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Novelas Inesquecíveis – Sinhazinha Flô (1977)

Novela baseada em três obras de José de Alencar e que celebrava o centenário de morte  do autor

        Há 40 anos a Globo comemorava o centenário de morte de  José de Alencar levando ao ar a trama de Sinhazinha Flô, novela baseada em três clássico do autor : A Viuvinha, Til e O Sertanejo, escrita por Lafayette Galvão,  e Bete Mendes e Eduardo Tornaghi como protagonistas.

        A trama se inicia em 1880, onde a luta pela libertação dos escravos estava no auge e a república caminhava a passos largos para ser implantada. É neste cenário que nasce o amor entre Sinhazinha Flô (Bete Mendes) e Arnaldo (Eduardo Tornaghi). Ele, um vaqueiro pobre que luta, na sua condição de mestiço (filho da escrava Zana), pelo amor de Flô, filha de seu patrão. Já a jovem vacila entre Arnaldo e um amor de infância: Jorge (Marcio de Luca), um rapaz que procura sua liberdade particular. Vendendo sua fazenda ao Capitão Gervásio Campelo (Castro Gonzaga), Jorge vai até o Rio de Janeiro tentar a fortuna através de jogos e negócios escusos com homens do café.
        O Ano de 1880 foi escolhido pelo diretor Herval Rossano e pelo autor pela concentração de acontecimentos políticos importantes para o enredo da trama – Crises econômicas, mudanças ministeriais, a guerra do Paraguai e a campanha abolicionista. Neste mesmo ano, José do Patrocínio e André Rebouças lutavam pela libertação dos escravos no Rio de Janeiro. A Lei de José Saraiva – que propunha a eleição direta para senadores , deputados, vereadores, procuradores gerais e juízes de paz – fora aprovada e seria, mas tarde, um importante impulso para a proclamação da república. Ou seja, a época escolhida foi um prato cheio para muitos entrechos dentro adaptação.

        Bete Mendes, a Sinhazinha Flô, que era uma junção  de três protagonistas dos romances do autor ( Berta de Til, Carolina de A Viuvinha e  a Flor de O Sertanejo)  brilhou na pele da protagonista imprimindo toda a delicadeza que mocinha pedia.
        A produção e reconstituição de época de Sinhazinha Flô foi rigorosa. Ana Maria Magalhães fez um levantamento minucioso histórico sobre o período que serviu de guia para  direção e a composição dos figurinos, importantes ingrediente para dar credibilidade a história.

        “Fogo no Canavial” foi o tema de abertura da novela, na foz do Jorge Telles. A música foi reaproveitada da versão censurada de Roque Santeiro (1975). A melodia era a mesma com outra letra.

        Além do clima histórico e abolicionista que era a alma da novela,  o autor tinha a preocupação de  mostrar a luta pela emancipação da mulher  através das personagens Flô (Bete Mendes), Chiquinha (Thaís de Andrade) e Clotilde (Heloisa Raso).

        Infelizmente o excesso de situações, reflexo da adaptação de três obras em uma só novela, acabou prejudicando o andamento de Sinhazinha Flô, que mesmo com toda a produção, reconstituição de época e a  primorosa adaptação do Lafayette, a trama soava confusa. No mesmo capítulo via-se uma novela de aventura com estilo capa-e-espada, conflitos familiares da Paineira, formação de quilombos e  revoltas de escravos. Enfim o reflexo da junção de um romance urbano com dois regionalistas.
        Talvez a intenção da homenagem  à José de Alencar não tenha se concretizado de forma satisfatória, mas Sinhazinha Flô não deixa de ter sido um momento importante da teledramaturgia nacional.
Ficha Técnica:

Novela do Autor Lafayette Galvão
Baseada nos romances Til, A Viuvinha e O Sertanejo do José de Alencar
Direção Geral: Herval Rossano
Elenco:
BETE MENDES – Flor (Sinhazinha Flô)
EDUARDO TORNAGHI – Arnaldo
CASTRO GONZAGA – Capitão Gervásio Campelo
ANA LÚCIA TORRE – Ermelinda
THAÍS DE ANDRADE – Chiquinha
DANTON JARDIM – Murilo
MÁRCIO DE LUCA – Jorge
HELOÍSA RASO – Clotilde
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Juca
FREGOLENTE – Padre Teles
RUTH DE SOUZA – Justa
NEUZA BORGES – Zana
MARCUS TOLEDO – Leandro Barbalho
ÉLCIO ROMAR – André
RICARDO GARCIA – Brás
ARY COSLOV – Marcos Fragoso
ANTÔNIO PATIÑO – Moirão
GILBERTO MARTINHO – Pepe
DARTAGNAN MELLO – Rodrigo
PIETRO MÁRIO – Orvieto
ADEMILTON JOSÉ – Vicente
JOYCE DE OLIVEIRA – Gumercinda
ANGELITO MELLO – João
PAULO PINHEIRO – Manuel Abreu
FREDMAN RIBEIRO – Jó
CLEMENTINO KELÉ – Tião
PAULO TONDATO – Negrum
MARIA DAS GRAÇAS – Mariinha
ANTÔNIO GANZAROLLI – Tuniquinho
GILSON MOURA – Delegado
CLEMENTE VISCAÍNO – Dr. Gustavo
MÁRIO POLIMENO – Chico da Venda
CARLOS DUVAL – Padre Antônio
NARDEL RAMOS – Miguel
LAFAYETTE GALVÃO – Januário
MARCELO BARAUNA – Sussuarana
ANA LÚCIA GREGARY – Isabela
DARCY DE SOUZA – Terta
WALTER MORENO – Zé
SILVIA CHAMECKI BONET – Amélia
ZILCLÉIA DOS SANTOS – Maria
CATULO DE PAULA – violeiro
DAVID PINHEIRO – cigano
SIDNEY MARQUES – empregado de Fragoso
JOANA DE SOUZA – cozinheira de Campelo
Exibição: 25 de Outubro de 1977 à 28 de Janeiro de 1978
Capítulos: 82
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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