A última adaptação do clássico romance
de Maria José Dupré – Éramos Seis - escrito por Ângela Chaves, está chegando a sua reta
final no horário das seis.
A Adaptação , a quinta até então, infelizmente apresentada
inicialmente muita sombria, acabou não conquistando o público como as
anteriores, principalmente a do SBT
de 1994, com a Irene Ravache como Dona Lola, tida como a melhor de todas. Mas são
nítidas a qualidade da produção.
Ângela
Chaves se manteve de forma geral ao
belo texto do romance, claro que com as devidas e necessárias atualizações
pontuais. Não posso deixar de elogiar também a direção do Carlos Araújo, que ficou
ainda mais em ênfase na fase da guerra. Foram sequências dignas de produções
internacionais, engrandeceu muito a trama com a retratação crível dessa passagem
histórica.
Mas sem dúvidas os pilares desse remake
foi seu elenco, que compraram seus personagens e apresentaram interpretações cruciais para o bom desenvolvimento da
história. Atores como Glória Pires e
Nicolas Prattes deram uma outra
versão a Dona Lola e ao Alfredo, personagens tão conhecidos da nossa
teledramaturgia, e que precisaram desse vigor cênico para emplacar.
A
trama pode até terminar sem a empatia do grande público, mas pontualmente seu
elenco foi um espetáculo à parte.
GlóriaPires - Dona Lola
Glória
Pires tinha uma tarefa difícil à frente do remake. Interpretar uma
personagem sem muitos subterfúgios cênicos
e que já estava marcada na história da teledramaturgia por grandes
interpretações, como a da Nicette Bruno
em 1977 na Tupi e da Irene Ravache em 1994 no SBT. Mas a Glória incorporou uma nova
Dona Lola, a mais empoderada de todas as versões, mas sem perder o romantismo e
fragilidade feminina. Glória Pires se
manteve firme a interpretação simples da dona de casa sofredora que assiste
cada parente querido se “perder” e sair de casa. A Imprensa divulgou um final
diferente para a Dona Lola , nesta versão, talvez ela não termine sozinha,
abandonada em um asilo, mas em um final feliz com Afonso (Cássio Gabus Mendes).
Claro que a gente torce por um final feliz para uma personagem tão adorada como
a Dona Lola, mas isso descaracterizaria totalmente a adaptação.
Nicolas
Prattes - Alfredo
Nicolas
Prattes viveria o Carlos desta versão, mas na última hora trocou de lugar
com o Danilo Mesquita, e acabou
ficando com o Alfredo. O Ator que já estava
com a imagem do bom moço devido todos os personagens que havia feito até
então, fez a escolha certa. Brilhou na pele do complicado Alfredo, com uma
entrega cênica muito importante para a credibilidade do personagem e ganhou um
novo status em sua carreira, mostrando está pronto para viver qualquer tipo de
personagem na tv – do galãzinho ao galã dúbio.
Joana
de Verona – Adelaide
Éramos Seis apesar de ser uma novela de época, as
personagens femininas são particularmente empoderadas, e a Adelaide é uma das
principais representantes dessa categoria. Joana
de Verona, apesar de brasileira, mora há anos em Portugal, e é um dos
rostos mais conhecidos da teledramaturgia de lá. A Aquisição para o remake de Éramos Seis foi outra acerto da produção. A Atriz tem a aura da livre e aventureira Adelaide,
conseguiu imprimir o charme no tom milimétrico para não deixar a personagem
over e a transformou em uma das melhores da novela.
Maria
Eduarda de Carvalho e Eduardo Sterblitch - Olga e
Zeca
O significado de coadjuvante segundo o dicionário
com relação aos atores diz que é aquele que desempenha papel secundário numa
produção. Porém há atores predestinados a coadjuvantes, mais que o fazem com
uma maestria, que nunca precisarão de um protagonista para brilhar em qualquer
novela ou série.
É
o caso da Maria Eduarda Carvalho,
que na pele da Olga em Éramos Seis, mais uma vez transforma uma
personagem coadjuvante em um dos grandes destaque da produção. Já elogiei a
atriz outras vezes, mas é que ela a cada novo
personagem, novamente me surpreende e me
encanta. A química com o Eduardo Sterblitch ,
foi um ingrediente a mais para o trabalho da atriz, transborda no ar
e só rende ótimos momentos para o telespectador.
Li em algumas reportagens que o então
humorista Eduardo Sterblitch teve que fazer um intensivão de
interpretação para ganhar o personagem de Éramos Seis. Valeu a pena, na pele do Zeca é um
das melhores revelações da novela.
