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Enquete e10blog - Melhores do Ano

Novelas - Balanço 2018



        Foi sim um ano difícil para as novelas. Enquanto algumas bombaram na audiência,  foram massacradas pela crítica por textos rasos e simples, o caso de O Outro Lado do Paraíso, do Walcyr Carrasco. Tempo de Amar do Alcides Nogueira, fez o caminho inverso, considerada um biscoito fino, via dia a dia sua audiência despencar no horário das seis, o mesmo que ocorre atualmente com Espelho da Vida, da Elizabeth Jhin,  no mesmo horário. 
        Se  o gênero cansou, como muito se especula, ainda não é o momento de decretar isso, afinal de contas  Malhação – Viva a Diferença foi um marco na história da novela teen elevando a importância da trama a patamares jamais vistos, e mesmo com baixas audiências as telenovelas produzidas pela Rede Globo ainda são um paradigma para televisões  do mundo inteiro.
        O SBT que continuou investindo na teledramaturgia infantil,  viu As Aventuras de Poliana se transformar em uma das suas melhores novelas da emissora em  15 anos.
        Talvez seja o momento de readequá-las, porém com muito cuidado. Este ano Deus Salve o Rei, do Daniel Adjafre,   foi um exemplo de qualidade técnica e artística poucas vezes  vistas no gênero, mas todo o aparato não foi capaz de salvar a novela do fracasso que ficou devendo muito em trama. Isso sem falar em Apocalipse, da Vivian de Oliveira, na RecordTv, a maior decepção do ano de 2018, que transpôs a passagem da bíblia para os dias normais se tornando uma tragédia literal para a teledramaturgia da emissora.

(Globo – 06 de Junho de 2017  a 08 de Janeiro de 2018)


        Pega Pega, da Cláudia Souto,  teve seus  últimos  capítulos  exibidos  na primeira semana de janeiro de 2018, ou seja todo o seu desenrolar de tramas foi resolvido este ano. A Novela não chegou a ser um grande sucesso do horário  como Rock Story (2016) e Haja Coração (2016), mas fez bonito, foi uma novela de tramas  e entrechos fracos, sem ganchos ou sobressaltos, mas Claudia Souto criou personagens tão interessantes, interpretados  de maneira tão crível e visceral, que compensaram,  e fizeram a trama valer a pena.
A falta de química entre Camila Queiroz  e Mateus Solano, enfraqueceu o casal principal que eles viviam  -Eric e Luiza - Essa  falta  de empatia com o  casal principal,  fez  o público se apegar aos outros personagens,  o caso de Maria Pia e Malagueta, personagens da Mariana Santos e Marcelo Serrado, e Sandra Helena e Aguinaldo, da Nanda Costa e do João Baldasserini.
        A Camila Queiroz sozinha até a funcionou, sua personagem foi se transformando no decorrer da trama e de princesinha do Carioca Palace termina a trama como grande empresária do ramo hoteleiro,  mostrando  um amadurecimento em seu terceiro trabalho na tv.
                 Mariana Santos como a Maria Pia foi a grande revelação da trama. Em seu primeiro personagens em novelas, depois do sucesso em humorísticos, a atriz foi perita em dosar as vilanias num tom cômico agradável e sem exageros que transformaram a personagem na estrela da novela.
        A Sandra Helena foi a grande personagem da Nanda Costa pós-Marena de Salve Jorge. Muito criticada em sua primeira  protagonista na trama de Glória Perez, a atriz ainda não tinha conseguido emplacar uma personagem com  destaque e empatia junto ao público até então.
        Outros destaques do elenco: Irene Ravache como Sabine; Marcelo Serradocomo Malagueta; Marcos Veras como Domênico; Marcos Caruso como Pedrinho;Valentina Herssage como a Bebeth; Nicette Bruno e Cristina Pereira também brilharam  e transformaram Elza e Prazeres nas tias mais queridas do Brasil; Vanessa Giácomo como  Antônia e  Guilherme Weber com o afetado Douglas.

