No
início da década de 70, há exatamente 47 anos,
começava uma nova era na teledramaturgia da Globo, abandonando a realidade distante das tramas de Glória Magadan e apostando no realismo
brasileiro com locações e externas em importantes pontos do Brasil. Dias Gomes apresentou a forte trama de Verão Vermelho
que marcava a estreia do horário das dez da emissora e juntamente com Véu de Noiva,
trama das 20 horas iniciada pouco antes , de autoria da Janete Clair acabou de vez
com a força que Magadan tinha como chefe do núcleo de teledramaturgia e que
culminaria com sua demissão meses depois.
Verão Vermelho começa com o aniversário de quinze
anos de Patrícia (Maria Cláudia), no Iate Clube de Salvador. Seus pais, Adriana
(Dina Sfat) e Carlos (Jardel Filho),
haviam casado muito cedo. São infelizes e pensam em separação, mas nada decidem
até que surge outro homem, Flávio (Paulo Goulart), antiga paixão de Adriana e
ligado ao passado de Carlos, sem que ele desconfie. A situação se complica
quando Patrícia começa a demonstrar interesse por Flávio. Ainda a presença de
Selma (Arlete Salles), antiga namorada de Carlos que descobre o passado de
Flávio.
A Trama marcou a estreia de Dias Gomes como autor titular assinando
seu próprio nome. Antes ele
havia escrito A Ponte dos Suspiros (1969) sob pseudônimo de Stela Calderón.
Verão Vermelho tinha
um grande chamariz, a grande estrela Dina Sfat que estreava na Globo e vindo do sucesso do filme Macunaína (1969), do Joaquim
Pedro de Andrade. Inclusive uma das
chamadas de estreia da trama era : “Com
Dina Sfat, a estrela de Macunaíma”.
Dina Sfat estava grávida da sua primeira filha, a atriz Bel Kutner, e sua personagem em Verão Vermelho também engravidava.
Na vida real Bel Kutner
nasceu dois dias depois do nascimento do
bebê de Adriana na trama.
Verão Vermelho foi
a primeira trama da Globo a situar
seus acontecimentos fora do eixo Rio- São Paulo. A trama se passava na Bahia mostrando
as ruas da cidade e locais como a igreja de São Francisco, a igreja do Senhor
do Bonfim, o Farol da Barra, as praias de Itapuã e Pituba, e o iate clube da
Bahia – onde foi gravada a festa de 15 anos de Patrícia (Maria Cláudia), que
ilustra o primeiro capítulo da novela.
A novela inovou ao cruzar sua trama com
a de Véu de
Noiva, trama das oito escrita por Janete Clair, esposa de Dias
Gomes. Em Verão
Vermelho, Paulo Goulart
era um médico que, acusado de charlatão, fugia da cidade que morava. Já em Véu de Noiva,
Míriam Persya procurava um médico
que pudesse lhe dar a confirmação
definitiva de sua esterilidade. Assim Dias Gomes e Janete Clair se combinaram e escreveram capítulos de
modo que os personagens de novelas distintas se encontrassem quando Flor, a personagem da Myriam, se consulta com o doutor Flávio, vivido pelo Paulo Goulart. A cena foi apresentada em ambas as novelas. Até hoje
essa foi a única vez que isso aconteceu na história da teledramaturgia.
Dias
Gomes tocou em dois pontos polêmicos dentro da trama de Verão Vermelho e que só enriqueceram
ainda mais a novela: O preconceito racial e o desquite.
Sobre o preconceito racial, Geralda a
personagem de Lúcia Alves, tentava a
todo custo esconder que era pobre e filha de Clementina, personagem vivida por Ruth de Souza, por ela ser negra.
O desquite foi mostrado através dos
protagonistas vividos pela Dina Sfat e
Jardel Filho. A abordagem foi vista com muitas ressalvas e preconceito. O
desquite no Brasil só viria a ser instituído legalmente em 1977, sete anos
depois do término da trama.
Verão Vermelho foi
uma grande novela que abriu a teledramaturgia nacional para a verdadeira
realidade do Brasil e que começava a mostrar o talento nato para escrever
sucessos do autor Dias Gomes, que
depois de Verão
Vermelho nos presenteou com vários
outros clássicos que também fizeram história na tv.
Ficha Técnica:
Novela
do autor Dias Gomes
Direção
Geral: Wálter Campos e Marlos Andreucci
Elenco:
JARDEL FILHO – Carlos Serrano
DINA SFAT – Adriana
PAULO GOULART – Flávio
ARLETE SALLES – Selma
MARIA CLÁUDIA – Patrícia
MÁRIO LAGO – Bruno (Nonô)
EMILIANO QUEIRÓZ – Irineu
IDA GOMES – Jandira Serrano
CARLOS VEREZA – Raul
ARY FONTOURA – Juiz
HELOÍSA HELENA – Eufrosina
JOÃO PAULO ADOUR – Eduardo
LÚCIA ALVES – Geralda
RUTH DE SOUZA – Clementina
URBANO LÓES – Simão
OSMAR PRADO – Bebeto (Humberto)
PAULO ARAÚJO – Josias
MARIA POMPEU – Teresa
LAJAR MUZURIS – Salim
ROBERTO FERREIRA – Zé Coió
PAULO PADILHA – Padre Antônio
ANA ARIEL – Rosa
LÍCIA MAGNA – Cota
JUREMA PENNA – Zora
SUZANA DE MORAES – Madalena
PAULO GONÇALVES
NELSON CARUSO
DORINHA DUVAL
ZENY PEREIRA
FERNANDO JOSÉ
WALDIR ONOFRE
MARIA FRANCISCA
BEATRIZ VEIGA
ALDO DE MAIO
FRANCISCO NAGEN
DINA SFAT – Adriana
PAULO GOULART – Flávio
ARLETE SALLES – Selma
MARIA CLÁUDIA – Patrícia
MÁRIO LAGO – Bruno (Nonô)
EMILIANO QUEIRÓZ – Irineu
IDA GOMES – Jandira Serrano
CARLOS VEREZA – Raul
ARY FONTOURA – Juiz
HELOÍSA HELENA – Eufrosina
JOÃO PAULO ADOUR – Eduardo
LÚCIA ALVES – Geralda
RUTH DE SOUZA – Clementina
URBANO LÓES – Simão
OSMAR PRADO – Bebeto (Humberto)
PAULO ARAÚJO – Josias
MARIA POMPEU – Teresa
LAJAR MUZURIS – Salim
ROBERTO FERREIRA – Zé Coió
PAULO PADILHA – Padre Antônio
ANA ARIEL – Rosa
LÍCIA MAGNA – Cota
JUREMA PENNA – Zora
SUZANA DE MORAES – Madalena
PAULO GONÇALVES
NELSON CARUSO
DORINHA DUVAL
ZENY PEREIRA
FERNANDO JOSÉ
WALDIR ONOFRE
MARIA FRANCISCA
BEATRIZ VEIGA
ALDO DE MAIO
FRANCISCO NAGEN
Exibição: 17 de Novembro de 1969 à 17 de Julho de
1970
Capítulos: 209
Fonte:
Texto :
Evaldiano de Sousa
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