Os seriados, séries e/ou
minisséries apresentados esses anos podem se considerados acima de tudo
vencedores. Afinal, com exceção de Aruanas e Hebe, que já
haviam sido gravados antes da Pandemia, os outros foram gravados durante o
isolamento social, obrigando os atores e profissionais a se reinventarem, apresentando ótimas produções, como Amor e Sorte,
Diário de Um Confinado e o clássico do gênero apresentado
esse ano o Sob
Pressão – Plantão Covid.
Aruanas (Globo – 28 de Abril à 30 de Junho de 2020 –
10 Episódios)
“Aruanas”,
o thriller ambiental de
autoria de Estela Renner e Marcos Nisti, com direção artística
de Carlos Manga Jr e direção geral de Estela
Renner, vei da Globo play para a tv aberta a partir de abril de
2020. Com o assunto muito em
voga, a série veio para a tv aberta no momento certo, porém a
enxurrada de reprises na teledramaturgia global talvez tenha
prejudicado a apresentação que , ficou esquecida pelo grande
público durante os 2 meses que esteve no ar, o que foi um
crime. Com uma mistura de folhetim, suspense e crítica
social tendo a ecologia como protagonista e o foco na
biodiversidade, a produção foi uma das melhores
feitas especialmente para a Globoplay e
precisava desse debut na tv aberta para se firmar.
No
elenco as protagonistas são um show à parte – Leandra Leal, Tais Araújo e Débora Falabella num perfil de personagens
fortes e ousadas, apesar de já estarmos acostumados com elas em nossas novelas,
a série parece dar um brilho maior ao trabalho das
atrizes em interpretações irrepreensíveis.
O
Interessante é que em Aruanas os personagens não são totalmente politicamente corretos ou
incorretos, as ativistas vivem em conflitos familiares complexos como a
advogada Verônica, da Tais Araújo, que se consome de remorso por
viver uma relação extraconjungal com o marido de Natalie, assim como Miguel,
do Luiz Carlos Vasconcellos, o grande empresário responsável pela
contaminação da cidade em Kari , no Amazonas, um homem sedento por
dinheiro e poder, que maquiado por seus negócios, lidera vários garimpos
iligais na região; ao mesmo tempo em que trata
com afeição e sofre com a doença terminal da
filha, um instigante conflito de perfis entre os
personagens.
Além de Luiz
Carlos Vasconcellos, vale destacar no elenco masculino de Aruanas o
estreante na Globo, Gustavo Vaz, nome de destaque no
teatro brasileiro, e que ficou conhecido nacionalmente na série Coisa Mais Linda, lançada no ano passado
na Netflix.
A Série em seu
conjunto é de uma importância incalculável. Um
grito de alerta para a crise ambiental mundial, além de jogar luz e proteger o
trabalho dos ativistas no Brasil.
Hebe (Globo – 30 de Julho de 2020 à 1º. de Outubro
de 2020 – 10 Episódios)
Hebe, a série baseada no filme biográfico da história de vida e
sucesso de uma das maiores apresentadoras do país – Hebe Camargo, escrito
por Carolina Kotscho e direção do Maurício Farias teve
uma ótima .
Andrea Beltrão conseguiu
imprimir na produção toda a simpatia e charme que a Hebe transbordava,
e isso ainda sem se parecer fisicamente com
ela. O que torna seu trabalho ainda mais impecável. O
Que vimos foi a criação e composição de uma grande
atriz e não uma imitação da Hebe que, qualquer outra
profissional poderia ter caído fácil nesta armadilha , com a imagem da Hebe ainda
tão viva entre nós. Foi muito mais que uma
gracinha, ficou magistral!
No elenco vale destacar
também o trabalho da atriz Valentina Herszage, que viveu
a Hebe na juventude, onde também foi impecável, mostrando todo
o seu potencial, que ficara escondido em sua estreia na tv com
a apagada Bebeth de Pega Pega (2017). A atriz inclusive já está escalada para ser
uma das protagonistas da próxima novela das sete.
Vale citar também os trabalhos do Marco Ricca, que deu vida ao Lélio, o último marido da estrela ; e Danton Mello como Cláudio Pessuti, o
sobrinho-filho da estrela.
A
Série foi uma deliciosa e merecida homenagem à Hebe,
que conseguiu transcender com talento e muito carisma a linha tênue entre uma
grande profissional transformada em uma estrela popular.
Diário
de Um Confinado (Globo
- 4 à 25 de Julho de 2020 – 4 Episódios)
Diário de Um Confinado, nova série de
humor da Globo e Globoplay, fez
ás vezes de uma válvula de escape com maestria durante essa pandemia.
A
Série protagonizada e roteirizada pelo Bruno Mazzeo, e
dirigida por Joana Jabace, esposa do Bruno, debochou de forma
nivelar com simplicidade e a pura realidade do atual momento, que assim como o protagonista
Murilo, nos vimos obrigados a ficar trancados dentro de casa, do dia pra noite,
tendo que se adaptar aos mais variados tópicos, assim como a série foi
dividida.