(RecordTv – 25 de Julho de 2017 a 26 de Janeiro de 2018)

        A trama medieval de Belaventura, do Gustavo Reiz terminou em 26 de Janeiro de 2018.  A novela  que  iniciou com uma novidade, afinal de contas  há tempos a RecordTv e nenhuma das outras emissoras investiam em tramas medievais, e essa temática moda no mundo a fora por causa da série Games Of Thrones, prometia ser bem recebida aqui no Brasil. Não à toa que a Globo no início de 2018 também  investiu no tema com a trama de Deus Salve o Rei, doDaniel Adjafre.        
        Infelizmente Belaventura terminou minguando na audiência e praticamente sem repercussão alguma. Uma pena para uma trama que mostrou uma produção tão primorosa e uma vontade do autor, elenco e direção de fazer dar certo.
        Mais uma vez a falta de planejamento da RecordTv em divulgar e estrear suas tramas pode ter prejudicado em muito a  audiência da novela. Belaventura estreou  no período de férias, coincidiu  com o desentendimento da RecorTv com as operadoras de Tv, a reprise  recente (que também fracassou) de Os Dez Mandamentose a estreia de Apocalipse  que também vem amargando baixa audiência e aceitação,  foram fatores importantes para esse desinteresse pela trama.

(Globo – 08 de Maio de 2017 a 05 de Março de 2018)


        Quebrando tabus, gerando polêmicas e tocando em assuntos pertinentes, a temporada de Malhação – Viva a diferença marcou a história da teledramaturgia quando se despediu no primeiro trimestre deste ano.
        Uma das temporadas mais importantes da Malhação,  foi muito além da “novela teen”, título que a trama sempre ostentou desde a sua estreia em 1995,  e perdurou pelas 24 temporadas.
        Cao Hamburguer prometeu e apresentou uma novela com temáticas que abordam o universo jovem, mas  para ser assistida por toda a família, e em muitos momentos foi muito mais adulta nessas abordagens do que as tramas  propriamente ditas assim. Malhação – Viva a Diferença   revitalizou o  velho formato da “Malhação”  que estava minguando na audiência há alguns anos e salvou a novela de ser trocada por um projeto novo  da casa. O Autor revolucionou e transformou a novela em um dos melhores programas da Globo no início de 2018.

        O grande trunfo da trama  foi sem dúvidas suas  protagonistas que,  fugindo  ao   estereótipo das mocinhas de Malhação ,  apresentou cinco meninas como estrelas ao invés de um casal e uma vilã que tentava separá-los  como na maioria das vezes.

        Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski),   praticamente estreantes na tv, mostraram um ótimo  desempenho  na novela,  uma grata surpresa e expunha  o futuro promissor do quinteto. Não à toa, a Globo já divulgou que pretende fazer uma espécie de continuação da trama em forma de série juntando as “five” novamente.
        Por ter nas mãos a personagem mais complexa da trama, a Benê, Daphne Bozaski, foi a grande estrela,  interpretando com maestria e sensibilidade todo o drama da portadora da Sindrome de Asperger, um grau de autismo, que foi um dos assuntos mais importantes abordados nesta temporada.



(Globo – 26 de Setembro de 2017 a 19 de Março de 2018)