O
trabalho deles fica ainda mais credenciado quando temos na
memória o trabalho do Osmar Prado e Denise Fraga que viveram os personagens na adaptação
anterior mais recente, a de 1994 apresentada pelo SBT. Não ficam
devendo em nada.
Cássio Gabus Mendes – Afonso
Entre os tantos que merecem
elogios no remake de Éramos
Seis, da Ângela Chaves, na Globo, Cássio
Gabus Mendes é um dos
melhores. O Ator, que nesta fase mais madura, nem sempre é lembrado, embora
tenha desempenhados ótimos personagens, o Afonso da trama das seis lhe deu a
projeção certa para mostrar todo seu talento, e a
dobradinha com a GlóriaPires mais de 32 pós Vale Tudo (1988), quando eles viveram Maria de Fátima e
Afonso (também), enriqueceu muito a produção.
SimoneSpoladore - Clotilde
Simone
Spoladore é outra atriz que tinha uma personagem difícil nas mãos – a
romântica Clotilde. A Atriz que está de volta a emissora onde estreou
depois de 13 anos como estrela absoluta das tramas da RecordTv. Simone
Spoladore um dos grandes nomes da sua geração é um dos destaques do
remake de Éramos Seis, com uma interpretação sob medida da sofrida
Clotilde, uma mulher que ama demais, mas ao mesmo tempo teve que abrir mão
desse amor em nome das convenções sociais dos anos 20. Adorei que nesta versão
a personagem vai poder finalmente viver esse amor, resolvendo enfrentar a
preconceituosa sociedade, criando mais
um entrecho interessante para a personagem.
Kelzy
Ecard e
Kiko Mascarenhas – Genu e Virgulino
Depois do grande destaque em Segundo Sol em 2018, Kelzy Ecard vem dando um show também na pele da adorável fofoqueira Dona
Genu. Muito impressionante o trabalho da
atriz, impecável incorporando a personagem de
tal modo, que mesmo sendo uma vizinha
maldosa e cheia de fofocas, cativou o público com uma construção crível da
personagem. A Dobradinha com Kiko
Mascarenhas foi outro ponto forte do núcleo. A Dupla criada para ser uma espécie de núcleo de
humor dentro de Éramos
Seis, fez essas vezes do humor, porém também se destacou muito nos entrechos mais densos em
que seus personagens se envolveram com guerra.
AntônioCalloni – Júlio
Elogiar Antônio Calloni em cena é chover no molhado. O Ator sabe
transformar qualquer personagem em um espetáculo em poucas cenas. Assim foi com
o Júlio de Éramos
Seis. Um homem rude e amargurado com a dura vida que levava, sempre
descontava suas neuras nos filhos e na mulher, embora os amasse. A trama proporcionou
grandes momentos do ator com Glória
Pires e Nicolas Prattes, que
na pele do Alfredo foi quem mais bateu
de frente com o pai. A Cena de despedida do Júlio, quando ele morre no
hospital, foi um dos pontos altos do remake – Emoção pura e entrega total do
ator.
Xande
Valois - Carlos Jovem
Todo o elenco mirim de Éramos Seis trabalhou feito gente grande, os filhos da Lola (Glória
Pires), foram tão bem escalados que a sintonia entre filhos e mãe e
entre irmãos transbordava à cada cena – Pedro Sol Victorino (Aldredo), Maju
Lima (Isabel) e Davi de Oliveira (Julinho)
roubaram cada sequência que apareceram,
fazendo personagens críveis e que só engrandeceram o entrecho
familiar. Neste núcleo vale dar o destaque para Xande Valois –
O Carlos – Impressionante o amadurecimento do menino que
sempre chamou atenção em seus personagens e vem mostrando a cada
novo trabalho que vai dar o que falar daqui pra frente.
CarolMacedo – Inês
E para fechar o post , mas uma
empoderada dessa trama de época – Inês , vivida magistralmente pela Carol Macedo. A Inês foi a personagem
que mais sofreu transformações ao passar
por vários problemas dentro da sua família. Foi separada daquele que ela
considerava o pai ainda criança, perdeu seu grande amor Carlos (Danilo
Mesquita) para a revolução e ainda se entregou para Alfredo (Nicolas Prattes),
descobrindo uma gravidez indesejada do ex-cunhado. E toda essa via cruzes foi
apresentada de uma forma linear pela
atriz, que não se apegou ao perfil sofredor, muito pelo contrário, aderiu ao
lutador, mostrando cada vez mais a excelência do seu trabalho, que a cada novo personagem mostra uma faceta ainda mais
interessante do seu talento.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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