Passou
o tempo em que tratar da homossexualidade na teledramaturgia deixou de ser um
tabu. E Isso claro foi um grande passo para tentar finalmente fazer que um
grupo muito maior discuta e principalmente respeite a identidade de gênero de quaisquer pessoas.
Em Orgulho e Paixão,
do Marcos Bernstein e em Segundo Sol, do João Emanuel Carneiro, o assunto vem sendo discutido através dos
personagens do Lucinno (Juliano Lahan) e Otávio (Antônio Henrique Muller) e
Maura (Nanda Costa) e Selma (Carol Fazu), respectivamente.
Ambas
as abordagens vem sendo muito elogiadas pela críticas e bem aceitas pelo
público, embora se diferenciem entre si. Nas cenas
sobre o entrecho nos capítulos desta semana fiquei em dúvidas sobre qual
trama está tratando do assunto de forma mais responsável.
Em Segundo Sol,
Selma e Maura, começam com uma relação
clandestina, afinal de contas, Selma ainda era casada e matinha a relação
extraconjungal com a vizinha. Sem falso moralismo, o público aceitou a relação,
principalmente pelo fato de ver o sofrimento de Selma nos braços do marido, no mínimo insensível. Com a morte deste,
assumiu a vizinha, tomou as rédeas da relação enquanto Maura, embora tenha sido
jogada para fora do armário a força, enfrentou o pai preconceituoso e o chefe
criminoso. Para selar a relação entre elas resolveram ter um filho por inseminação artificial
, tendo Ionan (Armando Babaiof) como o doador do sémen.
O
Entrecho de Orgulho
e Paixão mostra a relação delicada
entre Lucinno e o policial Otávio, que apesar de uma trama do horário da seis,
ousou ao abordar essa relação homossexual
no início dos anos 20. Inicialmente nem
se tinha sinal dessa relação entre os personagens, o afeto entre eles foi nascendo aos poucos, mostrando que nem
mesmo os personagens tinham noção do que viria pela frente.
Esta
semana novos acontecimentos marcaram os entrechos em ambas as tramas, e em minha singela opinião, Orgulho e Paixão disparou na frente de Segundo Sol no campo da responsabilidade pelo
assunto.
Na
trama do João Emanuel, Maura depois de toda a delicadeza em que Ionan vinha lhe
tratando, os então colegas de trabalho se entregam a eminente paixão que o
público já sabia que existia entre eles. Essa mudança da história enfraquece a relação criada inicialmente, o que abre o precedentes para a tal “cura gay” ou a
bissexualidade. Hoje a identidade de
gênero é algo ainda muito a ser estudado ou descoberto, mas esse tipo de mudança
total de rumo reforça teorias mais preconceituosas. Ninguém é obrigado a ter um rótulo, mas ir pulando de galho em
galho não ajuda esclarecer em nada para
o grande público um assunto no mínimo delicado. Se é que era esta intenção?
Nessa contramão,
Orgulho e Paixão apresentou cenas
de uma delicadeza, responsabilidade e importância talvez nunca
visto em um horário da seis. Lucinno
levou o amigo Otávio para apresentar sua família, e ao ser flagrado em um quase
beijo com ele, foi expulso de casa por um pai preconceituoso. Numa trama mais
simples, Lucinno aproveitando essa relação da família e o próximo fim da trama,
aceitaria a proposta de Otávio de irem
embora da pequena cidade e tentar a vida e o amor em outro lugar. Ao contrário do que pensávamos, Lucinno não
teve coragem de assumir esse amor naquele momento e deixou que Otávio fosse embora, deixando a
relação entre eles ainda no âmbito da amizade. A Atitude foi totalmente
coerente, tomando como base à época em que a trama se passa, e Lucinno ser um
homem do campo, quase sem instrução, vendo que aquele turbilhão de sentimentos
que explodem dentro dele não lhe é compreendido.
A Cena
emocionou e provou que Orgulho e Paixão embora
com menos recursos de uma trama de horário nobre, vem sabendo tratar de forma
mais responsável esse entrecho.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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