        Alcides Nogueira fez de Tempo de Amar um “biscoito fino” na tv aberta que conquistou o grande público. A trama  se diferenciou de outras tramas também consideradas impecáveis apresentadas no horário (Lado a Lado/2012 e Joia Rara/2013),   mas que amargaram uma baixa audiência por toda sua exibição, o que deixou o estigma de que o grande público não comprava esse tipo de trama. Tempo de Amar provou que  o público gosta sim de uma novela com bom texto, roteiro  e direção, uma obra de arte teledramaturgica.
        O grande trunfo de Tempo de Amar, sem dúvidas, foi  seu texto impecável  com a bela história de amor como pano de fundo.  Quando falo do texto da trama refiro-me a todos os detalhes que isso engloba, que vão desde a criação propriamente dita, quanto o texto falado pelos personagens com precisão e segurança,  um português “bem falado” dando credibilidade e charme  à história.  
        Aliado ao   texto impecável, um elenco escolhido a dedo, fez de Tempo de Amaresse sucesso. Vitória Strada e Bruno Cabrerizo, ela estreante em novelas e ele com experiência apenas fora do Brasil, tiveram suas escalações criticadas no início. Não seria um risco escalar dos rostos praticamente desconhecidos para estrelar uma trama? Ledo engano! Logo nos primeiros capítulos ficou nítido a escolha certa – Strada deu um ar solar e leve à Maria Vitória, que embora tenha passado por tristeza praticamente a novela inteira, nunca se apegou ao estigma da “mocinha chorosa”.Bruno Cabrerizo me preocupou inicialmente, faltava vida ao Inácio do início da trama, principalmente na fase em que ficou cego e sob o domínio da vilã Lucinda (Andreia Horta).  O Ator mostrava uma interpretação apática que não condizia com o perfil do personagem.  Porém o tempo mostrou que o Inácio precisava daquela fase apática e fraca, para que ao “libertasse” da Lucinda (Andreia Horta), o personagem  se apresentasse com um perfil mais agradável, e o Bruno terminou Tempo de Amar também como um grande acerto de escalação e um dos destaques. 
Bruno Ferrari, que vive seu segundo protagonista depois do retorno à Globo, conseguiu  fazer do Vicente um grande personagem. Mesmo sendo a terceira ponta do triângulo amoroso entre Vicente e Inácio, o casal principal, conquistou a Maria Vitória (Vitória Strada) e junto com ela o público,  que se dividiu entre os casais Maria Vitória/Inácio e  Maria Vitória/Vicente.
No elenco destaque ainda para Andreia Horta e Jayme Matarazzo, impecáveis como os  vilões  Lucinda e Fernão; Marisa Orth e Nelson Freitas, que na pele da Celeste Hermínia e Bernardo, saíram do lugar comum e mostraram que são muito além  que atores/humoristas; Tony Ramos e Regina Duarte, que não precisariam provar mais nada, porém fizeram do Jose Augusto e Madame Lucerne pontos importantes para  seus currículos.
A trama abordou temas atuais como  a força e empoderamento  da mulher, racismo, corrupção na política e até a febre amarela, mesmo em uma trama de época, mostrando que com um bom roteiro  e direção tudo é possível e válido.
Tempo de Amar  foi um melodrama sim, mas ficou muito longe dos mexicanos, como temíamos no início. A Qualidade e leveza ao escrever,  que marcou a  perícia do autor, distanciou   a trama dos  velhos clichês e perda de   seu poder de encanto ao grande público.


(Globo – 23 de Outubro de 2017 a 12 de Maio de 2018)

