A superprodução de O Rico e Lázaro está chegando à
sua reta final, e infelizmente
nem de longe chegou perto do fenômeno que foi Os Dez
Mandamentos. Claro que isso já era esperado, afinal o ineditismo da
trama de Moisés e os Hebreus foi um feito único. A Terra Prometida, trama que veio seguinte, já mostrava
essa falta de fôlego das
novelas bíblicas da RecordTv.
O Rico e Lázaro se
sustentou pela luxuosa produção, mas
infelizmente pecou pela falta do
folhetim, ingrediente apontado como o
grande diferencial das novelas para
as minisséries bíblicas que a emissora produz, talvez tenha sido
exatamente essa essência que tenha faltado para que a trama da Paula Richard tivesse sido “comprada” pelo público que se
hipnotizou com “Os
Dez Mandamentos” e tenha
feito boa parte deles migrado para A Terra Prometida (2016).
Com um elenco inchado, muitos atores não
passaram de figuração de luxo dentro da trama. Porém alguns, como já era de se
esperar, conseguiram mesmo dentro da
trama dar destaque a seus personagens e
segurar o público em suas cenas.
Sammu-Ramat / Christine Fernandes
A Bela e grande vilã de O Rico e Lázaro,
Sammu-Ramat entrou na trama plena dando um show de dança como a mais irresistível sacerdotisa da Babilônia e
fechou o ciclo se jogando para a morte de um das varandas do castelo, a lá
Laurinha Figueroa, pagando por todos os
seus pecados. Christine Fernandes
foi impecável na frente da personagem. Sammu-Rammat foi mais do que uma bela
personagem. Com ela a autora ousou ao
fazer a personagem protagonizar cenas de transe sob o efeito da planta
apelidada na trama de “flor da alegria”. Christine
Fernandes mostrou mais uma vez seu talento em um papel inovador , mesmo dentro de um texto e entrechos
limitados. Isso ficou ainda mais nítido nas cenas finais da personagem se
despedindo da vida no auge da sua loucura.
Nabucodonosor
/ Heitor Martinez
Heitor
Martinez vinha no seu segundo personagem bíblico na RecordTv, e depois dos
elogios pelo Apuk em Os Dez Mandamentos (2015), ganhou o Rei
Nabucodonosor de O Rico e Lázaro. Inicialmente o personagem não tinha muito espaço para uma grande atuação, afinal de contas o perfil lhe mostrava apenas como o Rei radical
e repressor que fez da Babilônia um dos maiores reinos da época. Mas vale destacar o trabalho do Heitor na
fase final do personagem, depois que ele retorna das matas se transformando em
um rei mais humano, mostrando toda a sensibilidade do ator nas nuances do
personagem, e explicando o porquê de um Nabuco tão engessado no início da
trama.
Elga / Denise Del Vecchio
A Denise
Del Vecchio sempre intercala uma
personagem dramática com outra dosada no humor. Depois da sofredora
Joquebede de Os
Dez Mandamentos, a Elga de O
Rico e Lázaro veio com essa dose de humor na linha tênue para não chegar ao escrachado, o que não
caberia a trama bíblica. A Elga nas mãos de uma atriz com menos perícia poderia
soar fake, mas a Denise tem toda a bagagem para brincar e falar sério
com a personagem quando preciso.
Nebuzeradã / Ângelo
Paes Leme
Ângelo
Paes Leme é outro ator criado nos estúdios da RecordTv, e desde que se mudou para a emissora vindo de personagens
secundários na Globo, a cada novo trabalho só cresceu. O Nebuzeradã foi mais uma prova disso. O Ator tirou leite
de pedra e fez um vilão digno na trama
bíblica.
Zelfa / Lucinha Lins
Lucinha
Lins apesar de viver uma serva da família de Helga (Denise Del Vecchio), é a
sensatez dentro da complicada casa de Zac (Igor Ricklli). Sempre preocupada com
cada membro da casa, é a mulher de fé
e protetora dentro da trama. Lucinha Lins fecha mais uma personagem
de destaque dentro da RecordTv, e
mesmo tendo sido muito mal aproveitada em O Rico e Lázaro foi
impecável cada vez que apareceu em cena.
Nitócris / Stefany Brito
A Nitócris desde suas primeiras cenas
mostrou a que veio. Uma mistura de menina mimada com vilã, foi capaz de algumas
maldades para conseguir que o marido chegasse ao trono da Babilônia. Com isso,
a Stefany que veio de alguns papéis de destaque na Globo, conseguiu em O Rico e
Lázaro a chance de mostrar a grande atriz que está se formando, fazendo da Nitócris um divisor de águas da sua
carreira.
Amitis / Adriana Garambone
Claro que a Amitis, a rainha da
Babilônia, não chegou nem aos pés do sucesso da vilã Yunet, que Adriana Garambone viveu em Os Dez Mandamentos,
mas nem por isso passou em branco na trama de O Rico e Lázaro. A personagem coroa
Adriana com mais uma personagem bíblica marcante.
Beroso / Cássio Scarpin
Eternamente marcado pelo Nino do Castelo Rá-Tim-Bum (1994 – 1997) apesar de já ter feito vários
personagens na teledramaturgia depois emblemático e lendário personagem
infantil, Cássio Scarpin foi
espetacular na pele do sumo-sarcedote vilão de O Rico e Lázaro. No Limite do
asqueroso e caricato, Cássio Scarpin
prova em mais um personagem que merece bem mais reconhecimento na
teledramaturgia.
Absalom / Roger
Gobeth
Uma das mais belas histórias de amor de O Rico e Lázaro é a do casal Absalom e Dana, dos atores do Roger Gobeth e Graziela Schimmit. O
improvável casal inicialmente, muito pelo perfil grotesco do Absalom,
acabou se transformando no mais “chippado” pelo público nesta reta final, e
isso deve muito ao trabalho impecável do Roger, que
soube desenvolver o perfil do personagem com delicadeza e muita perícia,
mostrando todo o seu crescimento profissional natural que também pode ser visto
este ano no seriado Sem Volta.
Daniel / Gabriel
Gracindo
Gabriel
Gracindo que vem de uma das melhores linhagem da teledramaturgia – é filho
do Gracindo Junior e neto do saudoso
Paulo Gracindo – fez sua carreira praticamente
toda na RecordTv desde que estreou
já em um personagem de destaque na trama
do remake de A Escrava Isaura, produzido pela emissora em 2004. O Ator que
tem correndo nas veias a arte de interpretar, mostrou mesmo na trama de O Rico e Lázaro,
um trabalho digno da sua linhagem na pele do Governador da Babilônia Daniel.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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