15 anos da recontratação de Lauro César Muniz na RecordTv com um disfarçado remake de um dos maiores sucesso do autor na Globo – Escalada (1975)
No próximo dia 13 de março a trama de CidadãoBrasileiro, que marcou a
volta de Lauro César Muniz a RecordTv e é considerada uma das
melhores apresentadas nessa retomada do gênero pelo canal, completa 15 anos.
Cidadão Brasileiro é uma reedição
disfarçada da novela Escalada (1975), trama de sucesso do autor exibida em 1975. Antônio
Maciel, o protagonista vivido pelo Gabriel Braga Nunes, foi batizado assim na fusão do nome de dois personagens do autor
– O Antônio Dias de Escalada, vivido pelo
Tarcísio Meira e João Maciel de O Casarão (1976),
o personagem vivido pelo PauloGracindo.
A ação da trama se desenvolve de 1955 a 2006, contando a
trajetória de Antônio Maciel (Gabriel Braga Nunes) em sua árdua escalada
social, com conquistas, fracassos e conflitos amorosos envolvendo duas mulheres
de temperamentos e níveis sociais opostos: Carolina (Carla Regina), mulher da
terra e rude, e Luiza (Paloma Duarte), moça fina e estudada. Luiza pertence à
poderosa família Salles Jordão, donos da maior fazenda de Guará, cidade do
interior paulista, e líderes políticos da região. Seu irmão Atílio (Floriano Peixoto) se torna o maior rival de
Antônio. Ele é um produtor de café de temperamento agressivo, arraigado à terra
e conservador.
A novela se divide nas quatro fases da vida de Antônio.
No início, ele é um vendedor de defensivos agrícolas que acaba de fazer uma boa
venda, mas perde tudo: é roubado por uma mulher aventureira, Fausta (LucéliaSantos). Desempregado e endividado, Antônio persegue Fausta e chega a Guará.
Lá, a vilã aplica um golpe na família Salles Jordão se passando por uma
representante do governo que ajudará na campanha eleitoral. Antônio vinga-se de
Fausta e a usa como trampolim para ascender na cidade. Apesar de amar Luiza e
ser correspondido, acaba se casando com Carolina após engravidá-la.
Luiza, por sua
vez, casa-se com Camilo (Taumaturgo Ferreira), negociante de algodão, e o casal
parte para os Estados Unidos. Antônio elege-se prefeito de Guará, mas é
obrigado a deixar a cidade ao ser mal-sucedido nos negócios. Brasília começa a
ser construída e Antônio vislumbra uma nova chance: participar da construção da
nova capital. Trabalhando dia e noite, consegue se firmar novamente,
associando-se a Edouard Girard (Gilberto Stein), um poderoso empreiteiro de
obras. Inaugurada a capital, Antônio volta a São Paulo. Ansioso por novos
desafios, luta contra concorrentes poderosos e conquista uma sólida posição.
No mundo dos
negócios, sem deixar de lado o característico espírito empreendedor, Antônio
atinge uma situação confortável e, vitorioso, compra as principais fazendas de
Guará: a de seu sogro Nestor Castanho (Gracindo Junior), que registra no nome
do filho, e a do hoje falido cafeicultor Atílio (Floriano Peixoto). Os Salles
Jordão, na década de 1970, já não são os milionários de antes, abatidos pelas
sucessivas crises da lavoura de café. No final, aos 80 anos, Antônio relembra
sua trajetória no cinema que mandou construir na cidade. E morre após declarar
mais uma vez seu amor por Luiza.
A RecordTv
reuniu um elenco ímpar correndo atrás de nomes de peso da Globo – Gabriel
Braga Nunes , que já estava na
emissora e havia tido bastante destaque em Essas Mulheres (2006), foi
escolhido para viver o protagonista, e conseguiu imprimir toda a visceralidade
que o dúbio personagem pedia. Antônio não era um mocinho padrão, tinha atitudes
duvidosas e de desvio de caráter, e isso o tornou ainda mais interessante, porém
tornou o papel perigoso – o público
poderia não comprar o personagem como “mocinho” e isso comprometeria a trama.
Mas tudo correu com perfeição.
Lucélia
Santos que viveu Fausta; vinda da protagonista de Malhação da temporada de 2001; Luiza Tomé, que viveu a Tereza Castro (vinha de uma
personagem de destaque na trama global Começar
de Novo/2005); Floriano
Peixoto que deu vida ao vilão e antagonista de Antônio, Atílio, vinha de
uma participação na trama de América (2005) ; assim
como Bruno Ferrari, vindo de Malhação (2004), e deu
vida ao Marcello Salles Jordão; foram alguns dos ex-globais contratados
especialmente para Cidadão Brasileiro.
