Travessia, chegou
ao fim nesta sexta (05.05), e para
muitos foi um grande alívio. Glória Perez foi infeliz na abordagem do
tema central da trama - a tecnologia,
metaverso e o deep fake, que inseridos e abordados de forma confusa, rasa e incoerente, nos lembrou
que a nossa teledramaturgia ainda não está pronta para falar sobre isso, ou pelo menos o público ainda não conseguir
comprar essa ideia dentro de um folhetim.
Assim como no primeiro capítulo, Chiara (Jade Picon) voltou a ser a
protagonista e foi dela praticamente toda essa reta final , com o drama da
descoberta da sua mãe, que até emocionou, mas pecou por uma amostragem tão rasa sobre o metaverso.
Realmente não precisa desse retorno da Déborah (Grazzi Massafera) assim . . . um sonho teria sido muito mais
coerente.
Com a volta ao protagonismo nesta reta final, Jade Picon
se mostrou muito mais serena, provando
que precisava de mais um tempo para interpretar a Chiara com mais propriedade e
segurança. O capítulo final mostrou que ela está no caminho certo.
Outro ponto negativo de Travessia foi a
quantidade de personagens que perderam o sentido desde o início e ficaram fazendo
figuração de luxo - Personagens como
Dante (Marcos Caruso), Moretti (Rodrigo Lombardi), Leonor (Vanessa Giácomo),
Cotinha (Ana Lúcia Torre), Guida
(Alessandra Negrini), entre outros foram
praticamente esquecidos ou jogados em tramas que andavam em círculos sem nenhum sentido. Um total
desperdício.
Giovanna Antonelli e Alexandre Nero, que esperamos a
volta de Helô e Stênio, regressos de Salve Jorge (2012),
ser um dos destaques da trama, infelizmente não foi. A tragédia só não foi
maior por causa do carisma e perícia dos intérpretes que conseguiram tirar
leite de pedra do texto e roteiro.
Lucy Alves foi espetacular dando vida a Brisa, uma
pena que a personagem não lhe ajudou. Foi uma das piores protagonistas da
autora, que em sua maioria ou estava sofrendo ou em uma total inércia. Envolta da história
central ficou esquecida na trama confusa e sem sentido do deep fake ou do exame de DNA dos filhos na
reta final. A Brisa ainda caiu na falta
de química e empatia com seus 2 pares românticos - Ary
(Chay Suede) e Otto (Rômulo Estrela).
Os furos do
roteiros, que nos obrigaram a dar uma voadinha na trama, ficaram ainda mais evidentes graças a densa
direção do Mauro Mendonça Filho, prejudicando alguns entrechos.
Mas nem tudo foram espinhos
- abordagem do assédio do
pedófilo foi um dos pontos fortes - Aplausos
para a autora direção e os atores Cláudio Tovar, que conseguiu imprimir
com maestria todas as características do criminoso, e também para a estreante Danielle
Olimpia, que foi magistral na pele da Carina.
Cidália, da Cássia Kiss, apesar da torcida contra, foi
outra grande personagem da atriz. Impossível imaginar Travessia sem ela.
A Glória Perez já havia falado sobre tecnologia em 1995,
quando escreveu Explode Coração. A trama
tinha como história central o amor de 2
pessoas que se conheciam através da internet, a rede de computadores que
começava engatinhar. A trama também não teve uma abordagem considerada
satisfatória, mas se compararmos agora com Travessia,
nem se compara. Na verdade a história da
teledramaturgia mostra que a tecnologia nunca foi uma abordagem muito bem recebida
pelo grande público – Vocês lembram do
que houve com Tempos Modernos (2010), Morde e Assopra (2011) e Geração Brasil (2014).
Travessia termina
tomando o posto de Salve Jorge (2012), até então a trama mais incoerente e sem sentido
da autora. Sem a clareza dos personagens e da história, a novela perdeu o ritmo e cansou o público,
que não voltou mais, mesmo com uma
última semana que valeria a pena, se a trama tivesse seguido um eixo mais condizente com sua sinopse.
Ah eu continuo procurando saber qual a Travessia da Brisa?
Veja Também:
Rodrigo Lombardi |
Marcos Caruso |
Grazzi Massafera |
Travessia |
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Comentários
Postar um comentário