E nesta segunda (14.03) é o grande dia
da estreia da novela Velho Chico, do autor Benedito Ruy Barbosa, escrita por Edmara Barbosa e Bruno Luperi. A novela marca a volta do autor ao
horário nobre depois da alta cúpula da Globo
desistir de continuar investindo em novelas muito realistas e tentar apostar no clima rural e bucólico que
tantas vezes rendeu bons índices ao horário nobre.
Porém Velho Chico, que também foi
escolhida depois do sucesso da reprise de O Rei do Gado (1996),
exibida em 2014 no Vale a Pena Ver de
Novo, é bem mais requintada do que as tramas anteriores do autor. A Novela,
tomando por base as chamadas da sua primeira fase, tem ares de minissérie, com uma estética sofisticada, fotografia e luz especial que até nos remetem
a outras obras dirigidas por Luiz
Fernando Carvalho, como Hoje é Dia de Maria (2005).
Confesso que o impacto das chamadas nos
remete a uma boa novela, mas vale lembrar que Babilônia (2014)
e A Regra do
Jogo (2015) também tiveram chamadas assim e o resultado final já sabemos qual foi.
Como chamariz para a novela, a Globo estrategicamente contratou Rodrigo Santoro a peso de ouro para fazer
a primeira fase nos 24 capítulos iniciais. A Ideia foi boa, afinal o Santoro
que já vem firmando uma carreira internacional, rendeu à trama reportagens em
veículos de comunicação fora do Brasil, mas não será o suficiente para segurar
os mais de 150 capítulos que seguiram sem o galã.
O Fato é que a trama simples de Velho Chico tem que pegar o telespectador de modo que ele nem
pense em trocar de canal quando a segunda temporada de Os Dez Mandamentos começar em meados
de abril. A essa altura a trama já terá cerca de mais de um mês no ar e já não terá mais o Rodrigo Santoro em cena (Quem sabe apenas em flashbacks).
Porém em sua terceira fase, Velho Chico terá Antônio
Fagundes voltando às tramas do autor. O Ator que já imortalizou
protagonistas do Benedito em tramas como Renascer (1993), O Rei do Gado (1997) e Terra Nostra (1999)
é uma espécie de amuleto.
Velho Chico não
vai fugir do estilo folhetim e terá como eixo principal um amor do passado
capaz de balançar os alicerces da vida desses apaixonados na vida atual, mas
com o diferencial do clima bucólico e ao mesmo tempo sofrido às margens do Rio
São Francisco, que é o grande protagonista da novela. Mesmo dosada com o amor e
a paíxão em seu alto grau, não irá faltar em Velho Chico a
crítica social rural sempre constante
nas tramas do Benedito, não abandonando a preocupação com a atual
condição do povo brasileiro.
Mesmo sendo a mais aguardada estreia dos
últimos tempos, Velho
Chico já se inicia envolta por uma polêmica. O Autor declarou em
entrevistas que não gosta de “histórias de gay” se referindo ao fato do tema
abordado nas últimas novelas que ocuparam o horário nobre da emissora e que em
alguns casos foram o principal motivo da rejeição junto ao público. A
declaração soou como preconceituosa e a Globo
está correndo para apagar esse incêndio para que ele não se
alastrasse na trama.
A torcida do e10blog pelo sucesso do Velho Chico é muito
grande, mas confesso que tenho receio
que não seja exatamente isso que o público queira ver no horário. Pode ser que
às críticas à dura realidade em Babilônia e A Regra do Jogo
mude de foco alegando falta de agilidade
na trama que tem como características
essa morosidade nos acontecimentos dando ênfase aos detalhes mais simples.
A trilha sonora totalmente brasileira e
regional encabeçada por Caetano Veloso cantando “Tropicália”
, o tema de abertura, dará o clima sonoro
que à trama quer imprimir ante o telespectador e também é o diferencial se comparadas as duas últimas tramas do
horário, onde os temas internacionais tomaram conta.
Que Velho Chico será um
novelão isso é fato! Mas se será um sucesso de audiência é mais uma incógnita!
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
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