Autor de clássicos
como “Gabriela”, “Anarquistas Graças a Deus”, “Grande Sertão : Veredas” entre
outros
O Autor homenageado deste mês é um dos pioneiros da tv, seu trabalho como
roteirista, adaptando grandes textos teatrais para a Tv de Vanguarda, da Tupi
de São Paulo, nos anos 1950, até hoje são
aclamado como um importante marco na história da teledramaturgia brasileira.
Nascido em São Paulo, em 15 de Junho de
1922, nos deixou em agosto de 1997, vítima de um câncer. Intelectual e
politizado, após experiência como cineasta, estreou nas telenovelas sob o comando de Glória Magadan, na década de 60. Os dramalhões adaptados por Walter batiam de
frente com suas ideias tomando como base
seu currículo de cineasta. Um contrato
com Colgate-Palmolive e
supervisão de Glória, meio que o “obrigaram” a fazer isso.
Foi nesta década que o autor escreveu as
novelas Cleópatra (1962), O Sorriso de Helena (1964),
Gutierritos, O
Drama dos Humildes (1964), Teresa (1965), O Cara Suja (1965), Olhos que Amei (1965),
A Outra (1965), A Cor da Sua Pele (1965),
Um Rosto Perdido (1965) e Meu Filho, Minha
Vida (1967) todas na Rede
Tupi.
Em 1969, o autor fez uma passagem pela Tv Cultura, onde adaptou O Feijão e O Sonho, do autor Orígenes Lessa; e no mesmo ano escreveu
em parceria com Sylvan Paezzo, na Rede
Bandeirantes, O Bolha, a novela considerada a primeira feita na rua,
sem estúdios.
De volta à Tv Cultura no início da década de 70, Wálter George Durst ainda escreveu
e adaptou Meus Filhos (1971), O Duelo (1973), O Capote (1973) e Fogo Morto,
adaptado do romance homônimo de José
Lins do Rêgo.
Mas Wálter
George Durst ainda não tinha mostrado a que veio na teledramaturgia, e foi
com a inesquecível adaptação de Gabriela, do romance de Jorge Amado, feito para a Globo em 1975, que ele conquistou de
vez o posto de um dos nossos grandes autores.
A novela que comemorava os 10 anos da
emissora, consagrou Sônia Braga como
grande estrela. Gabriela proporcionou momentos artísticos relevantes para a
história da teledramaturgia brasileira. Os “Wálter´s” Durst e Avancini na
direção, valorizaram, ampliaram e
explicaram a obra de Jorge Amado, principalmente na ênfase
nos aspectos políticos. A preparação da trama teve aspectos “hollywoodianos”
das super-produções, desde a escolha do elenco, principalmente a personagem
principal, bem ao estilo de Selznick à
procura de sua Scarlett O´hara, como figurinos, caracterizações, etc.
Depois do sucesso de Gabriela,
ainda na década de 70, o autor escreveu
a novela Despedida
de Casado, que estrearia em 3 de janeiro de 1977, eu disse estrearia
por que a Censura do Governo Federal fez com a trama o mesmo que havia feito 2 anos antes com a primeira versão de Roque Santeiro.
Dez dias antes de estrear, com as chamadas no ar, a direção da Tv Globo de Brasília recebeu um comunicado
oficial do Serviço de Censura e Diversões Públicas que declarava a novela definitivamente
proibida, e com vários capítulos
gravados e tantos outros escritos, a Globo
teve um prejuízo de quase 5 milhões para
a emissora.
Depois do cancelamento de Despedida de
Casamento , voltou às novelas em junho de 1977, com a trama de Nina, estrelada por Regina Duarte, que estava afastada das
novelas há 3 anos. Nina começava apagar a imagem
de Regina Duarte de “Namoradinha
do Brasil” , o que se consolidaria definitivamente com Malu Mulher (1979). A novela teve um
dos mais apurados trabalhos de criação feitos para a Tv, uma pena que o público não tenha entendido como deveria, e sua audiência deixou muito a
desejar.
No
virada da década de 70 para 80, Wálter foi roteirista dos seriados Carga Pesada (1979) e Obrigado Doutor (1981).
Voltou às novelas em 1981 com Terras do Sem Fim , adaptação de
três romances de Jorge Amado, Terras do Sem Fim , Cacau e São Jorge do Ilhéus.
A junção dos três romances na tv resultou num
faroeste baiano, com lutas sangrentas entre coronéis e seus jagunços por
domínio de terras e poder. Um clima bem
forte para o tradicional horário das seis.
E também do Wálter George Durst quatro das minissérie mais aclamadas pelo
público e pela crítica – Anarquistas, Graças a
Deus (1984), adaptado do romance de Zélia Gattai; Rabo de Saia (1984),
baseada no conto Pensão Riso da Noite
(Cerveja, Sanfona e Amor) de José Condé; Grande Sertão : Veredas (1985), do
romance homônimo de Guimarães Rosa e
Memórias de Um
Gigolô (1986), em parceria com Marcos Rey, baseado no romance do
mesmo.
Na década de 90, o autor fez a
supervisão do texto da trama de Gente Fina, novela apresentada no horário das seis
dos autores Luis Carlos Fusco, José
Louzeiro e Marilu Saldanha.
Em 1995, depois do fracasso da trama de Tocaia Grande,
na Rede Manchete, Wálter George Durst foi convocado por Walter Avancini para supervisionar a trama. Adaptação de mais um
romance de Jorge Amado para a Tv. A Emissora apostou alto na trama, e tinha um
intuito de revitalizar o núcleo de teledramaturgia depois do fraco desempenho de Amazônia (1991). Walther
Avancini sabia do perícia de Durst
na adaptação de obras do Jorge
Amado para a Tv. A parceria deles logo se refletiu na audiência que
praticamente dobrou.
O último trabalho de Wálter foi o remake
de Os Ossos do
Barão, trama do autor Jorge
Andrade, apresentada originalmente na Globo em 1973. Wálter juntou ao remake apresentado em 1997
no SBT, a história central de Ninho da Serpente, também do Jorge Andrade, apresentada na Bandeirantes, em 1982. Wálter terminou a trama, porém não assistiu seu últimos capítulos no
ar. Wálter morreu 6 dias antes do seu
término.
Wálter
George Durst contribuiu de uma forma incalculável para nossa
teledramaturgia, seu dom de transformar livros em novelas ou minisséries, enriqueceu muito a educação da grande massa e levou literatura de boa
qualidade aos quatro cantos do Brasil.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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