Achei que fosse impossível mexer na essência de Éramos Seis e não descaracterizar a história. Ângela Chaves ousou brindando personagens com finais felizes e
entregou para o público uma versão de Éramos Seis solar e
com a mensagem de esperança, uma mensagem muito pertinente na atualidade.
Eu ainda tenho viva na memória a
clássica versão de Éramos Seis do SBT, produzida em 1994, do Silvio de Abreu e Rubens Edwald Filho,
que seguiu à risca o texto da Maria José
Dupré, nos apresentando uma Lola sofredora, conformada e que ganha como final a solidão, abandonada em um asilo. Apesar de não se
queixar nunca da vida que Deus lhe resguardou, não deixa de ser uma cena triste
ver Dona Lola (Irene Ravache), conversando com a alma de Júlio (Othon Bastos)
sozinha enquanto reza em uma igreja vazia.
A Versão da Ângela Chaves trouxe ninguém menos que Glória Pires, que só pela
escalação era fato que viria uma grande
Lola pela frente, e foi o que vimos. Grandes cenas, dobradinhas que entraram
para a história da tv com Nicolas Prattes
(O Alfredo), Cássio Gabus Mendes (O Afonso) e Antônio Calloni (O Júlio) entre outros. Mas
a Lola da Glória foi mais solar, sofredora,
porém brilhante e gentil. E esse
final feliz reservado para ela não deixa de ser um grande presente para o
telespectador que espera há 5 versões ver a Lola recomeçando e finalmente sendo
feliz por ela mesma. Parabéns Ângela
Chaves pela ousadia e o acerto.
Nos últimos 2 capítulos me emocionei
muito ao assistir o encontro das três
Lola´s – Glória Pires, Irene Ravache e
Nicette Bruno; o casamento da Lola
como Afonso; o seu reencontro com
Alfredo, o reencontro deste com o filho que ele nem sabia que tinha, enfim
momentos tão fortes e ao mesmo tempo tão delicados que poderiam ser o resumo do
que foi Éramos
Seis – uma trama forte mas muito delicada e sutil.
Assim como a Lola , outras personagens também
puderam encontrar finalmente a felicidade nesta versão – o caso da Clotilde da SimoneSpoladore e Isabel da Giulia Buscáccio.
Ângela Chaves se manteve de
forma geral ao belo texto do
romance, claro que com as devidas e necessárias atualizações pontuais. Não
posso deixar de elogiar também a direção do Carlos Araújo, que ficou ainda mais em ênfase na fase da guerra. Foram
sequências dignas de produções internacionais, engrandeceu muito a trama com a
retratação crível dessa passagem histórica.
A trama pode
até terminar sem a empatia do grande público, mas pontualmente seu elenco foi
um espetáculo à parte. Encabeçados por Glória
Pires brilharam nomes como Nicolas Prattes que viveria o
Carlos desta versão, mas na última hora trocou de lugar com o Danilo Mesquita, e acabou ficando
com o Alfredo. O Ator que já estava com a imagem do bom
moço devido todos os personagens que havia feito até então, fez a escolha
certa. Brilhou na pele do complicado Alfredo, com uma entrega cênica muito
importante para a credibilidade do personagem e ganhou um novo status em sua
carreira, mostrando está pronto para viver qualquer tipo de personagem na tv –
do galãzinho ao galã dúbio.
Eduardo
Sterblitch e Maria Eduarda de
Carvalho, o Zeca e Olga; Cássio Gabus Mendes (O Afonso); Simone Spoladore (Clotilde); Joana de Verona (A Adelaide), Júlia Stocler (A Justina); Antônio Calloni (O Júlio); Carol Macedo
(A Inês), assim como a dobradinha Kelzy
Ecard e Kiko Mascarenhas (Genu e
Virgulino) foram outras grandes
destaques desse elenco espetacular.
Uma literal nova versão de Éramos Seis que
infelizmente foi injustiçada por uma
audiência sofrível, mas como a própria Dona
Lola disse - “Éramos Seis agora somos Muitos”.
O que não deixou de ser um retrato da nova sociedade , mostrando embora em
1942, nas suas entrelinhas os vários modelos de família que estavam por
vir.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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