reta final. As então vilãs Camila e Valéria, depois de aprontarem muito em busca de ascensão social e grana,  foram se descobrindo e  se revelaram apaixonadas. É mais uma abordagem de relação homossexual na teledramaturgia nacional, algo que há tempos já  é tratado como natural nas  produções de outros países, e especificamente em Órfãos daTerra é um ótimo entrecho criado para as duas personagens que sempre brilharam dentro da história. O Beijo do #Vamila, como o público shippou o casal,  foi guardado para o casamento no penúltimo capítulo  para alegria geral da nação.
        Foi enriquecedor ver a construção dos entrechos dos personagens Mamede (Flávio Migliaccio) e Bóris (Osmar Prado). Integrantes do núcleo cômico no início da trama, os dois veteranos brilharam ainda mais quando enveredaram no drama  da doença que Mamede começa a demonstrar, para desespero dos netos,  e onde  os até então inimigos,  acabam se aproximando, a medida que Bóris tenta amenizar a situação do amigo. Foi  enriquecedor ver dois grandes atores da história da tv vivendo ótimos momentos  em cena.
                Assim de um novelão das nove com uma abordagem crível de um tema pertinente, os refugiados,   Órfãos da Terra se  mostrou em  mais uma novela água com açúcar com pontuais entrechos interessantes.  Embora a audiência da trama não tenha sofrido muito com essa discrepância entre as fases, a novela fez o caminho inverso de sua antecessora Espelho da Vida, da Elizabeth Jhin, que começou fraca e só pegou força da sua metade em diante.
        Uma pena que Orfãos da Terra tenha perdido tanto  o seu valor no decorrer  dos capítulos, talvez a ideia original que seria apresenta-la como uma novela das onze, que certamente teria menos capítulos,  fosse mais viável para contar a história e  assim  tivesse  outra receptividade.

Veja Também : 
10 Destaques de ORFÃOS DA TERRA 
Meus Persoangens Favoritos do FLÁVIO MIGLIACCIO
Fonte:
Texto :Evaldiano de Sousa

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