A novela
foi muito bem recebida pela imprensa que a comparou as boas tramas do escritas
pelo autor na Globo - isso graças
aos cuidados com a produção, figurinos e caracterização das épocas, rica em
detalhes que lembrava inclusive as minisséries globais. Algumas tomadas apresentavam longas cenas de diálogos, o que
fazia o público ver a diferença com o frenético ritmo das tramas globais e até da
antecessora no horário da emissora Prova de Amor (2005).
Podemos
citar alguns pontos que faltaram a Cidadão
Brasileiro – os clichês
sempre tão criticados pelo excesso, na trama sentimos falta de um núcleo
infantil ou um casal romântico jovem para captar públicos de outras faixas
etárias.
A
Sexualização de algumas cenas também foram notadas pela imprensa. Talvez pelo fato
da trama está sendo apresentada em uma emissora evangélica, alguns diálogos de duplo sentido, tornaram projeção ainda maior, porém tudo
explicado pelo autor, que precisava dessa
“malícia” para humanização e aproximação dos personagens.
Abaixo a
transcrição de uma passagem do texto entre Antônio e Luiza, fazendo referencia
ao órgão genital do protagonista:
Ele a
aperta junto ao seu corpo. Os dois voltam a dançar, vagarosamente saindo da
penumbra:
Luiza : Ui ... que é isso !?
Antônio : A Natureza
Luiza: Natureza . . .(ri)
Antônio: Foi generosa comigo
Uma
trama paralela me chamou atenção em Cidadão
Brasileiro – O Romance de Teresa e Marcelo – Os personagens da Luiza
Tomé e Bruno Ferrari – Ela, uma
mulher madura e professora; ele um jovem, rico e de família tradicional. O Romance, claro não era aceito pela família tradicional do rapaz, e Tereza que tinha um filha quase da idade de
Marcelo, também tentou negar esse amor
até quando pode. A Personagem ainda passa por outro dilema, quando sua filha
Eleni (Maytê Pirgybe) se envolve com a luta armada contra a ditadura militar.
Ao longo
da história, Lauro César Muniz
fez referencias a personagens e temas de outras obras de sucesso suas – Atílio,
o personagem do Floriano Peixoto, chefe político de Guará, citou uma
cidade próxima, Tangará – utilizada por Muniz em O Casarão (1976) e O Salvador da Pátria (1989), e um político local, Quinzote,
personagem de Mário Lago em O Salvador da Pátria. A Eutanásia,
que causou polêmica na trama de Os Gigantes
(1979), foi retomada na segunda fase por meio do personagem de Otávio, vivido
pelo saudoso Luiz Carlos Miele, que doente pede à mulher Manuela
(Françoise Forton), que dê fim em seu sofrimento.
Dois
atores que participaram de Escalada (1975), voltaram
em Cidadão Brasileiro – os saudosos CécilThiré e André Valli.
O Pacote
de divulgação da trama foi pesado com via-cruzis do elenco da novela por todos os programas da casa. O site da RecordTv criou uma enquete com seguinte pergunta : Quem é o maior
cidadão brasileiro? . As opções de voto eram - Carmem Miranda, Oscar Niemayer , Machado de
Assis, D. Pedro II, Éder Jofre, Ayrton Senna, Pelé, Santos Dumont, Getúlio
Vargas e Juscelino Kubitschek. O Próprio Lauro César Muniz
fez propaganda de estreia na trama em uma participação em Prova de Amor, no taxi do Padilha, personagem do André Mattos.
O Autor
criou um personagem só para ações de merchandising da trama. Um ator sozinho
protagonizou 21 ações integradas de marketing em prol da Fundação Bradesco. Julio Righetto, que encarnou o homem da propaganda, se chamava
Augusto Varela, e depois foi apelidado de Augusto Merchan.
Na
segunda fase de Cidadão Brasileiro, Luiza volta ao Brasil com uma
filha de 10 anos, a intérprete da menina era Ana Clara Sanches Winter,
filha na vida real da Paloma Duarte com o ator Marcos Winter.
Cidadão Brasileiro foi a primeira novela da atriz Vanessa
Goulart, filha da também atriz e que
participava do elenco, Bárbara Bruno, neta do Paulo Goulart e NicetteBruno.