          O Outro Lado do Paraíso,  do autor Walcyr Carrasco, encerrou sua trajetória no horário nobre em maio , e  acho que nunca na história da teledramaturgia a audiência jogou tanto contra a uma trama .  A novela que iniciou com bons índices deixados por A Força do Querer teve seu ápice com o retorno e as vinganças da Clara (Bianca Bin), a partir  de então foi uma crescente até ultrapassar a antecessora e fechar com índices iguais aos de  Avenida Brasil (2012).
        Porém junto com a audiência a novela apresentou uma enxurrada de absurdos e desserviços que me preocuparam. A Impressão foi,  que se estava dando audiência, valia  tudo então. Temas   que poderiam ter rendido bons entrechos se perderam e foram tratados de forma irresponsável pelo texto raso e batido do Walcyr, que numa trama de época, no horário das seis, que tem essa temática mais distante da realidade, o caso de Êta Mundo Bom (2016), é aceitável, mas em O Outro Lado do Paraíso soaram  totalmente incoerente  com o aceitável.  
Nesses desperdícios entram o entrecho da Anã Estela (Juliana Caldas). Ao invés de abordar o nanismo com o intuito de inclusão e aceitação, mostrou uma personagem vitimada e humilhada,   única e exclusivamente por sua condição. O Caso da violência doméstica , justificada com um “problema espiritual” do Gael (Sérgio Guizé), Isso sem falar no núcleo de “humor” da trama encabeçado pelo Dr. Samuel (Eriberto Leão), um dos personagens que mais sofreu mutações conforme  o roteiro pedia. Sem dúvidas um dos maiores desserviços prestados foi  a confusa relação do Samuel  com Cido (Rafael Zulu), a ex-mulher Suzy (Ellen Rocche) grávida,  a mãe de bicha Adinéia (Ana Lúcia Torre) e  até a ex-amante do atual namorado fechada no penúltimo capítulo com o beijo entre os personagens do Eriberto Leão e Rafael Zulu, principalmente se pensarmos que ela sucedeu A Força do Querer, da Glória Perez, que apresentou atráves da Ivana (Carol Duarte),  com total responsabilidade o tema da identidade de gênero.  Glamourização da prostituição, racismo, mediunidade foram alguns dos outros assuntos tocados em O Outro Lado do Paraíso que também ficaram devendo muito em responsabilidade.
Mas nem só de  absurdos e desserviços, se formou O Outro Lado do Paraíso,  o autor sabe como poucos  cativar o público transformado em audiência. Claro que a vingança da Clara (Bianca Bin) foi o chamariz dos melhores entrechos da história, em destaque os julgamentos da Beth (Glória Pires), do Delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e da vilã Sophia (Marieta Severo).  Cada um com grandes reviravoltas que representavam mais índices para a crescente  audiência.
A Abordagem mais importante de O Outro Lado do Paraíso sem dúvidas foi o entrecho do assédio sexual, protagonizado pela quase estreante Bella Piero. Apesar da hipnose pela “advogada coach”,  o desenrolar da história foi muito bem abordado durante o processo de descoberta do assédio até  o  pós-revelação, mostrando o tratamento da Laura com  psicólogo  e terapia. Bella Piero brilhou na pele da personagem, dando delicadeza, força e introspecção na medida certa.
Outros destaques no elenco do: As veteranas Fernanda Montenegro,  Marieta SeveroAna Lúcia Torre, que conseguiu deixar sua marca registrada mesmo no desconexo núcleo cômico.
Bianca Bin, foi espetacular na pele da protagonista. Impossível imaginar outra atriz em seu lugar. Sua trinca de pretendes também  fez diferença na trama – Sérgio Guizé,  que fez das nuances do Gael um ponto importante do perfil complexo do personagem; Rafael Cardoso, que embora sua transformação em vilão na reta final tenha soado exagerada,  em seu conjunto da obra o personagem foi muito bem construído e, Thiago Fragoso, que  tinha o personagem mais fraco dos três  nas mãos, correu por fora,  e transformou o coadjuvante Patrick em protagonista, e como prêmio ganhou o amor da mocinha na reta final. Tal qual ele fez com o Carneirinho em Amor à Vida(2013). 
O Outro Lado do Paraíso foi uma novela bonita, que encheu os olhos, com a beleza do Jalapão como pano de fundo, mas que infelizmente a boa audiência prejudicou  sua  dramaturgia.

       
(RecordTv - 21 de Novembro de 2017 a 25 de junho de 2018)

        Com viés doutrinador e texto alterado,  Apocalipse foi a pior novela apresentada este ano. Infelizmente a proposta inovadora de mostrar o Apocalipse segundo a Bíblia, nos dias atuais, o que daria um fôlego na fotografia de novelas bíblicas que a emissora vinha apresentando, acabou se escoando em suas primeiras cenas. Tendo a igreja católica metaforicamente mostrada como a  não “Verdadeira Fé” procurada na história,  além de atuações  fake ,  em destaque para o protagonista vivido pelo Sérgio Marone, o anticristo Ricardo, transformaram a novela em uma das maiores decepções  na  história da teledramaturgia da RecordTv, ultrapassado até  Metamorphoses (2004).
        Sobre o texto da Vivian de Oliveira, vale ressaltar, que como a imprensa divulgou, a própria autora passou a não reconhecer seu texto no decorrer dos capítulos, principalmente nas pregações de Ricardo. A Alta cúpula de executivos da emissora   transformou a novela em uma propaganda contra a Igreja Católica. Algo imperdoável mesmo. Nós pobres leitores, talvez nunca saibamos o que o texto original de Apocalipse realmente trazia, talvez tivesse sido bem mais positivo à trama do que o que fora apresentada.
        Em resumo, Apocalipse foi um grande desperdício por parte da RecordTv. Tinha tudo para ser um diferencial nas tramas bíblicas, mas a emissora preferiu abrir mão do folhetim e os fatos históricos, para apresentar uma explícita propaganda   de seus dogmas. 

