Em 1969, a Globo tendo como base o sucesso da trama de Beto Rockfeller (1968) na Tupi,
começava a enxergar que era hora de mudar o rumo de sua teledramaturgia e
estreou em 10 de novembro de 1969 a trama de Véu de Noiva, da autora Janete Clair, que inovava em 100% o estilo das novelas do
canal. A trama mostrava a realidade
brasileira, através das corridas de fórmula 1, que começava virar febre no
Brasil através do Emerson Fittipaldi
que despontava como corredor brasileiro. Centrada em locações que eram moda na
época, além de um solar Rio de Janeiro, que para o telespectador que já estava
saturado das locações gélidas dos países em que Magadan sempre centrava suas
tramas, foi um alívio.
Véu de Noiva foi o
grande sucesso daquele ano consagrando a emissora que deu um tiro no escuro,
com a mudança brusca de estilo, e que acabou sendo um dos primeiros grandes
méritos da Globo no gênero depois da
era Glória Magadan.
A novela foi apresentada com um grande
chamariz : “Só Andrea poderia trazer Regina Duarte para a Globo!”. Era o
primeiro trabalho da atriz na Globo,
e com isso a emissora queria conquistar o público paulista que amava Regina Duarte.
Janete
Clair se inspirou para escrever a trama depois de ver um anúncio em um
jornal sobre a venda de um véu de noiva. A Autora já havia escrito a história
em forma de radionovela anteriormente. A
história tinha como ponto de partida um noivado desfeito no dia do casamento,
quando Andréa (Regina Duarte) descobre que o noivo, Luciano (Geraldo Del Rey),
está apaixonado por sua irmã, Flor (Myriam Pérsia). Desiludida, foge de todos
encontrando o verdadeiro amor nos braços de Marcelo Montserrat (Claudio Marzo),
um corredor de automóvel, às voltas com Irene (Betty Faria), mulher irônica e
despojada. Flor descobre-se grávida de Luciano, mas não quer assumir o filho
sozinha por vergonha de ser mãe solteira. Então resolve abandonar a criança,
que ficou sob a guarda de Andréa. Algum tempo depois, Flor se casa com outro
homem, que queria ter filhos. Ao ouvir a confirmação de um especialista de que
não poderia mais ser mãe, ela resolve pedir o seu de volta. A partir deste
momento, a novela começa a girar ao redor da disputa das duas irmãs. Com quem
ficaria a criança? Com a mãe adotiva ou com a mãe verdadeira, que a abandonara.
A disputa entre Andreia e Flor pela
guarda da criança centrou a trama em sua reta final. O Público se dividiu entre
elas e ficou receoso em julgar Myriam, que na época alegou não conseguir
enfrentar a sociedade preconceituosa com mães solteiras. Daniel Filho resolveu criar um julgamento de verdade para finalizar
a história da disputa. O diretor solicitou a um
juiz de verdade, Eliézer Rosa, que armasse um júri real. A decisão
ficou completamente sob responsabilidade
do juiz, nem Daniel Filho ou os
atores sabiam qual seria a decisão. No
final, Andréa , a personagem da Regina Duarte, a mãe adotiva, ficou com
a guarda.
Pouco tempo depois da estreia de Véu de
Noiva, Dias Gomes, marido de Janete Clair, estreou no horário das
dez a trama de Verão
Vermelho, que também seguia o padrão inovador que a Globo começava a implantar a partir de
então. Os dois autores se combinaram e
fizeram com que as duas tramas se encontrassem, outra inovação das duas tramas.
Em Verão Vermelho, Paulo Goulart era um médico que, acusado de charlatão, fugia da
cidade que morava. Já em Véu de Noiva, Míriam
Persya procurava um médico que pudesse lhe dar a confirmação definitiva de sua esterilidade. Os
personagens de novelas distintas se encontraram
quando Flor, a personagem da
Myriam, se consulta com o doutor
Flávio, vivido pelo Paulo Goulart. A cena foi apresentada em ambas as novelas. Até hoje
essa foi a única vez que isso aconteceu na história da teledramaturgia.
