Justiça,
a minissérie da Manuela Dias, já se consagrou como o grande sucesso do ano
e isso deve-se em boa parte pela sua
narrativa inovadora que encantou o telespectador. A minissérie dividida em episódios semanais
sendo cada um deles protagonizado por um personagem e os outros protagonistas coadjuvantes
, deu um tempero a mais no ótimo roteiro ,
texto impecável e elenco
excelente.
No
próximo dia 20 estreia Supermax, seriado
criado pelo José Alvarenga Jr , que vai trazer como principal atrativo a
história contada através de um reality show que se passa dentro de uma
penitenciária, ou seja mais uma narrativa diferente do que estamos acostumados.
Resta
saber agora se tal qual Justiça, Supermax vai
agradar o telespectador . Em outros momentos na história da teledramaturgia
nacional alguns autores também ousaram ao apresentar novas
narrativas que nem sempre foram tão bem aceitas.
Em O Casarão,
trama do autor Lauro César Muniz exibida na Globo em 1976, a história
era contada em três períodos diferente (1900, 1926 e 1976) que se intercalavam ao serem
apresentadas. Assim em um mesmo dia, podíamos ver personagens das três épocas vivendo seus dilemas. A novela não
tinha uma sequência linear dos fatos e com isso a interrogação “O que acontecera” foi trocada por “Como aconteceu”. A trama que foi muito
elogiada pela crítica acabou confundido o público que não adaptado a narrativa
inovadora muitas vezes se via perdido
dentro da novela.
Em
2015, Elizabeth Jhin trouxe em Além do Tempo,
uma narrativa que lembrava a de O Casarão, uma história contada em épocas
distintas, com o diferencial de que as épocas (Século 19 e os dias atuais) foram bem divididos e delineados. O charme da
narrativa ficava por conta dos personagens
vividos na primeira fase da novela transformados com algumas pequenas
diferenças de perfil nos dias atuais. Era emocionante ver suas lembranças de
vidas passadas, que apareciam como lapsos quando a trama passou para os dias
atuais, sendo que essas lembranças eram cenas que realmente aconteceram e que
os telespectadores acompanharam na primeira fase da trama. A novela foi um grande sucesso de crítica e
conquistou um público cativo que se encantou pelas “duas” novelas que se transformou
Além do Tempo.
Antes
de O Casarão (1976), Bráulio
Pedroso apresentou a trama de O Rebu (1974) , que
foi um choque para os telespectadores. Toda a história da novela, seus 112
capítulos se passavam em apenas dois
dias – A noite de uma festa onde ocorria uma assassinato, e o dia seguinte onde ocorria a investigação desse crime. A autor foi perito
em criar a narrativa que rompia com as das tramas apresentadas até então. Em O Rebu, sabíamos que houve um crime, mas não se sabia
quem era o assassino e nem o assassinado. A identidade do corpo boiando na
piscina só foi revelada no capítulos 50. Em 2014, quarenta anos depois da
exibição da novela original, George Moura e Sérgio Goldenberg se
basearam na trama de Bráulio e criaram um remake de O Rebu. Novamente a narrativa, mesmo
anos depois, continuou confusa e acabou não agradando o público. As duas tramas são consideradas novelas cult, sem um grande alarde de audiência mas muito importantes para a história da
teledramaturgia nacional.
Todas
as novelas e minisséries citadas se assemelham não só pelo fato de terem sido
mostradas com narrativas inovadoras, mas também pelo roteiro, direção , texto e elenco que merecem
reverências. A única diferença entre elas é o fato de que apesaram de terem a mesma essência, não agradaram igualmente o telespectador. Vai
entender!
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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