Com Malu Mader à frente e Francisco Cuoco duplicado,
Aguinaldo Silva apresentou a trama de O Outro, sua primeira trama solo,
depois de Partido
Alto (1984) com a GlóriaPerez e ter escrito o “miolo” de Roque Santeiro (1985),
do Dias Gomes. O Autor até anunciou
em entrevista que não apresentaria nada de novo, porém nunca imaginou que a
trama chegasse ao ápice de ser acusada de uma releitura de Vidas Cruzadas, trama que Ivani Ribeiro escreveu para a Tv Excelsior em 1965.
Malu
Mader na pele da selvagem hippie Glorinha da Abolição , ganhava sua primeira
protagonista, que era um presente por seu destaque na minissérie Anos Dourados,
um ano antes. A atriz não desperdiçou a chance. Se O Outro não
foi uma das melhores tramas do Aguinaldo,
a Malu fez da Glorinha uma das mais marcantes da sua carreira. Depois da
trama, ela protagonizou mais três novelas nos anos seguintes: Fera Radical (1987), Top Model (1989) e O Dono do Mundo (1991).
FranciscoCuoco , afastado das novelas desde Eu Prometo (1984),
voltava em alto estilo vivendo os sósias Paulo e Denizard , e encantou a
mulherada.
Alguns personagens foram destinados a
atrizes que declinaram dos papéis. A
Índia do Brasil foi oferecida à Betty Faria,
porém acabou ficando com a saudosa YonáMagalhães. Glória Menezes foi a
primeira cogitada para viver Laura, que diante da recusa desta, foi oferecida à Vera Fischer, até finalmente ser dado à Natália do Valle.
Se
O Outro foi uma novela fraca para os padrões da Globo e do Aguinaldo Silva, que logo depois escreveria a clássica Tieta (1989), sua trilha sonora nacional foi um compilado
de clássicos do pop rock brasileiro , grandes nomes da MPB fazendo uma trajetória no cenário fonográfico
daquele ano com músicas que nunca mais
saíram da lista das rádios nostálgicas do Brasil até hoje.
GilbertoGil, um dos grandes nomes da MPB, abria a trilha que trazia Luma de Oliveira, uma das estrelas da
novela como capa. Com “Mar de Copacabana” o cantor embalava a esfuziante Índia do
Brasil, da não menos esfuziante e saudosa Yoná
Magalhães.
Outros ícones da MPB enriqueceram a
trilha com suas músicas: Maria Bethânia com a apaixonante “Quero Ficar com Você” marcou
a luta da personagem Laura, a bela esposa de Paulo Della Santa (Francisco
Cuoco), vivida pela Natália do Valle,
para manter o casamento que se desmoronava a cada dia, chegando ao seu ápice
quando os sósias trocam de lugar. Cazuza
com a empolgante “O Nosso Amor a Gente
Inventa” cantou o tema do inusitado
casal Marília, vivida pela Beth Goulart com um dos penteados mais controversos da
história da teledramaturgia e João Silvério, do Miguel Falabella. Já Beth Carvalho, foi a cota samba do disco
com “Fogo de Saudade” tema do
personagem Agostinho, do saudoso José
Lewgoy.
Laura depois que se envolve com
Denizard, que assume o lugar do seu marido nas empresas e na família, ganhou o
tema “Esquece e Vem” na voz do Nico Rezende. A música era uma espécie
de grito de esperança da personagem por felicidade.
Outra música que representou o samba na
trilha foi “O Mundo é um Moinho”
clássico do Cartola numa
interpretação inesquecível e visceral do NeyMatogrosso.
O pop rock nacional estava em alta e
total ascensão na metade daquela década de 80 e várias banda que se tornaram
ícone do ritmo musical integraram a trilha de O Outro Nacional.
Na abertura fomos brindados com o Grupo Íra
com “Flores em Você” no inesquecível
tema de abertura da trama. O Barão
Vermelho entrou com “Quem me Olha Só”,
tema da Edwirges e Genézio, personagens da
Cláudia Raia e José de Abreu. Os Heróis
da Resistência embalaram a
personagem Dedé, vivida pela Luma de
Oliveira, com “Doublê de Corpo”.
Três músicas da trilha se transformaram
em ícones dos seus interpretes e deram uma boa alavancada em suas carreiras, até hoje
não saem do repertório de seus
shows: O Kid Abelha (na época ainda
com os Abóboras Selvagens) , outra banda de pop rock criada nos anos 80 e que foi se firmando no decorrer da década, imortalizou na voz da Paula Toller o “Amanhã é 23”,
tema da protagonista Glorinha da Abolição, vivida pela Malu Mader.
“Retratos
e Canções” a clássica imortalizada
na voz da Sandra de Sá, foi o tema
romântico obrigatório de todo casal de namorados que se formaram naquele ano.
Na novela foi o tema do casal Pedro Ernesto e Zezinha, vividos pelo Marcos Frota e Cláudia Abreu.
Fausto
Fawcett grande expoente do rap rock e da literatura ciberpunk ganhou
projeção nacional com “Kátía Flávia”,
música com letra inebriante e que até hoje é sua principal composição do
gênero. A música dentro da trama serviu
para embalar as locações da novela no
bairro de Copacabana.
Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
Pesquisa:
www.memoriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br
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