(Globo – 09 de Janeiro a 30 de Junho de 2018)

        Mesmo a produção luxuosa com efeitos especais  de última geração,  uma dupla de protagonistas com uma  legião de fãs  nas redes sociais , e a história inovadora de capa e espada, que havia feito sucesso no final da década de 80, com Que Rei Sou Sou (1989), foi capaz de salvar Deus Salve o Rei do rastro de críticas à seus altos e baixos   se mostrando uma novela regular que tentou o tempo inteiro entrar nos trilhos. 
        Com a vilã  inicialmente robótica da Bruna Marquezine e a apatia  do galã protagonista vivido pelo Rômulo Estrela, a novela começou a desinteressar  o público e a Globo imediatamente  ligou o sinal vermelho com o intuito de salvá-la. Nem a inserção do humor com a entrada da princesa Lucrécia da Tatá Werneck, foi capaz de dar fôlego a novela, que a esta altura já tinha perdido sua essência de folhetim mostrando a fragilidade da trama.
        Ricardo Linhares  foi chamado às pressas  para acertar as pontas da trama. Algumas intepretações foram atenuadas , principalmente a vilã Catarina da Marquezine que perdeu o ar robótico, e alguns personagens foram eliminados e outros inseridos  com o intuito de dar mais fluidez a história.  
        O Grande chamariz da trama – suas protagonistas – Amália e Catarina – fez o público torcer por um grande embate entre as personagens, embate esse que só veio a partir da segunda metade da novela, o que prejudicou muito o andamento de Deus Salve o Rei.
        No elenco  alguns  destaques  que conseguiram fazer  personagens marcantes mesmo dentro da trama frágil – Marina Ruy Barbosa  deu o glamour  sob medida que sua personagem plebeia pedia,  e numa interpretação linear foi suficientemente boa no que o texto lhe permitia.
        Jonny Massaro como o rei Rodolfo, esse sim, fez de Deus Salve o Rei seu palco. Brilhou no humor e no drama ,  nas várias nuances que o personagem apresentou e que ele defendeu com maestria.
        Tatá Werneck com sua Lucrécia, foi de novo Tatá Werneck em cena. Porém rendeu momentos hilários dentro da  novela  e sua dobradinha com Jonny Massaro salvou muitos capítulos da trama.
        Outros destaques : Marina Moschen (Serena), Mel Maia (Agnes), Alexandre Borges (Otávio), Fernanda Nobre (Diana), Ricardo Pereira (Virgílio).
        Bruna Marquezine  merece um parágrafo à parte. A Atriz amargou uma personagem muito difícil. Era sua primeira vilã e a atriz recebeu um perfil complexo  e acabou mostrando uma interpretação robótica e engessada,  mesmo o diretor tendo assumido a culpa por esse perfil inicial da personagem, o estrago já estava feito. A Catarina nunca será “a grande personagem” da Bruna,  mas sem dúvidas foi a que lhe deu mais trabalho e serviu para nos mostrar que ela é uma grande atriz, e que não se deixa derrubar. É muito fácil colher os louros de um sucesso, mas amargar uma personagem sem apatia junto ao público é uma tarefa ainda mais difícil, e só um grande profissional   sabe lhe dar com essa situação.
        Nesta reta  final  a trama criou força com os desdobramentos da origem de Catarina,  o que deu  mais foco  ao núcleo das bruxas, que foi coadjuvante a trama inteira, e mostrou uma certa surpresa na manga que o autor guardou ao declarar as duas arqui-inimigas Catarina e Amália,  irmãs. Foi um ótimo entrecho sem dúvidas. 
        Se a intenção de Deus Salve o Rei era pegar carona no sucesso de Games of Thrones, infelizmente a fragilidade da trama deixou a novela muito longe da sua suposta inspiração. Não foi uma das  piores do horário, como apontava virar em sua fase inicial, mas foi uma trama apenas  regular  que soube reconhecer suas fraquezas  e chegar dignamente ao seu final.   

