Na última segunda-feira (15.03) a Globoplay
disponibilizou no projeto de resgate das novelas da Globo a trama de O Bem Amado (1973)
, do Dias Gomes, que inclusive no último dia 22 de janeiro fez 48 anos ,
nunca foi tão atual.
Politicagem, conchavos, cessão de favores em nome de eleições
... enfim uma crítica sempre atual do
cenário da política brasileira.
Odorico Paraguaçu, numa
composição magistral e visceral do saudoso Paulo Gracindo, e a
representação do mau-político, demagogo e que tem como plataforma de governo
para eleição a construção de um cemitério para a cidade que ainda não tem onde enterrar seus mortos
entrou para o hall dos personagens inesquecíveis
da teledramaturgia. Prega a moral, mas
mantem um relacionamento com as três adoráveis irmãs cajazeiras. Qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência nunca foi tão bem apropriado a
uma novela.
Acima da crítica social e política, o vocabulário próprio com expressões e palavras
inventadas entre um discurso e outro, fizeram do Odorico Paraguaçu antológico
para a televisão brasileira.
A novela teve três grandes personagens que marcaram a carreira de seus
intérpretes: O Próprio Odorico Paraguaçu ; Zeca Diabo vivido pelo Lima Duarte e Dirceu Borboleta do inesquecível Emiliano Queiroz, mas
tomando por base os primeiros 8 capítulos
que assisti até então , não deixa de ser um presente rever
grandes intepretações de astros que já nos deixaram como Zilka Salaberry , como a
valentona “delegada substituta do marido” , Milton Gonçalves como Zelão das Azas; Donana Medrado; Carlos Eduardo Dolabella
como Neco Pedreira; Wilson Aguiar, que faz o Nelsinho do Jegue, e reza a lenda
que o personagem é uma espécie de “homenagem”
do autor Dias Gomes à Nelson Rodrigues,
seu desafeto.
Eu já estou apaixonado pela
prafrentex Telma, vivida pela linda e talentosa, Sandra Bréa, como ela faz
falta a Tv. A Telma é uma personagem muito
rica dramaturgicamente, cheia de entrechos interessantes, não sei com a censura
deixou uma mulher tão avançada passar assim sem mais problemas, é mais um prova de quanto burra a censura era,
não entendia de nada do que estava fazendo. Uma pura representação do empoderamento
feminino em plena década de 70, mais uma
prova do quanto atemporal e atual é O Bem Amado.
As irmãs cajazeiras
imortalizadas por Ida Gomes (Dorotéria),
Dorinha Duval (Dulcinéia) e Dirce Migliaccio (Judicéia) são outros atrativos poderoso de O Bem Amado. As três são consideradas baluarte da moral e bons costumes, mas
debaixo dos lençóis , sempre recebem Odorico Paraguaçu para um licor de
Genipapo.
Dorinha Duval já era
uma atriz conceituada , ex-vedete e também cantora, ficou famosa também
por interpretar a Cuca na versão de 1977 a 1980 do Sítio do Pica Pau Amarelo e pelo
crime de assassinato do próprio marido, o
cineasta Paulo Sérgio Alcântara, em 1983, pelo qual foi presa por 7 anos. A Atriz
também foi casada como o diretor Daniel Filho e é a mãe da filha do diretor
– Carla Daniel. Atualmente ela é
artista plástica, e sua última aparição na tv foi na trama de Belíssima (2006), vivendo ela mesma.
Curiosamente outras duas
estrelas de trabalho imortalizado em O Bem Amado (1973), também estiveram na
versão do Sítio de 1977 à 1980, com papéis principais – Zilka Salaberry como a Dona Benta e Dirce Migliaccio , a
Emília.
Começei ver O Bem Amado pela curiosidade, para ver como a produção lidou com as cores berrantes, visto que era a primeira a ser
gravada totalmente assim, e já deu pra ver em alguns capítulos as cores
rasgando a tela; e o “Estamos Apresentando”
ou as “Cenas do Próximo Capítulo”
sendo apresentada com uma locução ao fundo, ao invés de uma música da trilha, mas em oito capítulos vi que mesmo com quase cinquenta anos O Bem Amado é um novelão imperdível., e olha que ainda não vi
nenhuma cena do Lima Duarte como
Zeca Diabo, outro grande destaque da trama.
Nesses primeiros capítulos
vale destacar também bons momentos da Maria
Cláudia, que divide o posto
de musa com Sandra Bréa, na pele da Gisa; o saudoso Lutero Luiz como Lulu
Gouveia; Jardel Filho com Dr. Juarez Leão; Ana Ariel como Zora, a irmã de Odorico ; além de
uma cena antológica com Paulo Gracindo e Gracindo Jr, pai e filho
na vida real, duas gerações de talento em cena.
O Bem Amado já virou programa obrigatório não só para os saudosistas , com também para
os que merecem ver uma boa teledramaturgia num jogo perfeito de texto, direção
(Régis Cardoso) e interpretação.
Aberturas Inesquecíveis - O Bem Amado (1973) |
Novelas Inesquecíveis - O Bem Amado (1973) |
Trilha Sonora Eterna - O Bem Amado (1973) |
Texto :
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Estou revendo esta, que para mim foi a melhor novela de todos os tempos. E observei que na lista da trilha sonora internacional da mesma não consta a bela música instrumental Laguna Sunrise do álbum Black Sabath volume 4, que tocava nas cenas em que Odorico Paraguaçu se encontrava derrotado pelo destino.
ResponderExcluirPoderiam me esclarecer, o porquê?