“Saramandaia” termina se consagrando pelas mensagens em forma de metáforas que foram um tapa na cara do Brasil
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Sempre gostei dessas tramas regionalistas que transformam as cidades fictícias
onde se passam em um um microcosmo do Brasil , usando essa
transformação para dar um show de crítica social. Foi assim em Roque Santeiro do Dias Gomes em 1985, várias outras do autor e depois do seus súdito
Aguinaldo Silva.
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Porém, Saramandaia abusou
do direito de criticar e usando de metáforas deu uma tapa na cara do Brasil
mexendo em assuntos polêmicos e tabus de uma maneira pertinente. Aliás, as
críticas sociais em forma de metáforas
foram o grande destaque da novela, que chamou mais atenção do que o
folhetim propriamente dito.
Ricardo Linhares , autor da trama,
inseriu logo nas primeiras cenas de Saramandaia uma
manifestação dos que lutavam a
favor da troca de nome da cidade liderada por Zélia Villar (Leandra Leal) , o que acabou coincidindo
com a explosão de manifesto em todo o
Brasil no mês de junho no início das
Copas das Confederações. Pronto, a
novela esta predestinada a marcar uma época.
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Na
trama foram tratados de vários assuntos, mas a preocupação principal da trama era passar a mensagem sobre a igualdade entre os
seres. Na cidade de Bole-Bole, vários habitantes tinham características
esquisitas e isso era interpretado de maneira errônea pelos outros que se
julgavam “normais”. Eu vou destacar uma
das cenas do último capítulo que mais me
chamou atenção. Depois de casar Risoleta (Déborah Bloch) e Aristóbulo (Gabriel
Braga Nunes), Padre Romeu (Maurício Tizumba) é excomungado da igreja que não engoliu o fato do Padre ter casado um lobisomem.
Uma assunto mais que atual no momento em que o mundo discute a visão da igreja
sobre as novas famílias.
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Talvez
pela grande ênfase dada às metáforas críticas de Saramandaia, o folhetim acabou
virando um pano de fundo no remake.
Casais como João Gibão (Sérgio Guizé) e Marcina (Chandelly Braz), Zelia Villar
(Leandra Leal) e Lua Viana (Fernando Belo) Zico Rosado (José Mayer) e Vitória Villar
(Lília Cabral) mostraram uma total falta
de química e não geraram o menor
interesse do grande público. Aliás, José
Mayer e Lília Cabral que sempre
brilharam em tramas regionalistas do Aguinaldo
Silva viveram seus piores
personagens em Saramandaia.
Zico e Vitória eram muito chatos, não foi à toa que o autor resolveu
enterra-los no final nas ruínas da casa dos Rosados.
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Em compensação
personagens que tiveram pouco peso na versão de 1976 foram transformados em
protagonista neste remake. A Dona Redonda da impecável Vera Holtz e a Risoleta da Déborah Bloch foram a vilã e mocinha
real da trama. As atrizes roubavam todas
as cenas em que apareciam. Mais destaque ainda para Vera Holtz pela Bitela , a irmã gêmea da Redonda, uma graciosa
contrastando com a intragável que explodiu.
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Três cenas de Saramandaia vão
povoar para sempre nosso memória afetiva :
·
A Explosão da Dona Redonda;
·
Candinha (Fernanda Montenegro) e Tibério (Tarcio
Meira) se entrelaçando e se transformando em árvore; e
·
João Gibão mostrando suas asas para Marcina ao som
de “Pavão Mysterioso”.
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Diga-se
de passagem, todos os voos do João Gibão foram emocionantes, e a produção percebendo o acerto nas cenas
finalizou a trama com o personagem sobrevoando Saramandaia,
tal qual a primeira versão.
Por
falar em “Pavão Mysterioso” música que consagrou o cantor Ednardo em 1976, não entendi por que a
música não foi novamente o tema de abertura. A Música instrumental escolhida
para abrir o remake foi deprimente.
A
audiência de Saramandaia ficou muito abaixo do esperado. Também pudera, a trama praticamente passou metade da exibição sem um atrativo para que ficássemos
acordados até tarde acompanhando as peripécias dos moradores de Bole-Bole.
Diferentemente dos finalmentes normalisticos
das novelas , Saramandaia não teve um “fim” simplesmente. A trama terminou com a mensagem: “Início de um novo tempo . . .” Um Desejo de todos os brasileiros e a esperança de que a humanidade um dia possa se aceitar e aceitar as diferenças entre si.
Saramandaia foi uma novela metáfora e que se tiver conseguido pelo menos plantar na cabeça de cada um de nós 10% do que foi passado o mundo será muito melhor.
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Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Saramandaia foi uma novela agradável de assistir com personagens cheios de magia e surpresas. Adorei a trama do casal mais charmoso da novela: professor Aristóbulo e Risoleta. Gabriel Braga Nunes e Debora Bloch arrasaram!
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