Em uma
novela, uma obra aberta, nem sempre personagens que incialmente tinham tudo
para brilhar em cena conseguem seguir
essa trilha até o final, acabam apagados
devido os rumos que a trama toma em seu decorrer ou até mesmo pelo desinteresse
do público ou uma certa falta de atenção do autor ao mesmo.
Enfim entre
incoerências, desserviços e alguns absurdos apresentados, O Outro Lado do Paraíso está
chegando em seu último mesmo exibição, e nesses quase oito meses que esteve no ar
alguns personagens foram esquecidos ou totalmente descaracterizados dentro da
história. Em destaque o caso da Lívia vivida pela Grazzi Massafera ou o Mariano do Juliano Cazarré. Dois personagens que prometiam muito e tinham
perfis interessantes, a Lívia da primeira fase pintada como a grande vilã na
fase seguinte, foi transformada em uma mulher fraca e desestruturada tendo como
única base o filho roubado da cunhada.
O decorrer de O Outro Lado do
Paraíso mostrou um total desperdício
de alguns atores e personagens que não passaram de mera marionetes quando o
roteiro interessava.
Lívia / Grazzi
Massafera
Pintada
como a grande vilã da trama, a Lívia da Grazzi
Massafera até teve uma primeira fase solar como a filha ninfomaníaca da
Sophia (Marieta Severo), que não podia ter filhos. Porém a passagem de 10 anos
da trama do Walcyr Carrasco apagou
totalmente a personagem da Grazzi, que se resumiu a uma mulher frustrada sempre
sob a ameaça de perder o filho que roubara da Clara (Bianca Bin). Uma pena para
O Outro Lado do
Paraíso e o autor que perdeu a oportunidade de ver a Grazzi
brilhando em mais uma personagem sua, como ela fez com a Larissa de Verdades Secretas (2015).
Mariano / Juliano
Cazarré
O Juliano Cazarré carrega um estigma de
personagens incoerentes e apagados em tramas do Walcyr. Lembram do Ninho de Amor à Vida (2013)? Pois é o Mariano tinha um perfil muito
interessante – principal garimpeiro das
minas e amante da Sophia na segunda fase da trama – a história do personagem
acabou andando em círculos na várias idas e vindas com a vilã, tanto quando
aparecia no Bordel apenas para beber. Seu envolvimento com a Lívia (Grazzi
Massafera) pareceu ser um bom entrecho, porém logo
foi descartado e transformado em
desinteressante assim que foram descobertos pela Sophia. Enfim um personagem
que poderia tomar as rédeas do núcleo que participava mas que acabou virando um
mero coadjuvante sem peso.
Bruno / Caio
Paduan
Depois
de dois coadjuvantes que cresceram tal qual os protagonistas em seus dois
últimos trabalhos (Afonso de Além do Tempo/2015
e o Alex de Rock Story/2016), Caio
Paduan ganhou um dos personagens de destaque de O Outro Lado do Paraíso. Na primeira
fase, O Bruno em dobradinha com a Raquel, a personagem da Érika Januza, viraram o
casal mais “shippado” da trama com indícios de que iriam dar o que falar.
Infelizmente a segunda fase trouxe um Bruno já delegado, porém ainda mais infantil
e manipulável pela mãe Nádia (Eliane Giardini) do que na adolescência. A
Química com a Raquel esfriou e ficou impossível engolir um homem na sua idade e posição ser tão ingênuo e virar uma marionete nas mãos da ex-mulher e da mãe.
Adriana / Júlia
Dalavia
Júlia Dalavia já provou que é uma das
grandes profissionais da sua geração desde seu destaque em Velho Chico (2016). Mas a atriz não
está tendo muita sorte com suas personagens. Antes da Adriana de O Outro Lado do
Paraíso, a atriz viveu no início de 2017, em Os Dias Eram Assim, a doce Nanda, que termina a novela morte por complicações em
decorrência do vírus da AIDS. Ou
seja, dois perfis seguidos de personagens com
doenças graves que acabam obrigando a atriz a dar um interpretação seca, e no
caso da Adriana que já tinha um perfil chato, devido os problemas com o abandono da mãe, a
doença nos rins literalmente matou o que a personagem poderia render na trama.
