“Amor de Mãe” termina, prejudicada pela pandemia e a pressa no retorno às gravações, porém marcada por grandes momentos para teledramaturgia
Amor de Mãe, trama de estreia da autora Manuela Dias, chegou ao seu final nesta sexta (09.04), além de ficar
marcada como a trama que foi paralisada pela Covid-19 e
inseriu o vírus a sua sinopse, deixa também para nós, personagens
que dificilmente serão esquecidos - Impossível se despedir da Lurdes
(Regina Casé) ou da Thelma (Adriana Esteves), personagens tão bem construídas por suas
intérpretes, cheia de camadas e viradas que seduziram o público e
novamente consagraram a carreira dessas atrizes que fizeram do texto
da Manuela um espetáculo em forma de capítulos.
Esses últimos 23 capítulos apresentados no
retorno da Pandemia mostraram que a trama envelheceu muito rápido, o otimismo
da autora fez com que algumas sequencias que falaram da COVID-19 apresentasse informações incorretas ou
incoerentes com o atual momento. É certo que com as gravações reiniciadas em de setembro passado, quando
muita gente imaginou que a Pandemia praticamente estaria contralada, fez com que Amor de Mãe apresentasse
alguns desserviços. Uma pena mesmo que
os já infectados uma vez não fossem infectados novamente, como a Lídia ,
a personagem da Malu Galli declarou em um das cenas citadas como mais
irresponsáveis da produção.
Nesta
segunda temporada Regina Casé que imortalizou a Lurdes, carregou a
novela nas costas. Foram espetaculares todas as sequencias da personagem, sua busca pelo Domênico, suas tiradas cômicas, como na dobradinha com a Lídia (Malu Galli), pertinho
do final da primeira temporada; o sequestro pela Thelma, que nos proporcionou
um show dessas duas grandes atrizes e nesta semana final o tão aguardado
reencontro com Domênico (Chay Suede), que sequencias, que cenas inesquecíveis
numa entrega visceral.
Valeu muito a pena esperar mais de um ano por
esse reencontro – Lurdes (Regina Casé) e Domênico (Chay Suede) – ManuelaDias foi perita na dosagem
da emoção da cena, que
poderia ter sido aquele exagero mexicano, mas o que vimos
foi a mais pura reação daquela mãe que há mais de 27 anos guardava
aquele abraço e beijo do filho roubado. E o Chay Suede, que atorzão
que ele vem se transformando a cada novo trabalho. Impressionante as
reações, caras e bocas do Danilo a cada momento , e a cada sequência em
que ia se dando conta de que estava de frente a sua verdadeira mãe.
Os
vilões foram um show à parte em Amor de Mãe.
Manuela Dias anunciou que a trama realista,
não tinha vilões, que todos tinham atitudes dúbias e que a vida e seus acontecimentos seriam os grandes
vilões da trama. Mas não foi isso que vimos não – Adriana Esteves,
alçada ao posto de grande vilã na reta final da primeira temporada, provou mais
uma vez que já é especialista em vilãs carismáticas. Totalmente
entregue as nuances da Thelma, a
personagem finalmente vai
conseguir o que a Inês de Babilônia (2015) e a Loreta de Segundo Sol (2018) não conseguiram. Brigar de igual para igual como a
Carminha de Avenida Brasil (2012), a vilã mor que até hoje marca a carreira da atriz e é sua
personagem com maior empatia junto ao público.
É certo que Amor de Mãe sempre
teve seu vilão desde o começo – O Álvaro do Irandhir Santos, mas a
segunda temporada intensificou suas vilanias num grau em mais de
100%. O personagem que sempre brilhou
com as particularidades cênicas do grande vilão, voltou com todo gás dando
espaço para o ator mostrar ainda mais o nível do seu talento e trabalho com a
entrega visceral. Impossível não ter
vontade de esmurra-lo a cada nova vilania contra seus algozes.
Nesse
campo de vilões e bandidos de Amor de Mãe vale destacar também a Penha , da Clarisse Ribeiro,
que de empregada da Lídia se transformou
em dama do tráfico da região. E nesta reta final sua relação com a Leila
(Arietha Côrrea) deu um charme a mais aos entrechos da personagem.
Vários
atores fizeram de Amor de Mãe um palco com composições de personagens nunca visto
na teledramaturgia até então, como não elogiar o crescimento cênico do Humberto
Carrão na pele do Sandro; a
Camila da Jéssica Ellen, que merece ser aplaudida de pé. A
atriz ganhou a confiança da autora desde seu destaque em Justiça (2016), e em Amor de Mãe driblou outras personagens e se transformou na
protagonista jovem da trama. Seus entrechos
sociais, na luta pelos direitos das
mulheres, dos negros, dos professores, fizeram da
personagem um baluarte para dar foco as injustiças sociais.
Destaque
também para Ísis Valverde
(Betina), Malu Galli (Lídia), Juliano Cazarré (Magno), Nanda
Costa (Érica), Vladimir Brichta (Davi), Érica Januza
(Marina), Enrique Diaz (Durval), Isabel Teixeira (Jane), Débora
Lamm (Miranda) entre outros.
Amor de Mãe cometeu
alguns deslizes nesta reta final por causa da pressa do término devido as
paralizações da Pandemia, mas acho que a
Vitória da Tais Araújo foi injustiçada demais nesta segunda parte da trama, ficou nítido que
a personagem perdeu o posto de protagonista
mesmo com o entrecho da violência doméstica
e da volta da mãe do seu filho adotivo. Certeza que daqui a 10 anos ela
vai está falando da decepção com a personagem como vem fazendo com a Helena de Viver a Vida (2009).
A
Pandemia foi a grande vilã de Amor de Mãe,
e a pressa para o seu término em meio as novas paralisações fez com que a
autora e produção atropelassem alguns entrechos que prometiam muito. A trama
realista anunciada pela Manuela Dias
teve que dar vez à alguns clichês de
folhetim , mas sem dúvidas Amor de Mãe é uma sobrevivente, marcou com maestria a estreia da autora em novelas
e entra para o hall de uma das melhores tramas do horário da última década.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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