Outro ingrediente interessante de Diário de um Confinado é a agilidade. Os episódios de pouco mais de 12 minutos ,
não cansam, muito pelo contrário, deixa você louco pra ver o seguinte, o
seguinte e quando você menos espera terminou . . . deixando aquela vontade de
ver a próxima temporada o mais rápido possível. Cativa mesmo!
O
Senso de responsabilidade da Pandemia também não foi esquecido. A
série foi praticamente toda gravada no apartamento do Mazzeo, onde ele mora com
a esposa e os filhos , e o contato com o mundo lá fora através de
chamadas de vídeos, e cá pra nós algumas dessas chamadas foram hilárias.
Criatividade
não falta ao Bruno Mazzeo, que tem isso no DNA, Diário de um Confinado é mais um acerto na
carreira do ator e roteirista e mostra que ele
não precisa de muito, para fazer um trabalho atraente e bem produzido.
Amor e Sorte (Globo – 08 à 29.09.2020 – 4 Episódios)
A Série Amor e Sorte, é uma criação do autor Jorge Furtado,
com direção artística de Patrícia Pedrosa e Andrucha Waddington,
baseada na série Diário de Um Confinado,
que trata do mesmo tema – A quarentena por conta da Pandemia do Covid-19.
Cada episódio da série
é uma poesia diferente sobre a
quarentena e cada trama pensada
especialmente para ser interpretada por grandes nomes da dramaturgia que passam
por esse período juntos.
Como o projeto
da série é exatamente aproveitar atores que já estão confinados
devido a Pandemia, casais e/ou mãe e filha, o caso de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, foram as estrelas desse primeiro
episódio. A Dobradinha mãe e filha, nos proporcionou uma história
simples, mas contada de uma forma tão forte, que a emoção tocou o
coração de muitas famílias, que vivem ou viveram essa mesma história – Filhos
que só a Pandemia e seu isolamento reaproximou de uma forma ou outra. Esse
episódio inclusive foi o único dos 4 que deu frutos - O Especial de Natal Gilda Lúcia e o Bode,
apresentada neste último dia 25.12.
O segundo episódio, “Linha de Raciocínio” , estrelado pelo casal Tais Araújo e Lázaro Ramos ,
mostrou toda a versatilidade, já conhecida do dupla
, elevada ao cubo. Tábata e Cadú , os nomes fictícios do
casal de classe média alta, discutindo seus problemas e revelando
seus medos , tendo como pano de fundo um panelaço de protesto, que a certo
momento do episódio eles sequer sabiam mais do que se
tratava, foi um ótimo gancho.
“Territórios”, o terceiro episódio
de Amor e Sorte foi um espetáculo a parte de dois atores que são
multifacetados e juntos em casa por
causa da pandemia, proporcionou um episodio espetacular da série.
Fabíula Nascimento e Emílio
Dantas , casados na vida real, viveram um casal que prestes a se
separar são obrigados a viverem um confinamento assim que a pandemia chega em
suas vidas. Essa “separação” em confinamento , causa uma
transformação na relação de ambos, transformação essa que só os
aproxima ao invés de separá-los.
Jorge
Furtado enfeitou com os clássicos do cinema o último episódio de Amor e Sorte, estrelado pelo casal Caio
Blat e Luisa Arraes, vivendo Manoel e Teresa.
“Titanic”, “Psicose”, “Cidade de Deus” , “Cantando
na Chuva” ... os atores gravaram várias tomadas
de cenas lembrando os filmes para contar a história do casal que
começa o relacionamento em plena pandemia e é obrigado a ficar em
isolamento juntos, logo depois da primeira noite de amor.
Esse projeto de Amor e
Sorte foi
genial, parabéns para os criadores, que transformaram o
isolamento social em celeiro de boas produções e show dos nossos
grandes profissionais.
Sob
Pressão – Plantão Covid (Globo
– 6 e 13 de Outubro de 2020 – 2 Episódios)
Sob Pressão aclamada por
suas 3 temporadas apresentou um especial sobre a Covid-19 muito importante para a história do projeto e
da teledramaturgia nacional.
Imaginei que seria assim, mas
confesso que foi impactante assistir aos
2 episódios de Sob Pressão – Plantão Covid – Uma mistura de responsabilidade com
emoção, a produção sob dosar a dramaturgia cênica e a
responsabilidade social sobre um tema tão pertinente, e que ainda está no nosso
meio, é sempre bom lembrar. A Pandemia não acabou, o Covid ainda está aqui.
Marjorie Estiano, brilhando
como sempre, foi a grande estrela - incorporando uma Carolina
cansada, nitidamente exausta de plantões, ainda tendo que
enfrentar a infecção do Evandro (Júlio Andrade). Foi um grande presente para o
telespectador. Aquela cena final, dela tentando tirar a foto para o crachá . .
. Meu Deus . . .que Atriz!
Foi duro ver tão de perto a COVID, que eu
particularmente e felizmente, não tive um contato direto , é muito triste ver a
situação dos pacientes, a luta dos médicos, muitas vezes se
culpando pela falta de estrutura, principalmente na rede
pública que o Sob Pressão retrata. Foi uma
volta triunfal da série que sempre faz falta a tv.
O projeto teve
direção de Andrucha Waddington , redação geral do Lucas
Paraizo e o médico Márcio Maranhão, como
consultor.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
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