(23 de Abril a 16 de Julho de 2018)

         Onde Nascem os Fortes chegou ao final  em julho   com uma história muito limitada para ser  contada em 53 capítulos,   talvez por isso os autores George Moura e Sergio Goldenberg, tenham segurado os acontecimentos na trama ao máximo para que não chegasse ao fim antes do final.
        Com isso o telespectador foi brindado com sequencias longas, com o brilho de grandes atores, como não víamos desde a teledramaturgia da década de 80 e 90 que primava por esse tipo de narrativa.  
        A fuga da Maria (Alice Weigmann) e sua procura pela identidade do assassino de seu irmão Nonato (Marco Pigossi) estendeu-se por quase dois terços da novela/supersérie,  o que cansou o telespectador e fez com que a minissérie esfriasse na audiência. Porém o telespectador mais fiel compreendeu a narrativa  e passou a enxergar a trama pela ótica da riqueza de detalhes, direção cirúrgica e interpretações fortes ,  que mostrou a preocupação da Globo em cada vez    melhorar  a  qualidade das  suas produções.
         Alice Weigmann foi visceral na pele da Maria, e se alguém ainda tinha dúvidas sobre o talento deste menina que despontou na Malhação  em 2010, a Maria provou que ela é uma atriz pronta para dar voos ainda mais  altos.
 Neste elenco vale destacar o trabalho da Patrícia Pillar (Cássia), Alexandre Nero(Pedro), Déborah Bloch (Rosinete), Gabriel Leone (Hermano), Irandhir Santos(Samir), Enrique Dias (Plínio), Lee Taylor (Simplício), Maeve Jinkings(Joana), Carla Salle (Valquíria), Lara Tremouroux (Aurora), José Dumont (Tião das Cacimbas), Clarissa Pinheiro (Gilvânia)  Titina Medeiros (Bethânia)
        Fábio Assumpção e Jesuíta Barbosa merecem um parágrafo a parte. Seus personagens,  Ramiro e Ramirinho, pai e filho, foram os que tiveram as cenas mais complexas e transformadoras da trama. Fábio Assumpção numa interpretação madura, saiu do seu lugar comum, de galã ou vilão galã para dar vida ao austero e asqueroso “coronel do sertão”. Jesuíta Barbosa,   além de viver o filho reprimido,  por não poder revelar sua  identidade sexual,   ainda brilhou com a performática Shakira do Sertão, mostrando toda a sua sensibilidade cênica.
Onde Nascem os Fortes pode não ter agradado ao grande público, mas é indiscutível sua qualidade técnica que somada ao talento dos envolvidos fizeram da supersérie um produto rico emoldurado com as paisagens seca do sertão nordestino em pleno século 21.

(20 de Março à 24 de Setembro de 2018)