Geraldo
Del Rey vivia um dos protagonistas da novela, porém em meados do capítulo
30 pediu demissão para assumir um papel na Rede
Tupi. Para explicar a saída do
personagem a autora iniciou a série do “Quem
matou?” com o assassinato de Luciano.
O Entrecho acabou virando outro ponto forte da trama. Rita , a personagem da Ana Ariel, foi revelada como a assassina. Ela matou o rapaz porque, na sua concepção, ele era um mau caráter que
havia levado a desgraça para sua família: de casamento marcado com uma de suas
filhas, Andréia (Regina Duarte), engravidou a outra, Flor (Myrian Pérsia).
Com a saída de Geraldo Del Rey, a autora criou um novo
personagem, Zé Mário o fotógrafo vivido por Paulo José, que estreava na Globo
depois do sucesso de Macunaína nos
cinemas.
Foi em Véu de Noiva
também, que pela primeira vez eram apresentadas tramas paralelas em uma
novela, hoje algo essência para o
desenrolar de uma trama tantos meses no ar.
Claudio Cavalcanti ganhou um
difícil personagem na trama, o
desarticulado Renato Madeira. O papel foi idealizado por Daniel Filho com base no personagem epilético vivido no cinema pelo
ator colombiano Lou Castel no
filme Punhos Cerrados de 1965. O Desempenho do ator à frente do
personagem gago, fez com ele crescesse
na trama. Ainda como prêmio pelo personagem Cláudio Cavalcanti ganhou um dos principais papéis na trama seguinte de Janete Clair, Irmãos Coragem (1970).
Regina Duarte e Cláudio Marzo tiveram uma grande química vivendo os protagonistas e principal par romântico
da novela. Os dois se encontrariam ainda em outras novelas vivendo par: Irmãos Coragem (1970), Minha Doce Namorada (1971)
e Carinhoso (1973).
Véu de Noiva
foi a primeira novela a ter músicas compostas especialmente para ela e a
primeira a ter um long play lançado comercialmente. Na época ainda pela Philips, antes da criação da Som Livre. A música “Teletema”
interpretada pela Regininha foi o
grande sucesso do disco e ganhou as rádios em todo o Brasil.
A trama atual de Véu de Noiva deu chance para a participação especial de nomes
importantes do cenário musical e dos esportes brasileiros. Assim o piloto escorces
Jackie Stwart, de passagem pelo
Brasil fez uma participação na trama; O poeta Vinícius de Moraes e o
cronista Carlinhos de Oliveira.
Marcelo, o protagonista
vivido por Cláudio Marzo, foi
livremente inspirado no piloto de corridas Emerson
Fittipaldi, que começava a ser firmar como grande piloto e seria mais jovem a conquistar um título na categoria
em 1972.
Véu de Noiva
apresentou em seus figurinos tudo
que estava na moda no final da década de 60 e início da 70. Regina Duarte e Betty Faria desfilavam
na trama com minivestidos e minissaias que viraram o coringa da moda na época.
O Véu de Noiva usado por Andreia, que batizava
à trama, era feito de um finíssimo tecido de renda com uma tiara de
pedrarias.
Assim como ocorreu
atualmente com as duas tramas das sete, Haja Coração (2016) e Rock Story,
Véu de
Noiva estreou numa terça-feira e não em uma
segunda, como é regra até hoje.
“Em Véu de Noiva tudo acontece
como na vida real”
Esse era o slogan principal
da
trama e era a pura expressão verdade. A trama realista, no sentido de centrar os
acontecimentos no Brasil tendo como pano de fundo as belas paisagens do
país, só enriqueceu a teledramaturgia brasileira, e a prova disso é que a
emissora se tornou o primeiro lugar no
gênero alguns anos depois tendo suas tramas consideradas padrões.