É mais uma personagem bem defendida pela atriz, mas tão obscura e chata que
ficou impossível ganhar o interesse do público.
Jô / Barbara Paz
Ter a Bárbara Paz em seu elenco e usar a
atriz como figuração de luxo chega ser um crime. Com a interpretação visceral
no sangue que a atriz tem , a Jô, sua personagem, poderia ter rendido muitos outros entrechos à
história do que a pura e
simples função de servir ao roteiro
sempre que necessário com aparições esporádicas. Sem dúvidas o maior
desperdício de O
Outro Lado do Paraíso.
Natanael / Juca de Oliveira
Juca de Oliveira foi outro ator muito
mal aproveitado em O Outro Lado do Paraíso. Com pouquíssimas
aparições no decorrer da trama, o ator
tirou leite de pedra do fraco texto do Walcyr e nas poucas cenas em que o
Natanael apareceu proporcionou grandes momentos, inclusive na cena de despedida no embate com a Beth (Glória Pires), onde só a atuação desses dois
monstros da teledramaturgia salvaram a sequência.
Estela / Juliana Caldas
O
Desserviço social é outra marca que a trama do Walcyr Carrasco, infelizmente, vai deixar. E Nesse campo o autor se perdeu ao
abordar de forma tão caricata e infantil
o nanismo através da personagem da
Estela, vivida pela Juliana Caldas. Desde
o anúncio da inserção da personagem na
novela se criou uma grande expectativa, afinal era a primeira vez que uma atriz
anã iria ter uma história central dentro de uma trama sem ser usada apenas para
o lado
cômico como nos programas de humor. Ledo engano! As primeiras cenas da
Estela mostravam apenas as rejeições que
a personagem sofria pela mãe, e ao se
mudar para a cidade de Pedra Santa, a história se centrou apenas no fato de se
a Estela conseguiria arranjar um namorado ou não. Ou seja, o cunho
social da história foi deixado de lado e suas cenas não passaram de escretes de
humor dentro da trama. Vale ressaltar que em nenhum momento estou criticando a Juliana Caldas, que mesmo com um texto
e história precária conseguiu imprimir um ar sedutor para a Estela e conquistou o grande público, uma pena
que sua história tenha sido tão mal retratada.
Samuel / Eriberto
Leão
Outro
grave desserviços de O Outro Lado do Paraíso e
um grande retrocesso para a teledramaturgia nacional é o núcleo encabeçado pelo
Dr. Samuel do Eriberto Leão.
Inicialmente um homofóbico fervoroso, foi modificado devido a rejeição inicial do
público, porém a emenda saiu pior
que o soneto, quando o autor
transformou o personagem no protagonista do núcleo de humor da trama com
direito a calcinhas e sutiãs, apelido de tigrete e uma cura gay que está vindo
à galopes. A cada aparição do núcleo é um coletivo de desserviços com frases
preconceituosas tendo o homossexualismo como alvo, que mesmo dentro do roteiro cômico soa com grande irresponsabilidade com a abordagem do
tema.
Aura / Tainá
Muller
Tainá
Muller também viu sua personagem Aura perder totalmente o brilho logo em suas primeiras cenas. Era a
nova namorada do Gael (Sérgio Guizé), que também apanhava do problemático
protagonista, mas a trama da personagem se esvaiu e ela foi se segurando apenas como figuração
de luxo até ser usada pela Sophia (Marieta Severo) em mais falível plano contra
a Clara (Bianca Bin).
Tônia / Patrícia Elizardo
Com
uma personagem muito interessante no início
da trama, a terceira ponta do triângulo amoroso formado pelo Bruno (Caio
Paduan) e Raquel (Érika Januza), a Tônia da Patrícia Elizardo, se perdeu dentro do incoerente roteiro da trama.
Como uma médica obstetra se presta ao papel de dar o golpe da barriga no mesmo
homem duas vezes? Inacreditável, mas em se tratando de O Outro Lado do Paraíso . . .
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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