Primeira dama negra do teatro, tv e cinema
Ruth de Souza é
a homenageada de hoje da página do Google , marcando o centenário dessa
grandiosa e saudosa profissional. Foi sem dúvidas uma homenagem mais que merecida
para essa mulher e profissional que infelizmente, poderia ter sido muito melhor aproveitada e
respeitada no meio.
Ruth de Souza nasceu no subúrbio carioca, no bairro do
Engenho de Dentro. Mudou-se para uma fazenda em Porto Marinho, em Minas Gerais
onde viveu até os 9 anos de idade. Com a morte do pai, ela e a mãe voltaram a
morar no Rio, em uma vila do bairro de Copacabana.
Se interessou pelo teatro ainda na infância. Em 1945 adentrou
ao grupo Teatro Experimentral do Negro (TEN), liderado por Abdias do
Nascimento, abrindo caminho para o artista negro no Brasil. Naquele mesmo
ano, o grupo foi o primeiro de Teatro
Negro a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a peça O Imperador
Jones, de Eugênio O´Neill.
Em 1959, viveu outro momento especial no palco, ao protagonizar Oração para uma Negra, de William Faukner.
Em 1948, ganhou uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller,
por indicação de Paschoal Carlos Magno, passando um ano nos Estados
Unidos, estudando na Universidade de Howard, em Washington. Foi nesse
mesmo ano que Ruth estrou nos cinemas , no filme Terra
Violenta, baseado no romance Terras
do Sem Fim, do Jorge Amado.
Continuou colecionando destaques
em filmes como Falta Alguém no Manicômio (1948), Também
Somos Irmãos (1949), Ângela (1951)
e Sinhá Moça (1953), que lhe deu projeção nacional e impulsionou sua carreira de atriz cinematográfica
, que lhe rendeu ser a primeira artista brasileira indicada a
um prêmio internacional de cinema, no Festival de Veneza de 1954, na
categoria de Melhor Atriz.
Na tv sua estreia se deu na década de 50, iniciou no Grande
Teatro Tupi de 1951 à 1955, e em 1965 estreou em novelas na trama de A Deusa Vencida , na
Tv Excelsior. Em 1969, ganhou sua primeira e infelizmente, única
protagonista em novelas – a Clóe de A Cabana do Pai Tomás, novela produzida pela Globo,
do autor Hedy Maia.
No decorrer da década de 60 e 70 vieram outros sucessos da
atriz, com destaque em tramas como Assim na Terra como no Céu (1970), Pigmalião 70 (1970),
O Bem Amado (1973),
Os Ossos do Barão
(1974), O Rebu (1975), Duas Vidas (1976), Sinhazinha Flô (1976)
e Sinal de Alerta
(1979) entre outras. Na década de 80 integrou o elenco de Olhai os Lírios do Campo (1980),
Sétimo Sentido (1982) e Corpo a Corpo (1984).
Minha primeira imagem da Ruth de Souza na tv é a da
primeira versão de Sinhá Moça, a novela do Benedito Ruy Barbosa, produzida pela
Globo em 1986, em que a atriz viveu Balbina e claro me apaixonou por seu talento, que
acompanhei em outras personagens como a Zezé de Mandala (1987), a Mãe Quitinha de Pactode Sangue (1989), a Sinhá Mena de Memorial
de Maria Moura (1994), a Isolina
Barroso de Quem é Você (1996) entre outros.
Seu último trabalho foi uma participação magistral na trama
da série Se Eu Fechar os Olhos Agora, em 2018.
A atriz nos deixou em 28 de julho de 2019, aos 98 anos,
quando internada no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D´or,
em Copacabana, na Zona Sul do Rio, para um tratamento de uma pneumonia.
O Centenário de nascimento de Ruth de Souza é um
grande acontecimento, é celebrar e nunca esquecer de uma atriz que desbravou a
selva do preconceito e conquistou seu lugar ao sol , ás custas de muito
trabalho, talento e luta!
Parabéns Ruth de Souza!
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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