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Mesmo com final doutrinador, “Amor sem Igual” foi a melhor produção do gênero nesta Pandemia

 




        Amor sem Igual, trama da Christiane Fridmann,   a primeira  a voltar com  capítulos inéditos pós-Pandemia,  chegou  a sua reta final  nesta segunda feira (18.01) com um desfecho  doutrinador através da sua protagonista Poderosa (Day Mesquita) , a prostituta que encontrou a paz depois de  ler a bíblia e se entregar a Jesus.

        Não deixa de ser um final “puxado” para uma trama mesmo  apresentada dentro de uma emissora evangélica,  e também  por que, apesar da relação quase sem contatos da Poderosa e Miguel (Rafael Sardão), nunca havia ficado explícito de que ele era representante ou seguidor de alguma religião ou dogma.

        A cena em que a  Poderosa, no leito do hospital lê a bíblia foi emoldurada por um clipe de bloco inteiro, com a personagem relembrando tudo que passara na trama com direito a música evangélica e letras pipocando nas telas. Vale lembrar que a Globo já recorreu a esse artifício para  curar/salvar suas personagens mais complexas também,   como a Larissa de Verdades Secretas (2015), vivida pela GrazziMassafera ou a Josiane de A Dona do Pedaço (2019), vivida pela Ágatha Moreira, ambas tramas do Walcyr Carrasco, e embora essa última tenha soada mais como uma crítica a religião, visto que a Josiane termina a novela encarnada no diabo.





        O último capítulo finalmente mostrou a força do amor de Miguel (Rafael Sardão)  e a Poderosa, digo  agora Angélica  (Day Mesquita) , mas quem esperava uma cena quente entre eles desde os primeiros capítulos,  não viu nada a mais que a concretização desse amor ungido em cristo.

        Doutrinas a parte, o fato é  que a  RecordTv , sempre citada como uma emissora desorganizada em sua  teledramaturgia, na Pandemia deu o exemplo , Amorsem Igual foi a primeira a voltar depois das paralizações e como única trama inédita no ar,  só cresceu na audiência mantendo o fôlego da história.

 




        Day Mesquita, que vinha da trama bíblica Jesus (2018), onde viveu a pecadora Maria Madalena, assumiu a protagonista de Amor sem Igual, e embora tenha derrapado algumas vezes no caricaturismo, foi visceral vivendo a Poderosa, com destaque para o deboche e humor da personagem, que salvou muitas sequencias da trama,  e conseguiu empatia do público mesmo vivendo uma prostituta que insistia em não largar a profissão. Foi uma profissional ímpar quando as críticas surgiram, desfilando sobre elas e mostrando que sabia o que estava fazendo. Não foi a estrela esperada da trama, mas segurou o papel  como poucas fariam.

        Alguns atores veteranos foram destaque com seus personagens que em muitos momentos  foram os pilares de Amor sem Igual Françoise Forton (Olympia), Ernani Moraes (Seu Oxente),   Selma Egrei (Norma) e HeitorMartinez (Bernardo, que mais uma vez na pele de um vilão patológico deu um show).



        Thiago Rodrigues foi uma das boas surpresas da trama, e foi o grande destaque sem dúvidas . O filho “rejeitado” , sempre a sombra do pai, se rebela contra este,  chegando ao  ápice de assassinar seu progenitor dando agilidade à essa reta final da história. Thiago Rodrigues  que estreou na RecordTv  em Amor sem Igual , depois de anos na Globo,  e um temporada  na teledramaturgia em Portugal, teve finalmente a chance de  mostrar uma nova versão do seu talento, que embora já tenha mais de 10 anos de carreira, sempre ficou taxado  ao tipo   “mocinho  de Malhação” , nunca conseguiu um personagem com perfil mais  complexo na Globo. Nem o Léo de Páginas da Vida (2006),  na dobradinha com a Ana Paula Arósio , o que prometia ser seu grande momento em horário nobre, não  decolou, foi novamente um personagem apático, sem vida.

        Dani Moreno e Stefanny Britto também defenderam com maestria suas garotas de programas – Furacão e Doutorzinha, respectivamente, num perfil complexo e difícil.



        Uma pena que outros atores em papeis que prometiam destaque tiveram o perfil de seus personagens limados dentro da história e andaram em círculos, sem apresentar nada  de novo – o caso da Bárbara França, que inicialmente parecia ter uma boa personagem nas mãos, mas infelizmente o decorrer dos capítulos mostraram apenas que ela era uma “mocinha do bem” e nada  mais; assim como  Juan Alba (Ramiro) e o Gabriel Gracindo (Leandro).

        Outra coisa que não funcionou em Amor sem Igual foi a digital influencer Maria Antônia, vivida  pela Michelle   Batista.  Nitidamente inspirada na Vivi Guedes de A Dona do Pedaço, a personagem que a Paolla Oliveira viveu na trama do Walcyr Carrasco, a digital “rural” da trama da RecordTv , que também tinha um perfil  real no Instagram  não decolou, e a Maria Antônia acabou ganhando um outro entrecho depois que foi estuprada por Leandro, deixando o perfil digital menos explícito dentro da história.



        Amor sem Igual foi uma novela para não se esquecer.  Christiane Fridmann sabe como ninguém criar uma trama contemporânea com ingredientes que prendem o telespectador, mesmo com uma grande quantidade de capítulos, como ocorreu em  Chamas da Vida (2008) com seus 253 capítulos e Vidas em Jogo (2011) com  243, e em nenhum momento as novelas tiveram  “barrigas” que prejudicassem seu roteiro. Amor sem Igual, embora com menos capítulo, mas com um hiato de 5 meses sem exibição, conseguiu trazer de volta o público  e manter a trama no mesmo ritmo e até melhor. Parabéns!

 

Veja Também : 

Nossos Autores - Crhistiane Fridmann 


Meus Personagens Favoritos do Heitor Martinez 


Meus Personagens Favoritos da Selma Egrei 

Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa 

 

       

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