A trama da Maria Adelaide Amaral chega a sua última semana marcada por uma
verdadeira via cruzes de entrada e saída de personagens e mudança de perfis.
Logo nas primeiras semanas de A Lei do Amor o elenco inchado foi apontado com um dos problemas
que a trama começava à transparecer, assim a autora foi limando alguns deles com o intuito de fazer a
história fluir.
Infelizmente essas “eliminações” foram
feitas de forma tão grotesca que o que talvez contasse a favor da trama acabou
surtindo efeito contrário. Com o sumiço de alguns personagens outros perderam
sentido, ou tiveram que ter seus perfis totalmente alterados para continuar
servindo ao roteiro, transformando
grandes personagens em personagens fracos ou descaracterizados.
Vamos então ver alguns personagens que
sofreram isso e que infelizmente se perderam dentro de A Lei do Amor:
Salete da Cláudia Raia
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A Salete é a personagem mais azarada da
história das novelas. Nada que foi pensado para a personagem deu certo.
Primeiro a história da sensualizada com os frentistas, logo nos primeiros
capítulos se esvaiu. Depois veio a história com a filha que se prostituia,
outra história que logo foi esquecida. Isso sem falar na falta de química
com o Daniel Rocha, seu par
romântico o que acabou fazendo a autora criar um novo interesse amoroso para a
Salete, que foi revelado ser um mau-caráter interessado apenas em destituir a
personagem do cargo de prefeita de São Dimas. Enfim, nem a Claúdia
Raia com toda a sua exuberância e talento conseguiu salvar a Salete, foram
muitas transformações que só descaracterizaram a proposta inicial da personagem.
Tião Bezerra do José Mayer
O Tião Bezerra era um vilão à altura do José Mayer, e claro o ator iria tirar
de letra. Infelizmente o decorrer dos capítulos provou o contrário. As vilanias
do Tião a certa altura da trama pareciam de vilões do Walt Disney de tão caricatas e nem sua dobradinha com a Magnólia
rendia em cena. Em alguns momentos o talento do José Mayer até se sobressaia ao fraco roteiro da trama, mas nem
isso foi capaz de salvar o Tião.
Isabela / Marina da Alice Weigmann
A Alice
Weigmann foi alçada ao posto de grande estrela de A Lei do Amor, depois que a Letícia
(Isabela Santonni) foi taxada de chata
pelo público. Porém o roteiro equivocado da trama acabou estragando as duas
personagens que a Alice Weigmann ganhou
na trama. Com a morte da Isabela, totalmente desnecessária, a autora criou a
Marina, que até hoje não foi explicado se é a Isabela, se é uma irmã gêmea, um
clone, um et ou Deus sabe o que?. Afinal de A Lei do Amor podemos esperar tudo! O mais incrível é que provavelmente será revelado que a Marina
é a Isabela mesmo no último capítulo, o que torna a história dessa troca das
personagens ainda mais sem sentido.
Letícia da Isabella Santonni
Isabela
Santonni foi uma das mais atingidas
pelas drásticas mudanças de perfil dos personagens de A Lei do Amor para servir ao
conturbado roteiro. Sua Letícia inicialmente
se recuperava de um câncer e era tão
melosa e dependente de pai, mãe e noivo que o público ao invés de se comover
com a situação, acabou rejeitando a
personagem de tal modo que a única solução da autora foi tentar amenizar as
chatices com o intuito de fazer a
estrela jovem da trama voltar a brilhar. Até o tom de voz da Letícia irritava. No decorrer da trama a autora até tentou
consertar a personagem. A emenda saiu pior. Letícia perdeu o perfil dependente e se
transformou em uma profissional de sucesso e uma mulher segura. O único
problema é que foi uma mudança brusca praticamente do dia para a noite. Ficou
impossível engolir uma Letícia tão diferente do perfil original da
personagem. Sem solução para o final da
da personagem , Maria Adelaide Amaral
decide repetir o mesmo drama de Laços de Família (2000), do ManoelCarlos, com um transplante de medula.
Não estou desmerecendo o trabalho da Isabela Santonni, que até foi perfeita no que a personagem
pedia, o problema é o roteiro mesmo, que
tirou da atriz a chance de fazer sua primeira grande personagem em horário
nobre.