        O Sucesso de Orgulho e Paixão redimiu o autor  Marcos Bernstein, do fisco que foi Além do Horizonte, que escreveu com Carlos Gregório em 2014.  Baseada na obra da  inglesa Jane Austen (1775-1817), o autor soube com maestria transpor o universo da escritora para o clima brasileiro e a aura dos anos 20. Mesclou  empoderamento feminino, greve, violência doméstica, homossexualidade, romance, humor  e muito  amor, mostrando sem didatismos e principalmente sem personagens chatos, que levantaram bandeiras contrastando com o contexto da história.
        Elisabeta, a protagonista  vivida pela Nathalia Dill, embora tenha perdido o protagonismo de casal principal, sua química como Thiago Lacerda não rolou, sozinha  foi a maior representação da emancipação feminina, e o mais importante sem se prender ao estilo da mocinha lutadora e sofredora. Mesmo nos momentos de tristeza e luta tinha brilho e beleza que enchiam a tela. Mais uma acerto para o currículo da atriz sempre tão profissional e talentosa em suas protagonistas. 
        Além de Nathália Dill, baseada no principal romance da autora que inspirou a trama, Orgulho e Preconceito, as outras quatro atrizes interpretaram e eu diria ainda,  incorporaram  as outras Benedito de uma forma tão espetacular que isso ajudou em muito a fluidez da trama. Cada uma com suas particularidades, entrechos e dramas brilharam e brilharam ainda mais quando  se encontravam em cena em prol da felicidade  uma da  outra – Pâmela Tomé,  a bela Jane,  romântica e  a mais sensível das cinco; Anaju Dorigon, a doce Cecília, era a mais moleca das meninas quando criança, e ao crescer se transformou em uma mulher com uma mente muito inventiva; Bruna Griphão, com a Lídia, foi a cota comédia da família e Chandelly Braz com uma personagem avessa à rotina e apaixonada por aventuras,  na final viveu um dos entrechos mais polêmicos da novela, quando  Mariana teve seus  cabelos.
Os vilões  deram o tom da trama. A certa altura  Julieta, a personagem da Gabriela Duarte foi humanizada e a trama ficou sem uma vilã literal.   O Autor então escalou Natália do Vale para viver a perversa Lady Margareth, uma espécie de Odete Roitmann (Beatriz Segall em Vale Tudo/1988). A personagem preencheu o posto com maestria , vivendo uma vilã visceral, radical, preconceituosa e que odiava brasileiros e seus modos.  
        Mas nesse campo de vilã Alessandra Negrini como a Susana foi a grande estrela.  Não foi nenhuma surpresa que ela se daria muito bem como a vilã dissimulada, manipuladora e sedutora, afinal de contas a atriz já tem algumas vilãs com esse mesmo perfil em seu currículo, mas a Susana de Orgulho e Paixão foi um espetáculo à parte. A Alessandra roubou todas as cenas e se transformou em um das personagens com mais empatia dentro da novela. Mais um grande acerto cênico no currículo da atriz. A dobradinha com  a espetacular Grace Gionaukas, a “Madama” Petúlia, rendeu momentos  memoráveis à produção.
        Sem um casal principal forte com química, Orgulho e Paixão deu vasão para que os outros pares românticos brilhassem. Ema e Ernesto, o improvável casal vivido porÀgatha Moreira e Rodrigo Simas, ganharam o posto de casal protagonista.   Ernesto, inicialmente escalado para ser a terceira ponta do triângulo  entre Darcy e Elisabeta; e Ema com Jorge (Murilo Rosa) e Amélia (Letícia Persilles), bastou uma cena juntos para que  a química transbordasse,  e o autor  magistralmente mudasse a sinopse.  O Casal roubou a trama e consagrou de vez seus intérpretes.
        Julieta e o Aurélio, os personagens da Gabriela Duarte e Marcelo Faria,   foram os   mais  ricos dramaturgicamente da trama, com  reviravoltas em seus perfis que fizeram o público olhar de outro modo para o trabalho de ambos os atores,  já consagrados em tantos outros personagens. O Casal de personagens e de atores fechou  a trama com o perfil de um dos seus melhores trabalhos na tv com quase 30 anos de carreira.
        Outro entrecho importante abordado em Orgulho e Paixão  foi o romance homossexual entre Lucinno e Otávio, os personagens do Juliano Laham e Pedro Henrique Muller. Orgulho e Paixão apresentou cenas  de uma delicadeza, responsabilidade e importância talvez nunca visto em  um horário da seis, e ainda inaugurou sem alardes e polêmicas o beijo gay   no horário.
          Ary Fontoura  viveu  grandes momentos na trama. Ultimamente as produções esquecem  dos seus grandes astros e os escalam apenas para figuração de luxo. Deu muito  Orgulho ver o Ary em plena forma em Orgulho e Paixão duelando de igual para igual com o elenco jovem,  e o mais importante de tudo  - emprestando seu talento peculiar para o sucesso da novela.
          Orgulho e Paixão mudou totalmente a aura do horário das seis com sua trama leve e solar, mesmo de época, contrastando  com a  melancolia romântica marcada em  Tempo de Amar. Comprada pelo público e aplaudida pela crítica a novela termina como uma trama reta, de elenco entrosado,  com uma narrativa que não cansou e uma mensagem espetacular. 


