Mais um ano acabando e chegou a hora de fazer o balanço de tudo de bom (e
ruim) que a tv nos apresentou. A teledramaturgia foi de uma riqueza
impressionante com muitas produções e grandes momentos que marcaram o ano de
2016.
Vou começar o balanço do ano pelas
minisséries. Só foram duas apresentadas pela Globo, porém tão impactantes que valeram pelo ano inteiro.
Ligações Perigosas (Globo
– 04 à 15 de Janeiro de 2016)
Manuela
Dias foi a grande estrela na autoria
das minisséries deste ano. São dela as duas apresentadas pela Globo esse ano.
No início do ano apresentou Ligações Perigosas,
baseada no clássico francês Les Liaisons Dangereuses de
Choderlos de Laclos.
Ligações Perigosas cumpriu todas as expectativas. Manuela Dias conseguiu abrasileirar o clássico e mesmo sem a nudez
de corpos, a minissérie chocou o Brasil mostrando o lado mais doentio do ser
humano na arte de seduzir e de se deixar seduzir.
Na época li um comentário no Twitter
que dizia que “Ao invés de corpos, Ligações Perigosas despiu almas”. Foi exatamente o que aconteceu na minissérie. A direção não tinha mais o que
mostrar depois de Verdades Secretas (2015), novela do Walcyr Carrasco, que abusou dessas nudes. A solução foi então
despir a alma dos personagens. E o texto do romance prima por isso. São
personagens que usam a paixão e o desejo, ou a fuga deles, para humilhar e
destruir as pessoas que o cercam pelo
puro prazer do poder da sedução.
Com um elenco perfeito, Ligações Perigosas mostrou atores totalmente entregues à seus
personagens. Marjorie Estiano irrepreensível como a Mariana; Jesuíta Barbosa e Alice Weigmann
também defenderam bem seus personagens, assim como Aracy Balabanian que nos capítulos finais viu sua personagem se
transformar no elo que tentava maquiar os acontecimentos, evitando ainda mais
tragédias na trama. Foi um bom momento
da atriz que há tempos não ganhava uma personagem a sua altura.
Mas a grande cereja do bolo de Ligações Perigosas foi
a química entre Selton Mello e Patrícia
Pillar, na pele dos protagonistas Augusto e Isabel. Num jogo de cena
incrível e uma troca de talento que enriqueceu muito a produção, o duelo de
poder entre os personagens também atiçava o telespectador. A Composição e
caracterização dos personagens foi desde
o figurino até a imposição de voz de ambos que revelava o lado psicológico e
doentio de cada um. Patrícia Pillar imortalizou a Isabel, nossa Glenn Close. Acho que não é exagero
dizer a atriz não ficou devendo em nada
na interpretação da atriz americana na
versão cinematográfica.
A minissérie foi mais um produto excelente apresentado na Globo, como normalmente acontece com as
produções neste formato.
Justiça (Globo – 22 de Agosto à
23 de Setembro de 2016)
Justiça, também da Manuela Dias foi
o grande destaque do ano. Muito mais do que
uma minissérie inovadora, por sua narrativa, Justiça foi um marco sem precedentes para a
teledramaturgia nacional. A autora que foi uma aposta da Globo no
início do ano com Ligações Perigosas , se
consagrou de vez com a minissérie que discutiu o verdadeiro sentido da palavra
“Justiça”.
Além da
narrativa inovadora que cruzava as quatro história de cada capítulo da semana,
o elenco de Justiça parece que foi escolhido a dedo e estavam todos em estado
de graças de tão perfeitos e entregues ao seus personagens. Foi o caso da
Adriana Esteves (a estrela maior), Déborah Bloch, Leandra Leal, Vladimir Brichta, Luisa Arraes, Drica Moraes e Marjorie Estiano.
Cauã Reymond foi uma surpresa na
produção. No post de estreia sobre o fato do Cauã Reymond parecer fazer o mesmo personagem de
sempre – Aquela pessoa injustiçada e que passa a procurar a qualquer custo sua
inocência, como ele fez A Regra do Jogo (2015) ,
no seriado O Caçador(2014)
entre outros trabalhos do ator. Porém foi um erro baseado em preconceito. O
Maurício tinha sim esse perfil vingativo por causa do acidente com sua mulher,
porém apresentou um personagem totalmente diferente com uma interpretação mais
contida e introspectiva, e exatamente por isso me chamou atenção. Foi um
diferencial para o trabalho do Cauã que vem há anos marcando personagens com
interpretações viscerais. Vou bom vê-lo ligado apenas no 110woltts.
Justiça é uma das produções que merecem uma
continuação. A Globo tem que explorar de novo esse ano de 2017 essa narrativa que, emocionou e conquistou como há muito tempo não
acontecia o telespectador.
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
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