Ligações Perigosas cumpriu todas as expectativas. Manuela Dias conseguiu abrasileirar o clássico francês e mesmo sem
a nudez de corpos, a minissérie chocou o Brasil mostrando o lado mais doentio
do ser humano na arte de seduzir e de se deixar seduzir.
Li um comentário no Twitter que dizia que “Ao
invés de corpos, Ligações Perigosas despiu almas”. Foi exatamente o que aconteceu na minissérie. A direção não tinha mais o que
mostrar depois de Verdades Secretas (2015), novela do Walcyr
Carrrasco, que abusou dessas nudes. A
solução foi então despir a alma dos personagens. E o texto do romance prima por
isso. São personagens que usam a paixão e o desejo, ou a fuga deles, para humilhar
e destruir as pessoas que o cercam pelo
puro prazer do poder da sedução.
A Direção do Vinicius Coimbra e Denise Saraceni foi crucial para o sucesso da minissérie, com
tomadas que revelavam os sentimentos e davam o tom de cada cena e cada
personagem. Destaque para o mar e a
baleia que sempre acompanharam os
pensamentos de Augusto (Selton Mello).
Com um elenco perfeito, Ligações Perigosas mostrou
atores totalmente entregues à seus personagens. Marjorie Estiano irrepreensível
como a Mariana, viveu as cenas mais
fortes da produção, como a primeira noite de amor com Augusto, o auge do
desespero quando ela corta os pulsos, e a recaída quando amarrada à cama tenta
novamente de mutilar, mostrando toda a dor que a personagem sentia depois de
ter se apaixonado pela primeira vez e ao mesmo tempo ter sido tão covardemente
enganada.
Jesuíta Barbosa e Alice Weigmann
também defenderam bem seus personagens, assim como Aracy Balabanian que nos capítulos finais viu sua personagem se
transformar no elo que tentava maquiar os acontecimentos, evitando ainda mais tragédias
na trama. Foi um bom momento da atriz
que há tempos não ganhava uma personagem a sua altura.
Lavínia Pannunzio, que estreou na Globo na minissérie, me frustrou. A personagem Yolanda não passou
apenas de uma figuração. Faltou espaço para ela na minissérie, uma pena.
Mas a grande cereja do bolo
de Ligações
Perigosas foi a química entre Selton Mello e Patrícia Pillar, na pele
dos protagonistas Augusto e Isabel. Num jogo de cena incrível e uma troca de
talento que enriqueceu muito a produção, o duelo de poder entre os personagens
também atiçava o telespectador. A Composição e caracterização dos personagens
foi desde o figurino até a imposição de
voz de ambos que revelava o lado psicológico e doentio de cada um. Patrícia Pillar imortalizou a Isabel, nossa Glenn
Close. Acho que não é exagero dizer a atriz não ficou devendo em nada na interpretação
da atriz americana na versão cinematográfica.
Só para não deixar em
branco, os mais atentos tiveram alguns flashes de nudez e puderam conferir os seios da Alice Weigmann e Yana Lavigne, e o ator Darwin Del Fabro só de tapa-sexo nas performances de Collete D´or.
A minissérie foi mais um
produto excelente apresentado na Globo,
como normalmente acontece com as produções neste formato. Inicialmente o telespectador sentiu falta da nudez pontuando a sensualidade da trama, mas logo no segundo
capítulo essa falta foi sanada pelas atuações no texto impecável e Ligações Perigosas mesmo em apenas duas semanas cativou o
público.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
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