(14 de Maio a 10 de Novembro de 2018)

        Atuações impecáveis e o texto rico contrataram com  entrechos fracos, simples e infantis de Segundo Sol.
        A impressão que o JEC me passou é que ele teve receio de arriscar, como fez emA Regra do Jogo, e o público com preguiça de pensar, rejeitasse a trama. Assim ele entregou tudo mastigadinho, e até o mais atento telespectador não se perderia dentro da história. Talvez em uma trama das seis ou sete, com um texto menos complexo como o horário pede, isso fosse aceitável, mas o próprio contraste com o  texto rico  inviabilizou  esses fracos e preguiçosos entrechos. 
         Segundo Sol ficou devendo mais do que entregou, mas o elenco foi  um show à parte, e com algumas exceções,    o melhor da trama. Atores que souberam driblar os entrechos fracos e brilharam com o texto rico na ponta da língua.  Adriana Esteves, na pele da Laureta foi a estrela absoluta da trama e conseguiu apagar de vez o estigma da Carminha de Avenida Brasil (2012), com um novo perfil de vilã do autor.Déborah Secco, muito criticada inicialmente, provou que estava no caminho certo, e apresentou uma Karola crível e linear, culminando  com o rompante de loucura com a personagem cortando os próprios cabelos, que foi um divisor de águas da  trama  e um grande passo na história profissional da atriz.  E a Rosa da Letícia Collin, tomou o público de assalto e se tornou a protagonista da novela, ofuscando Giovanna Antonelli. A Atriz  perfeita na caracterização,  conseguiu transformar uma personagem dúbia, que poderia ser odiada, em adorada e aplaudida.
        Também entram nesse elenco brilhante de  Segundo Sol  Vladimir Brichta, que salvou o Remy da morte com sua  atuação; Chay Suede  com o Ícaro; Fabrício Boliveira, Fabíula Nascimento e Caco Ciocler, apesar da história Roberval/Cacau/Edgar  andando em círculos;  Odilon Wagner  como o Severo, um dos seus melhores trabalhos desde Por Amor (1997); Maria Luisa Mendonça (Karen);Giovanna Lancelloti (Rochelle), Roberto Bonfim (Agenor) e Armando Bababiof(Ionan).
        Kelzy Ecard e Cláudia di Moura, nomes renomados do teatro, estrearam com o pé direito  e fizeram da Nice e Zefa, respectivamente, personagens fortes e que cresceram muito na trama. Impossível imaginar personagens tão marcantes feitas por outras atrizes.
        Uma pena que na trama complexa o roteiro  deixou alguns  personagens que prometiam, mesmo nas mãos de grandes intérpretes “floparem”. O Caso da Luzia, que fez a Giovanna Antonelli amargar mais uma personagem fraca, depois da Alice de Sol Nascente (2017); e o Beto do Emílio Dantas, que nos deixou com muita saudades do Rubinho de A Força do Querer (2017).     
        Luisa Arraes e Danilo Mesquita, a Manu e o Valentin, apesar da composição e interpretação irrepreensível, não conseguiram a empatia junto ao público e vão passar em branco dentro da trama, assim como outros personagens que perderam totalmente a função – o Groa (André Dias), Acácio (Danilo Ferreira), Naná (Arlete Salles) e Dodô (José de Abreu).

            A Maura , da Nanda Costa se mostrou no início da trama uma personagem que ficaria na história da teledramaturgia. Tinha uma  trama ousada  com um relacionamento homossexual que o público aceitou e torceu para que ela e Selma (Carol Fazu) dessem certo.  Uma pena que no decorrer da trama o autor, com aquela sua eterna mania de cura gay, tenha perdido a mão no entrecho, e transformado a história em um desserviço perigoso. Tentou consertar no final, provando que  o amor prevalece, mas o estrago já estava feito.
        Segundo Sol foi uma novela feita para fazer bonito na audiência, para não decepcionar,  e nesse campo realmente não decepcionou. Porém  muitas vezes isso prejudica a credibilidade do texto e a coerência de qualquer obra.

              No post seguinte o balanço das tramas que ainda estão no ar . . . 

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http://e10blog.blogspot.com/2016/01/nossos-autores-elizabeth-jhin.html
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Fonte:

Texto: Evaldiano de  Sousa

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