Véu de Noiva
foi mais um clássico escrito pela maga Janete Clair e que marcou o ano de 1969 com uma narrativa moderna, abrindo
uma nova janela na teledramaturgia
nacional.
Ficha Técnica:
Novela da autora Janete
Clair
Direção Geral: Daniel
Filho
Elenco:
REGINA DUARTE – Andréa Madeira /
Roberta / Maria Célia
CLÁUDIO MARZO – Marcelo Montserrat
MYRIAN PÉRSIA – Flor (Florentina Madeira)
GERALDO DEL REY – Luciano
BETTY FARIA – Irene
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Armando Muniz
CLÁUDIO CAVALCANTI – Renato
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Sérgio
DJENANE MACHADO – Dudu (Maria Eduarda Albertini)
PAULO JOSÉ – Zé Mário
GILBERTO MARTINHO – Felício Madeira
ANA ARIEL – Rita
ÊNIO SANTOS – Eugênio Montserrat
GLAUCE ROCHA – Helena
ÁLVARO AGUIAR – Dr. Jorge Albertini
NEUZA AMARAL – Lurdes
SUZANA FAINI – Dulce
OSWALDO LOUREIRO – Chico
ZILKA SALABERRY – Tia Cora
LOURDINHA BITTENCOURT – Olga
SUZANA DE MORAES – Vera
PAULO GONÇALVES – Durval Lorena
JORGE CHERQUES – Wilson
JÚLIO CÉSAR – Antônio Lopes
EMILIANO QUEIROZ – Tomaz
MARY DANIEL – Mariana
MIRIAN PIRES – Mariana
DARLENE GLÓRIA – Leda
o menino ROBERTO ARGOLLO – Arnaldinho
e
AGNES FONTOURA
DARY REIS
DORINHA DUVAL
FERNANDO JOSÉ
GRACINDA FREIRE
HENRIQUETA BRIEBA
IDA GOMES
JORGE COUTINHO
JÚLIO GARCIA
LÍCIA MAGNA
MILTON GONÇALVES
ROGÉRIO FRÓES
ZENI PEREIRA
CLÁUDIO MARZO – Marcelo Montserrat
MYRIAN PÉRSIA – Flor (Florentina Madeira)
GERALDO DEL REY – Luciano
BETTY FARIA – Irene
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Armando Muniz
CLÁUDIO CAVALCANTI – Renato
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Sérgio
DJENANE MACHADO – Dudu (Maria Eduarda Albertini)
PAULO JOSÉ – Zé Mário
GILBERTO MARTINHO – Felício Madeira
ANA ARIEL – Rita
ÊNIO SANTOS – Eugênio Montserrat
GLAUCE ROCHA – Helena
ÁLVARO AGUIAR – Dr. Jorge Albertini
NEUZA AMARAL – Lurdes
SUZANA FAINI – Dulce
OSWALDO LOUREIRO – Chico
ZILKA SALABERRY – Tia Cora
LOURDINHA BITTENCOURT – Olga
SUZANA DE MORAES – Vera
PAULO GONÇALVES – Durval Lorena
JORGE CHERQUES – Wilson
JÚLIO CÉSAR – Antônio Lopes
EMILIANO QUEIROZ – Tomaz
MARY DANIEL – Mariana
MIRIAN PIRES – Mariana
DARLENE GLÓRIA – Leda
o menino ROBERTO ARGOLLO – Arnaldinho
e
AGNES FONTOURA
DARY REIS
DORINHA DUVAL
FERNANDO JOSÉ
GRACINDA FREIRE
HENRIQUETA BRIEBA
IDA GOMES
JORGE COUTINHO
JÚLIO GARCIA
LÍCIA MAGNA
MILTON GONÇALVES
ROGÉRIO FRÓES
ZENI PEREIRA
Exibição : 10 de
Novembro de 1969 à 27 de Junho de 1970
Capítulos: 221
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : www.memoriaglobo.com.br www.wikipedia.com.br
Comentários
Postar um comentário