A novela Além do Tempo terminou nesta sexta (15.01) com uma das melhores do
horário dos últimos anos. A trama da autora Elizabeth Jhin  cumpriu todas
as promessas iniciais.  Mesmo  falando  novamente sobre espiritismo e reencarnações,
tema recorrente nas novelas da autora, Além do Tempo soube
ensinar sem ser didática, e  manteve o
foco no folhetim. 
        Elizabeth Jhin  arriscou em Além do Tempo.
Com o sucesso da novela já consolidado no século XIX, a autora deu um salto de
mais de 100 anos e transportou  a trama
para os dias atuais ,  invertendo  os papéis de 
Vitória/ Emília  - vilã e algoz.  Isso poderia ter sido uma catástrofe, mas
felizmente não foi.  A autora teve
confiança em seu texto e provou que ele poderia ser bem contado em qualquer
século e em qualquer época.  O Fato  é que o  público comprou  a novela novamente, a crítica aplaudiu de pé
e o Brasil foi brindado com duas novelas de sucesso em uma. 
        Alguns recursos usados pela
autora deram um charme a mais à trama. As comparações das cenas que repetiam
nas duas fases. No capítulo final a emoção tomou conta com  Lívia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael
Cardoso) novamente prestes a despencar na cachoeira. Além das falas da fase
passada que abriam e fechavam vezes o capítulo e em outras uma parte e outro. 
        Claro que não só  de um bom texto  e uma direção impecável se faz uma boa novela. Em Além do Tempo o elenco foi outro fator importantíssimo  para esse sucesso.  Nomes  como Ana
Beatriz Nogueira, Nívea Maria, Louise Cardoso, Julia Lemmertz, Carlos Vereza e
Juca de Oliveira  foram escolhidos a
dedo para seus papéis. Os atores   viveram e nos 
proporcionaram  momentos  memoráveis na trama. 
        Os coadjuvantes  de Além do Tempo também
foram um show a parte : Emilio Dantas
(Pedro), Luiz Carlos Vasconcellos
(Bento), Letícia Persilles (Anita), Carolina Kasting (Rita), Inês Peixoto (Salomé), Dani Barros (Severa), Flora Diegues (Bianca) entre outros. 
        Alinne Moraes e Paolla Oliveira dividiram igualmente o sucesso à
frente da trama. Como costuma normalmente acontecer, a mocinha não foi “engolida”
pela vilã. Apesar da Paolla ter feito uma Melissa impecável, a mocinha Lívia
não se prendeu ao posto de injustiçada e sofredora, muito pelo contrário,  foi atrás dos seus objetivos e brigou pelo
amor do Felipe (Rafael Cardoso)  com umas
e dentes. Até mesmo na primeira fase, no século XIX,  em que a mocinha não teria muitos recursos,
Alinne foi muito ativa na trama. 
        Comparo o sucesso da Alinne Moraes, tomando como base a
repercussão, o mesmo que ele teve na época da Luciana de Viver a Vida
(2009), novela do autor Manoel
Carlos, e dando o desconto que Viver a Vida  passou em horário nobre. A Lívia foi
uma personagem muito linda dramaturgicamente em ambas as fases. 
        O Ano de 2015 foi da Paolla Oliveira, com o sucesso em Felizes para Sempre  e a  sensual Dany Bond. O que eu não esperava é
que ela fosse logo superar a personagem vivendo uma vilã do século XIX  no horário das seis. A Melissa apagou  todas as mocinhas  chatas que ela vinha fazendo até então,  e a atriz abriu 2016 aplaudida pelo sucesso
de mais uma personagem em novelas.  A
Melissa foi visceral  e encantou o
público. Como prêmio a personagem ganhou a redenção  em uma das cenas mais emocionantes do
capítulo final. 
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        Mas se tem uma atriz que
merece ser chamada de “Dona de Além Tempo” é Irene
Ravache. Uma das nossas grandes atrizes brasileiras, que mesmo já tendo nos
emocionado com papéis que entraram para a história da teledramaturgia, mostrou
que está em plena forma e fez uma Vitória com uma sensibilidade que só  ela poderia interpretar na linha tênue da
diferença entre as duas fase da personagem. Odiamos a Vitória da primeira fase,
aprendemos a amar e respeitar a dos dias atuais 
que se redimia do seu passado a cada capítulo, e a cada novo duelo
cênico com outros grandes atores como Ana
Beatriz Nogueira, Nívea Maria, Juca de Oliveira entre outros.  
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        Além do Tempo primou pelo amor  e o bem
prevaleceu no maniqueísmo que pairou por toda a trama. O capítulo foi recheado
de demonstrações dele. O reconhecimento da amizade entre Zilda (Nívea Maria) e
Vitória (Irene Ravache); o arrependimento e redenção da Melissa, o amor de
Felipe e Lívia, a homenagem à Flora
Guedes, que vivia a Bianca e que deixou a novela por problemas de saúde e
uma mensagem de Chico Xavier
fecharam a trama.
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Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa 





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