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“Além da Ilusão” e os clichês novelescos inovados da autora

 


        Com quase 3 meses no ar, Além daIlusão vem só colecionando fãs e telespectadores apaixonados pela mágica história de Alessandra Poggi, que de mágica mesmo não tem nada,  tem os mesmos ingredientes de sempre, os velhos clichês novelescos, porém  inovados de forma magistral pela autora.

        A Novela é um clássico folhetim das 6,  aqueles dos longínquos  anos 80, onde fomos presenteados com tantos, porém com o frescor  de um texto pertinente de  uma  autora que faz do mesmo, uma novidade.

        Alessandra Boggi mostra competência e muita atenção como o todo de Além da Ilusão, mantendo um ritmo  que envolve, dinâmico e ao mesmo tempo leve, com personagens cativantes e hipnotizantes  envoltos em conflitos  bem delineados, que não fazem a trama em nenhum capítulo perder o fôlego. A história é tão fácil de pegar  que  quando termina o capítulo parece que o tempo nem passou de tão envolvido que ficamos.

        Os elogios também se estendem a direção do Luiz Henrique Rios. De nada adiantaria o belo texto e história sem a sensibilidade desse diretor que sabe captar a aura da trama e transportar para a tela.



        Os protagonistas são construídos de uma forma tão humanizada que fica impossível não os comprar.  Larissa Manoela e Rafael Vitti perfeitos nas duas fases da trama. Confesso que torci o nariz para a volta da Larissa como Dorinha, depois de viver a Elisa da primeira fase. Porém quebrei a cara , a atriz conseguiu nos apresentar ambas as  irmãs cativantes e apaixonantes. E até a relação da Dorinha com Davi, que soava um tanto incestuosa, a meu ver, já que o Davi/Rafael á conhecera criança, a autora soube construir de uma forma tão genial, que ficou impossível não torcer por eles.



        A autora embora  pudesse sugar até a última gota apresentando uma Dorinha frágil chorona e a mercê dos acontecimentos, afinal estamos nos anos 40, onde as mulheres eram assim, preferiu seguir um caminho mais interessante e apresentou uma Dorinha nada mocinha. É uma menina mulher que sabe o que quer e o que não quer, e manda em si mesma, o que só dá ainda mais luz ao trabalho impecável da Larissa Manoela, tão bombardeada quando escolhida para viver sua primeira protagonista na Globo. Com Elisa e Dorinha ela provou que é um talento sem sombra de dúvidas, uma atriz em  plena formação mais que já mostra para onde vai.



        Aliás as personagens femininas de Além da Ilusão são um show a parte  - Malu Galli e Paloma Duarte,  com Violeta e Heloísa, enriquecem cada cena que aparecem, seja nas sequencias que dividem ou em seus entrechos particulares – Violeta em seu relacionamento   complexo com o Eugênio (Marcelo Novaes) e Heloísa em sua complexa relação  com Matias (Antônio Calloni) e a procura do seu filho perdido.



        Nesse elenco feminino vale destacar ainda Bárbara Paz como a pérfida Úrsula; Caroline Dallarosa , com a hilária Arminda; Olívia Araújo  na pele da Augusta dos Anjos e Débora Ozório, como a contestadora Olívia , entre outras.



        Mesmo com  esse show do elenco feminino, o elenco masculino vem tendo ótimas oportunidades de mostrar um novo viés  de interpretação  - O Caso do Eriberto Leão, sempre ótimo nesses tipos mais rústicos e Marcelo Novaes , que desde o Max de Avenida Brasil (2012), não ganhava um personagem com a força que tem o Eugênio.



        O Rafa Vitti merece um parágrafo a parte pelo Davi/Rafael – No auge da sua atuação ,  o ator vem se mostrando seguro e sereno, apresentando um protagonista masculino cheio de camadas e nuances  que o horário das seis  nos devia a muito tempo.



        E os vilões, o que dizer da dupla de vilões de Além da Ilusão? Antônio Calloni  que   sempre dispensa apresentações,   conseguiu  mas uma vez, encantar  o público com um  personagem forte, visceral e marcante. Seu perfil  foi muito bem delineado – Assassino da própria filha, como um homem desse viveria uma nova fase com esse peso nas costas? Foi aí que  entrou novamente a mestria da autora que criou uma perturbação mental para o personagem exatamente causado pelo trauma, e assim nos foi apresentado um novo Matias nesta segunda fase, que eu confesso quase ter perdoado, do assassinato na primeira fase, até o capítulo em que ele é mostrado como o pai do filho da Heloísa (PalomaDuarte), ou seja o Matias antes mesmo do assassinato, já era um escroque ao seduzir a cunhada mais nova e tê-la engravidado.  

        Outro vilão interessantíssimo é o Joaquim do Danilo Mesquita, um dos grandes atores da sua geração. As trapalhadas risíveis , com os planos mirabolantes  que nunca dão certo, lembram os vilões da Disney, mas novamente  com a pitada  magistral da autora  inovando os velhos clichês.



        Assim com todos esses “prós”, além da trilha sonora que vou falar depois em um outro post, e  sem a pretensão de ser, Além da Ilusão é um novelão delicioso de apreciar.

 

Veja Também:

Paloma Duarte 


Malu Galli 


Fonte:

Texto: Evaldiano de Sousa

       

       

       

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