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“Vai na Fé” , melhor novela do ano, aponta novos caminhos para teledramaturgia apostando no folhetim moderno



        Vai na Fé”, mais um sucessão do horário das sete da autora Rosane Svartmann, encerrou-se nesta sexta (11.08). A novela que falou de fé, justiça, tocou em pontos importantes e questões sociais pertinentes, foi sem dúvidas o maior projeto do ano da Globo ,  aclamada pela crítica,   com    ótima audiência e jorrando  dinheiro para emissora.



        Uma das primeira qualidades de Vaina Fé é a representatividade com um elenco praticamente 50%  de negros em papéis de muito destaque inclusive no protagonismo, onde aqui vai todas as reverencias  para Sheron Menezzes, finalmente no posto de protagonista que sempre mereceu, e Samuel de Assis que apresentou uma Benjamim cheio de nuances que cativaram o grande público.



        A Sol  é  sem dúvidas  a grande personagem do ano, muito mais que uma protagonista evangélica, ela se mostrou uma mulher de várias   nuances que fez com que várias outras se identificassem. A ótima interpretação  da atriz,  somada ao texto perfeito transformaram Vai  na Fé    nesse sucesso.

        Sheron Menezzes já havia mostrado em vários outros personagens ditos coadjuvantes, mas que em muitas vezes  tiveram  ares de protagonismo, todo o seu talento e competência para encarar qualquer protagonista, mas talvez  essa espera de 20 anos se explique pelo fato de só agora, com essa mudança de consciências uma personagem do viés da Sol pudesse ser escrita da forma que foi e estava reservada a mesma com certeza. Impossível imaginar outra atriz nesse posto.

 


        E o que falar do elenco de Vai na Fé , uma fórmula , uma junção de profissionais que poucas vezes acontece na teledramaturgia. Destaque para RenataSorrah como a Wilma Campos, ela merecia essa personagem desde a Nazaré de Senhora do Destino(2004), um papel a altura do seu talento.  O Entrecho da personagem reverenciou clássicas peças teatrais e a teledramaturgia cada vez que Wilma se via como uma protagonista de novela ou lembrava de alguma que havia “perdido” para outra grande estrela da nossa Tv. No capítulo final ainda deu tempo de relembrar a Fernanda (Christiane Torloni) em  Selva de Pedra (1986) em que ela se casava de preto.



         Poucas vezes vemos em tramas do horário das sete um vilão tão complexo e completo como o Théo de Vai na Fé, que além de ser   bem escrito,  Emílio Dantas esteve  do início ao fim irretocável. Entre as características do vilão,  o que mais chamou atenção no personagem foi o fato dele ser um abusador de mulheres em todos os níveis , conseguiu traumatizar todas que o rodearam, e mesmo assim conseguiu sair ileso (Do processo). Acho que aqui a autora poderia ter voado um pouco sim e ter condenado. A Patologia de Théo foi sendo mostrada aos poucos através do padrão de suas vítimas, quase todas negras que lembravam a Sol,  o que ficou ainda mais explícito quando ele começou uma relação,  mas que abusiva,  com Kate (Clara Moneke).  Nessa reta final teve momentos de alivio dentro da sua densa trama,  quando a autora usando  do talento de cantor do ator, criou cenas em que ele literalmente cantou ao lado de Lumiar (Carolina Dieckmann) ou com o Rafa (Caio Manhete)  - Um vilão que canta e encanta, graças a texto primoroso e a interpretação idem.  Sem dúvidas o Théo é o melhor personagem do Emílio Dantas  - Um vilão que  reúne todos os defeitos possíveis de um ser humano e ao mesmo tempo  transborda carisma e humor sarcástico e ferino.

        


    Carolina Dieckmann passou para  outro status em sua carreira com a Lumiar.  A intérprete ganhou da autora grandes momentos,  destaque para quando Lumiar descobre o verdadeiro caráter do Théo (Emílio Dantas). Depois de ouvir da Kate todo o relato da trajetória doentia do então namorado. O Embate entre eles,  num  misto de medo e ao mesmo tempo força da Lumiar em bater de frente com Théo foi impactante e muito enriquecedor para trama e para a personagem.  Não posso deixar de citar também sua dobradinha com Cláudia Ohana, em destaque para a cena final, da morte da Dora, numa despedida entre mãe e filha emocionante e sensível.

        


     Regiane Alves, é mais uma desta lista.  Brilhou nas cenas de confronto com a Sol, com o Théo  quando resolveu finalmente abrir os olhos, mas o grande destaque da personagem na trama foi sem dúvidas o relacionamento homoafetivo com Helena (Priscila Sztejnman). O Romance quase foi limado com os adiamentos do tão esperado primeiro beijo delas, porém depois de uma pressão  do público, o romance deslanchou e o receio da Globo, que o público mais conservador, pudesse se afastar da trama anunciada como pano de fundo evangélico.  Clara e Helena tiveram um final feliz selado por um beijão!



        O   Que dizer da Clara Moneke,  a grande revelação e estrela de Vai na Fé, logo na sua estreia! O que aconteceu com ela, poucas vezes  ocorre na teledramaturgia, uma atriz explodir e se destacar assim logo em sua primeira personagem. A atriz recebeu a Kate de presente da autora e não desperdiçou uma cena sequer – brilhou  em todas, no  humor e no  drama com a mesma maestria, o que só enriquece ainda mais o trabalho da estreante.  Bastaram as primeiras semanas para a Kate cair no gosto do público e sua intérprete pipocar em  todos os  site e programas que cobrem tv.



        Não posso deixar de cita nesse elenco nomes como Claudia Ohana, um espetáculo à parte como a Dora; José Loreto como o impagável Lui Lorenzo;  Caio Manhete como Rafa; Elisa Lucinda como a Dona Marlene; Carla Cristina Cardoso , a Bruna; Bela Campos na pele da Jennifer; Zé Carlos Machado , o Fábio Lorenzo; Mc Cabelinho como Hugo, Jean Paulo Campos como Iuri, Mel Maia na pele da influencer Guiga entre outros.



         Vai na Fé  foi muito além de uma novela “evangélica”,  como anunciada no início das divulgações pela imprensa, foi  em sua essência uma novela sobre a Fé, em todas as  suas  formas e credos.  Isso comprovado no último capítulo no casamento ecumênico de Sol e Benjamim.

        Rosane Svartmann  criou entrechos e personagens reais e apaixonantes. A Sol,  o Bem ou a Kate são prova disso. Podemos encontrar características em pessoas que nos rodeiam, mas ao mesmo tempo com pinceladas do texto que os tornam  inesquecíveis e viscerais dentro da história da teledramaturgia.

         A Novela termina como a melhor trama do ano,   consagrando  Sheron Menezzes  como grande estrela ,  corrigindo um erro de anos,  mas acima de tudo a  autora apresentou uma trama dosada no velho e querido folhetim, cheia de clichês,  como vimos no  último capítulo –  o vilão que atrai o mocinho para o fim, pega a mocinha antes do casamento  . . . porém com um ar de modernidade, aberta a novos conceitos adaptados para uma novela, um folhetim bem alinhado com as discussões sociais, o que aponta um novo estilo e modelo para as próximas produções.

Veja Também:

Sheron Menezzes 



Carolina Dieckmann 



Emilio Dantas 



Renata Sorrah 

Bom Sucesso 



Totalmente Demais

Fonte:

Texto: Evaldiano de Sousa

 

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