Cidadão Brasileiro foi uma trama ambiciosa e arrojada,
com um Lauro César Muniz em plena
forma traçando um painel histórico do Brasil através de personagens cativantes
interpretados por um elenco espetacular e direção acertada, depois de algumas
dança das cadeiras sendo finalizada por Ivan Zettel. Uma alegoria de
dilemas nacionais emoldurados por romances, trapaças, conchavos e politicagens,
bem ao estilo que marcou a maioria dos
trabalhos do autor.
Ficha Técnica
Novela do Autor Lauro César Muniz
Direção Geral : Flávio Colatrello
e Ivan Zettel
Elenco:
GABRIEL BRAGA NUNES –
Antônio Maciel
PALOMA DUARTE – Luiza
LUCÉLIA SANTOS – Fausta (Faustina)
CARLA REGINA – Carolina
FLORIANO PEIXOTO – Atílio Salles Jordão
TUCA ANDRADA – Homero
TAUMATURGO FERREIRA – Camilo Góes
CLEYDE YÁCONIS – Joana
GRACINDO JÚNIOR – Nestor Castanho
LUIZA THOMÉ – Tereza Castro
BRUNO FERRARI – Marcelo
MAYTÊ PIRAGIBE – Eleni (Silvana)
LEONARDO BRÍCIO – Celso
MÔNICA CARVALHO – Maura
ADRIANA LONDOÑO – Carmem
BÁRBARA BRUNO – Cleonice
FERNANDA MUNIZ – Laís
LUIZA CURVO – Lívia
LÉA GARCIA – Dadá
primeira
fase
CECIL THIRÉ – Júlio
RÚBENS CARIBÉ – Emílio
KITO JUNQUEIRA – Laércio Rocha
ETTY FRASER – Mariazinha
SÔNIA GUEDES – Maria
ANDRÉ VALLI – Gasosa
XANDO GRAÇA – Toc-Toc
BENVINDO SIQUEIRA – Alfredo
JOSÉ DUMONT – Alcides
WÁLTER SANTOS – Dr. Décio Leão
VANESSA GOULART – Julieta
THIAGO CHAGAS – Nilo Ramos
GUSTAVO HADDAD – Agnaldo
SUZANA ALVES – Zezé
MILHEN CORTAZ – Américo Pereira
CAMILA GUEBUR – Cristina
IVAN DE ALMEIDA – Tião
RICARDO VASCONCELOS – Locutor Salatiel
FERNANDO SAMPAIO – Beto
MARCOS CEZANA – Pereira
GUSTAVO RODRIGUES – Daniel
CLEMENTE VISCAÍNO – Renato Dias
JECE VALADÃO – Abelardo Pinto
PAULO CORONATO – delegado
SILVIA POGGETTI – dona da pensão
CARLOS MECENI – Sr. Salgado (patrão de Antônio)
PAIXÃO DE JESUS – Olga
LUIZ CARLOS BAHIA – Lourenço
FRANCISCO CARVALHO – Argemiro
LUI STRASSBURGER – Eduardo Ramos (pai de Nilo)
segunda
e terceira fases
FRANÇOISE FORTON – Manuela Gama
LUÍS CARLOS MIÉLE – Otávio Gama
GILBERT STEIN – Edouard Girard
DANNI CARLOS – Renée (Fernanda)
KARINA BACCHI – Bruna
JAYME PERIARD – Victor
FERNANDA NOBRE – Tatiana
GABRIEL GRACINDO – Caio
TICIANE PINHEIRO – Cláudia
JOSÉ ROBERTO JARDIM – Edu (João)
MAURÍCIO MACHADO – Henrique (Jonas)
FÁBIO FERREIRA DIAS – Valdir
BLOTA FILHO – Cássio
GABRIEL MOTA – Toni
RAFAEL CHAGAS – Toni (criança)
THAÍS SIMA – Dóris
ANA CLARA SANCHES WINTER – Dóris (criança)
MÁRIO CÉSAR CAMARGO – Válter
ALEXANDRE BARROS – Gustavo
FERNANDO NEVES – Dr. Bicas
DENISE SPÍNDOLA – Núzia
FLÁVIO GUARNIERI – repórter da Record
KIKA JULIANELLI – jornalista
MARCO ROSÁRIO – policial do DOPS
MILTON LEVY – Zeca
Exibição : 13 de Março
à 20 de Novembro de 2006
Capítulos: 213
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa : www.wikipédia.com.br
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