A
morte de um ator que está no ar em uma novela é
sempre uma consternação e um
choque para o telespectador, que como eu , se envolve com cada personagem de
uma maneira muito afetiva.
A
morte trágica do Domingos Montagner,
protagonista da novela Velho Chico, foi sem dúvidas a notícia mais triste
nesta reta final da trama. Não só perdemos um grande personagem, mas também um
talento de um ator ímpar, que parece ter a arte correndo em suas veias de tão
crível em cena que foi em todos os personagens que viveu.
A Globo, infelizmente já passou por isso
algumas vezes no decorrer da sua existência. Outras tragédias já atingiram
outros protagonistas que deixaram muita saudade e uma lacuna na trama
irreparável, porém aceitável.
A
primeira morte de ator/protagonista de uma trama que comoveu o país e deixou os
colegas consternados ocorreu na novela O Primeiro Amor (1972),
do autor Walther Negrão. Sérgio Cardoso, que vivia o personagem Luciano, morreu vítima de um
infarto fulminante no dia 18 de agosto de 1972, faltando apenas 18 capítulos
para o término da trama. A Produção resolveu literalmente substituir Sérgio Cardoso por Leonardo Villar, para finalizar a trama. A substituição do personagem (no capítulo 200) foi feita com todo o
elenco reunido, no palco do Teatro Fênix,
no Rio de Janeiro. Sérgio Cardoso
aparecia saindo por uma porta em sua última aparição na novela. Depois, com a
cena congelada no vídeo, um texto lido por Paulo José explicava o que acontecera e relembrava a trajetória do ator. Por fim,
batia-se à porta e, quando a cena recomeçava, entrava Leonardo Villar, sendo recebido pelo elenco.
Em
1983, a história real invade a ficção novamente com a morte do ator Jardel Filho, também de ataque
cardíaco, em 19 de fevereiro de 1983, em pleno carnaval. O Ator vivia o
mecânico Heitor, protagonista da novela Sol de Verão (1982).
O Autor da novela, Manoel Carlos,
grande amigo de Jardel, não conseguiu terminar de escrever a trama. A Globo encurtou a novela e convocou Lauro César Muniz para terminar de
escrevê-la. Para explicar o sumiço de
Heitor na trama, foi criada uma viagem que o personagem fez sem que ninguém
esperasse. Uma viagem sem volta.
com FÁBIO ASSUMPÇÃO e ERI JONHSON |
Em 1992, outra grande
tragédia atingiu uma novela Global. Glória Perez escrevia De Corpo e Alma, onde sua filha, a atriz Daniele Perez, que apesar de não ser
protagonista, vivia Yasmin, uma personagem importante na trama, foi assassinada
brutalmente por Guilherme de Pádua, que era seu parceiro em cena, e sua esposa. O
Crime ocorreu em 28 de dezembro de 1992. Mesmo abalada com a tragédia, a autora
conduzia a história até o final. Durante os
sete dias que seguiram ao crime, Gilberto Braga e Leonor Bassères assumiram a responsabilidade de escrever os
capítulos e dar uma solução para o desaparecimento dos personagens. Depois de
uma semana, Glória Perez retomou seu
trabalho e aproveitou para incluir mais dois assuntos polêmicos na trama: a
morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. Ao final do primeiro
capítulo sem Daniela Perez, os
atores e o diretor Fábio Sabag
prestaram uma homenagem à atriz com depoimentos gravados, e a história
prosseguiu. A saída de Yasmin da novela foi explicada com uma viagem de estudos
(a personagem era dançarina). Já o personagem Bira, de Guilherme de Pádua, simplesmente deixou de existir.
Não sei ainda que final o Santo terá em Velho Chico,
mas a trama que já está com quase toda a participação do ator gravada, deve fazer um final apoteótico e poético para
homenagear esse grande e último momento de Domingos Montagner em cena.
Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br
www.wikipédia.com.br
Comentários
Postar um comentário