Demorou mas, felizmente estamos caminhando a paços largos
para finalmente uma igualdade de raças,
pelo menos na tv. Atualmente a maior indústria
de teledramaturgia do país - a Globo - tem atrizes negras em suas 3
principais novelas – Duda Santos em Garota doMomento, Jéssica Ellen em Volta por Cima e Gabz em Mania de Você.
Nomes com Ruth de Sousa, Zezé Motta, Milton Gonçalves
entre outros, lutaram muito pra que hoje
isso esteja normalizado em nossa tela.
A representação do negro é, desde o surgimento da televisão,
marcada pela alternância de polêmicas e avanços. Embora ainda haja o que
conquistar, a evolução é um fato. Vale lembrar que, apenas em
2012 a novela Lado a Lado foi a
primeira trama a trazer o nome de um ator negro (Lázaro Ramos) abrindo seus
créditos. Em 1969, em A cabana do pai Tomás, da Globo, os mesmos créditos chegaram a ser
motivo de polêmica.
Ruth de Souza já era uma celebridade por causa da
( companhia cinematográfica ) Vera Cruz. Tinha ido aos
Estados Unidos, onde conheceu a nova geração de negros que fazia sucesso em Hollywood,
como Harry Belafonte e Sidney Poitier; ela era respeitada pela
sua elegância, quase ganhou o Festival de Veneza... Quando foi fazer A cabana do pai Tomás, todo mundo achou que seria
seu grande papel na TV. Ela começou como estrela principal nos créditos mas,
por pressões externas seu personagem foi diminuindo e seu nome foi
desaparecendo. Isso sem citar a maior polêmica da trama, um numeroso elenco negro , porém o
protagonista foi vivido pelo saudoso
Sérgio Cardoso , um ator
branco que era pintado de negro para
gravar as cenas.
Milton Gonçalves desde sua aparição na tv , viveu personagens
estereotipados, porém é o ator masculino que mas conseguiu diversificar seu papéis
– como esquecer o psiquiatra Percival de
Pecado Capital (1975)
, o “mecânico” de brinquedos Otto de Baila Comigo (1981) ou o delegado Damasceno de Fera Radical (1988)
entre outros.
Zezé Motta ganhou um papel de grande destaque em Corpo a Corpo, do Gilberto Braga, que está no ar em reprise pelo Canal Viva, porém logo
que a Sônia se envolveu com o personagem Claudio , vivido pelo saudoso Marcos
Paulo, o público começou a rejeitá-la
e o ator contou em entrevistas
que chegou a ser indagada na rua o que o
obrigava a beijar uma atriz negra.
Mais de 10 anos depois
Zezé Motta volta ao horário nobre
em A Próxima Vítima, do Silvio deAbreu, vivendo uma mãe de família classe
média alta, sem estereótipos ou problemas relacionados ao racismo.
Não tem como deixar de citar nessa lista Tais Araujo,
que foi a pioneira contemporânea em tudo
– Primeira protagonista negra em Xica da Silva (1994), primeira negra a protagonizar uma novela na Globo
– Da Cor do Pecado (2004), e esse título hein?
E em 2009 a primeira protagonista em horário nobre da Globo
e a primeira Helena negra do autor Manoel Carlos em Viver a Vida.
Lázaro Ramos e Camila Pitanga também sempre
figuraram como astros de novelas , sem estarem única e exclusivamente para
discutir racismo, eram convidados pelo talento e beleza, independentemente da cor.
Claro que ainda há
muito a ser feito, principalmente no campo de autores, nunca teremos um igualdade leal se as tramas
sempre forem escritas pela ótica dos brancos, lembram da catástrofe que foi a
trama de Nos Tempos do Imperador em 2021, com o
caso do racismo reverso, além das acusações
de racismo denunciado por algumas
atrizes do elenco, e a excessiva romantização do negro dentro da história, o que
soou equivocado, e consultores sobre assuntos relacionados à negritude e
racismo (bem como roteiristas negros) deveriam ter sido uma prerrogativa desde
sempre.
Estamos em um novo momento, um lugar muito melhor, faltando
ainda muita consciência, mas sem dúvidas no caminho certo.
Veja Também:
Meus Personagens Favoritos da Camila Pitanga |
Silvio de Abreu |
A Próxima Vitima (1995) |
Novelas Inesquecíveis - A Cabana do Pai Tomás (1969)
Novelas Inesquecíveis - Baila Comigo (1981)
Zezé Motta |
Sheron Menezzes |
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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