A versão original do próximo remake da Globo
Bem
antes das inovações apresentadas em Além do Horizonte e Meu Pedacinho de Chão, últimas
novelas que trouxeram uma narrativa ou trama diferente das espinha
dorsal de uma tradicional novela, há quase 40 anos a Globo
apresentou no horário das dez a novela O Rebu, trama do autor Bráulio Pedro, dirigida por Walther
Avancini e Jardel Filho.
A
Novela chocou os telespectadores pela inédita narrativa. Toda a trama contada
em 112 capítulos se passava em 24 horas : Durante a realização da festa e o dia
seguinte onde se instaurava a investigação criminal para descobrir o assassino e o assassinado.
As cenas eram apresentadas sem ordem cronológica,
fora da sequencia, nos fazendo pensar
que qualquer um poderia ser o assassino e a vítima. A única coisa que os
telespectadores sabiam era que havia um corpo boiando na piscina, assassinado
durante a festa. Ninguém sabia quem era
ou por qual motivo ocorrera o crime.
A Novela começa em uma bela mansão no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, onde o banqueiro Conrad
Mahler (Ziembinski) organiza uma festa para recepcionar a princesa italiana
Olympia Boncompagni (Marília Branco). Ao amanhecer, os convidados descobrem um
cadáver boiando, de bruços, na piscina. Entre os 24 convidados – todos
suspeitos, assim como o próprio anfitrião –, estão Boneco (Lima Duarte),
ladrão paulista que encontra o convite da festa durante um assalto e se faz
passar por um industrial italiano para roubar o banqueiro; o milionário Braga (José Lewgoy) e
sua esposa, Lídia (Arlete Salles);
e Laio (Carlos Vereza),
industrial autista casado com Maria Helena (Maria Cláudia).
Ao levar em
consideração o corpo que boiou por vários capítulos na mansão da trama, uma das
certezas do mistério era que o assassinado seria um homem, devido o corte de
cabelo e as roubas, porém estrategicamente o autor mostrou em uma das cenas de flashbacks um momento da trama em
que a maioria das mulheres participavam de uma brincadeira onde cortavam os
cabelos e se vestiam com roupas masculinas.
Como em todas as
épocas sempre houve críticos que adoram achar defeitos nas tramas, em O Rebu não foi
diferente. A novela se passava em um
jantar oferecido a uma princesa, e as regras de etiqueta e protocolo tinham que ser perfeitas. Para isso a
emissora contratou as consultoras de arte Tiza
Oliveira e Lila Bertazzi. Mas elas não escaparam de críticas de famosos
colunistas sociais da época , como Zózimo do Amaral e Ibrahim Sued.
Ziembinski viveu um dos seus
melhores momentos na Tv, numa caracterização perfeita do Banqueiro Conrad
Mahler. O Ator foi muito elogiado pela
crítica especializada. O Rebu foi a última
novela do ator que viria a morrer em outubro
de 1978. Na trama são inesquecíveis as cenas dele com Lima Duarte que vivia o
assaltante Boneco. Conrad depois de perceber que ele se tratara de um penetra e um farsante em
sua festa, começa a lhe fazer perguntas sobre a alta sociedade com o intuito de
vê-lo em apuros tentando responder sem
se entregar.
A Trama de O Rebu é considerada
a primeira novela a mostrar uma relação homossexual entre dois homens. Apesar
de velada e transformada em uma “adoção” , a relação entre Conrad Mahler e Cauê
(Buza Ferraz) deixava claro o relacionamento
muito além do sentimento de pai e filho.
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Inclusive a revelação
do grande mistério da trama envolve essa trama homossexual. No capítulo 50 em uma tomada submarina é
mostrado a face do corpo que boiava na piscina. A
vítima era Silvia, personagem da Bete
Mendes. No final descobrimos a
identidade e o motivo do assassinato. O próprio Conrad Mahler matara Silvia
jogando-a do segundo andar da casa e depois
na piscina, por ciúmes da relação dela com Cauê, seu “protegido”.
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A Trilha sonora da
novela é considerada CULT por ter a maioria das faixas composta pela jovem
dupla Paulo Coelho e Raul Seixas. Uma das músicas compostas pela dupla foi
impedida pela censura de entrar na trilha, que pediu a mudança de alguns versos. A Alteração foi
feita, porém não houve tempo da música integrar
trilha, mas entrou na trama mesmo
assim.
O Rebu marcou
a estreia na Globo das atrizes Bete Mendes, Tereza Rachel e Isabel Ribeiro.
O Filme Crepúsculo dos
Deuses (Sunset Boulevard)
dirigido por Billy Wilder é lembrado
na primeira sequencia da trama, onde um corpo boia na piscina dando início a
toda a história.
Uma novidade que foi
muito bem aceita pelo público que transformou sua curiosidade pela trama em uma
ótima audiência, e o autor Bráulio
Pedroso viu se repetir em O Rebu o mesmo sucesso que
havia alcançado com Beto Rockfeller , Na Tupi em 1978. A trama dividida em três fases: O Presente (a
investigação do crime); O Tempo da festa ( o mais atuante) e o Passado (com as
informações sobre cada convidado da festa, sua vida particular e os problemas
que haviam levado para recepção), aguçou o interesse do público que se esforçou
para entender o tempo , ou “os tempos” da trama para não se perder.
Falamos hoje muito sobre as inovações das novelas , mas se
levarmos em consideração os quase 40 anos
que O
Rebu vai completar em novembro próximo, vemos que isso já vem de
longe. A trama subvertia o estilo
formado das telenovelas da época e nem por isso foi rejeitada, muito pelo
contrário, a trama policial , principal
foco da novela, foi abraçada pelo público de uma maneira surpreendente. O que prova que o que afasta o público de uma
novela não é uma novidade ou mudança
mostrada em sua forma de contar, e sim a
maneira que isso é inserido no folhetim.
O Rebu vai
ganhar um remake este ano que estreia em meados de Julho na Globo, com Patrícia Pillar, Sophie Charlotte, Tony Ramos , Daniel de Oliveira
entre outros no elenco.
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Ficha Técnica :
Novela do Autor Bráulio Pedroso
Direção Geral : Walter Avancini e Jardel Filho
Exibição : 04 de Novembro de 1974 à 11 de Abril de 1975
Capítulos : 112
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Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com, memóriaglobo.com e Wikipédia.com
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