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“Velho Chico” tem que ser vista por uma ótica menos novelística e mais teatral cinematográfica


        Velho Chico  no capítulo desta sexta-feira(24.03),  chegou a sua segunda fase, ainda não é a última fase que vai chegar ao dias atuais, mas será nesta fase que o coronelzinho Afrânio (Rodrigo Santoro) irá reencontrar Iolanda (Carol Castro) e verá sua filha Maria Tereza (Julia Dalavia) se apaixonar pelo filho do seu maior inimigo, o jovem Santo (Renato Góes).
        Nessas duas primeiras semanas a trama caminha a passos de tartaruga. Com uma narrativa forte mais ao mesmo tempo lenta, que nos remete ao teatro, a trama difere exatamente neste ponto das suas antecessoras, porém  não  era exatamente isso que a Globo queria quando resolveu trazer o Benedito de volta ao horário? Mas na contramão disso, o mesmo público que se chocou com a trama acelerada de A Regra do Jogo e Babilõnia, reclamam da lentidão dos acontecimentos de Velho Chico. Em outros tempos, praticamente o que aconteceu em duas semanas da trama poderia ter sido apresentado resumidamente em apenas um  capítulo.
        Acho que Velho Chico, pelos menos em suas primeiras fases, tem que ser vista por uma ótica menos novelística e mais teatral cinematográfica. O autor Benedito Ruy Barbosa sempre teve essa preocupação  em apresentar a maioria de suas tramas divididas em fases, e a primeira delas sempre com essa aura nostálgica bucólica. Já  o diretor Luiz Fernando Carvalho que tem essa visão cinematográfica em seus trabalhos acabou transformando Velho Chico nesse cinema teatral  que nos revela interpretações viscerais e riqueza de detalhes que em uma novela dita “normal” muitas vezes passa despercebido. A parceira entre o autor e o diretor fez do remake de Meu Pedacinho de Chão (2014)  um das boas surpresas do horário. Porém diferentemente de Meu Pedacinho de Chão que tinha uma vibe lúdica, Velho Chico é mais realista.

        Cenas como a do casamento de Afrânio e Leonor (Marina Nery) contrastando com a tocaia e morte do Capítão Rosa (Rodrigo Lombardi) ou a da Fabíula Nascimento  na pele da Euláliaquando soube da morte do marido,  marcaram a novela esta semana e por alguns instantes parecia que estávamos diante de uma tela de cinema, assim como interpretações de atrizes como a Carol Castro na pele da Iolanda e a Selma Egrei como a Encarnação são tão viscerais que só parece que apenas o teatro merece aquele tipo de encenação.

        Claro que quando Velho Chico chegar à fase atual, essa mescla de novela/teatro/cinema vai ficar menos nítida e quem sabe Velho Chico possa ser vista e criticada tal qual um folhetim clássico, como aconteceu com Pantanal (1990), Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996), outros sucessos do autor também marcado por primeiras fases inesquecíveis.
Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa 

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