Thiago do Humberto Carrão
Nunca engoli o Humberto Carrão no posto de grande astro do horário nobre. Acho que
falta um pedigree ao ator, mas claro que talento ele tem. Mas o Thiago,
seguindo a linha das seus interesses amorosos na trama, se transformou em um
personagem intragável. Aquele jogo de gato e rato entre ele e a Isabela/Marina
(Alice Weigmann) cansou rapidinho e a trama dos dois se descaracterizou. Podem
até ficar juntos no final, mas tenho certeza que ninguém está interessado mais.
Mileide da Heloisa Perissé
Alguns personagens de A Lei do Amor começaram bem e a brusca mudança de perfil que os
descaracterizou foi o estrago. Porém a Mileide da Heloisa Perissé é uma das que desde o
começo tinha a cara de que não daria certo mesmo. Nada contra a Perissé, que já
fez ótimos trabalhos no humor e até no
drama, mas a vidente, meio pastora, meio trambiqueira da Mileide não emplacou.
Até hoje não entendo de que serviu a personagem à trama.
A Ruty Raquel da Titina Medeiros
Outra personagem que prometia em A Lei do Amor era a Ruty Raquel da Titina Medeiros. Além de ser vivida pela nossa eterna Socorro de
Cheias de Charme (2012), ainda tinha essa aura de homenagem a Rute e a Raquel
do Remake de Mulheres de Areia (1993), o que
certamente renderia várias citações na trama,
uma marca registrada das novelas da autora. Infelizmente a personagem
passou em branco, quase invisível nos sete meses de novela.
Antônio do Pierre Baitelli
Será que na teledramaturgia ainda vai
existir um personagem mais canastrão e debiloíde que o Antônio do Pierre Baitelli? O personagem tinha um
perfil cômico que me agradava,
principalmente o fato dele usar de
citações de outras tramas em seu texto. Mas o Antônio naufragou de tal modo na
trama que teve praticamente três versões
do início até então. Foi o Antônio que
namorou a Jéssica (Marcela Ricca); o da Ruty Raquel (Titina Medeiros) e
agora virou a babá da Letícia (Isabela Santonni) como prêmio de consolação.
Bruno do Armando
Babaioff
Uma história paralela de A Lei do Amor que parecia decolar era a do Dr. Bruno vivido pelo Armando Babaioff. Um rapaz
introspectivo que tinha um perfil misterioso
por se sentir preterido pela própria mãe com relação ao Pedro (Reynaldo Gianecchnni) que ela criara
como tal. O personagem iria ser uma
espécie de inimigo do Pedro nesse duelo pelo amor de Zuza (Ana Rosa), mas essa
trama logo se esvaiu. Ai apareceu a Jéssica da Marcela Ricca. O romance
entre ele e a ex-prostituta tinha tudo
para ser um bom entrecho, sem falar que a química entre eles foi perfeita. Mas , O Bruno da noite para o
dia resolveu que tinha que estudar fora e abandonou aquela que ele já tinha
declarado ser a mulher da sua vida. Foi
embora junto como ele uma trama que poderia ter rendido muito em A Lei do Amor.
Vendo esse grande erro que cometeu, Maria
Adelaide Amaral resolveu agora na reta final dar uma nova chance para o
Bruno e Jéssica. Mas à essa altura da
trama é tarde, o estrago já foi feito.
Helô da Cláudia Abreu
Quem viu a Helô no início de A Lei do Amor nunca imaginou que a personagem fosse amargar um fim moldurado pelo clichê clássico da mocinha raptada pela grande vilã. Isso é de fazer qualquer
personagem perder a credibilidade. Nem mesmo o talento e perícia da Cláudia Abreu foi poupado nas bruscas
mudanças de perfil para a adaptação ao roteiro. De mulher sensata e segura, a
Helô se viu ciumenta e insegura,
o que contrasta totalmente com toda a
trajetória da personagem. A Helô da primeira fase , quando vivida pela Isabelle Drumond, foi um dos destaques
iniciais da novela, e ao entregar o papel para Cláudia Abreu , a Helô tomou uma proporção que parecia virar uma
das grandes personagens da trama, não era a mocinha sofredora simplesmente, era
uma mulher que lutava por seus ideias e desejos. Infelizmente o tapa buracos
que a Maria Adelaide transformou os entrechos de A Lei do Amor, atingiram a Helô de tal forma que só a interpretação da Claudia Abreu não foi o suficiente. Uma Pena!
10 Personagens que mesmo em “A Lei do Amor” se destacaram
Magnólia e Luciene – As duas colunas que sustentam “A Lei do Amor”
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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