Com uma boa proposta inicial, em 1989 Lauro César Muniz nos apresentou a
trama de OSalvador da Pátria, um clássico do horário nobre global, e que tinha uma trama inteligente e bem amarrada.
O Ano de 1989 seria um dos mais
importantes para a história política do
Brasil, elegeríamos o nosso primeiro presidente em voto direito pós-ditadura. De
olho nisso Lauro idealizou a espinha dorsal da novela, que tinha ainda inspiração no Caso Especial do autor O Crime de Zé
Bigorna, escrito por ele e que virou filme em 1977. O título em si
já era uma espécie de grito nacional que
representava a esperança de 100% do povo.
Porém todo esse entrecho político fez com
que Brasília interferisse na novela, e mesma sem a ditadura oficial, o autor
foi obrigado a atenuar a história do Sassá Mutema, o protagonista vivido pelo Lima Duarte, apontado por muitos como a
figura do então candidato à presidência da República, Luís
Inácio Lula da Silva, O Lula.
A novela foi acusada de fazer apologia à candidatura do petista à presidência.
Enfim, O Salvador da Pátria mesmo mutilada é considerada um dos novelões da Globo e marcou a memória de muita gente
com personagens inesquecíveis como o
protagonista Sassa Mutema, vivido magistralmente pelo Lima e Juca Pirama do Luiz Gustavo. O “Meninos eu Ví!” , bordão
do radialista que denunciava os desmandos políticos da sua região ganhou os
quatro cantos do país.
Falar sobre a trilha nacional de O Salvador da
Pátria
é mais do que um prazer. Hoje tenho o LP da trilha em minha
coleção, com aquela cara sempre sínica do JoséWilker em close na pele do João Mattos, porém lembro-me que na época da
exibição da trama escutei várias vezes as músicas através de um LP emprestado
de uma empregada da casa de uma amiga, que comprava todos as trilhas de
novelas, e eu que ainda não trabalhava só pensava uma coisa: Vou arrumar um
emprego para poder comprar todas as trilhas que quiser! Muito engraçado!
Revendo, ou reouvindo o disco para o post, ainda fiquei encantado de como
foi bem compilada essa trilha. Vale muito a pena revisitá-la.
Duas faixas de O Salvador da Pátria Nacional até hoje são consideradas clássicos dos
temas de novelas e tocam quase que diariamente nas rádios: “Lua e Flor” do Oswaldo Montenegro, foi o tema do mais improvável casal da
teledramaturgia nacional – Sassa Mutema e a professora Clotilde, vividos pelo Lima Duarte e Maitê Proença. O Lima
inclusive já declarou em várias entrevistas que realmente se apaixonou pela
Maitê na trama. Eu confesso que não gostava do casal, não via química, mas a
música é irretocável. A Outra faixa que marcou a trilha foi “Bem
que se Quis (E PO’ CHE FA’)
” da Marisa Monte, tema da
exuberante Bárbara, vivida pela não menos exuberante Lúcia Veríssimo. A Inclusão
das músicas na trilha popularizou os cantores que se tornaram nomes ainda mais
fortes na MPB. O Disco da Marisa que tinha “Bem que se Quis” vendeu como água e está na posição 62 da lista dos 100 Melhores Discos da Música Brasileira da Revista Rolling
Stones.
GilbertoGil compôs “Amarra o Teu Arado à uma
Estrela” especialmente para a
abertura da novela, que mostrava Lima Duarte de Sassa Mutema percorrendo
os painéis que representavam cada fase do personagem na trama. A abertura está
no hall de uma das melhores da década de 80.
“Deus te proteja pela falta de respeito . .
.” Essa música fixou na minha mente logo quando ouvi os primeiros
acordes na trama. Hoje vejo o quanto a letra era sensual como era a
teledramaturgia dos anos 80, e Wando como poucos, sabia seduzir uma
mulher no cantar. “Deus te Proteja de
Mim” inicialmente era tema da personagem Marlene , vivida pela Tássia
Camargo, porém depois da morte da personagem a música virou tema da
esfuziante Marina Sintra, personagem da Betty Faria antes de assumir Tieta (1989) no mesmo ano.
Simoneentrou para a trilha com uma versão incrível de “O Tempo não Para” do Cazuza,
que embalava o personagem Severo, um dos melhores vividos pelo Francisco Cuoco na tv.
Depois do estrondoso sucesso de “O Amor e o Poder” em Mandala (1987), Rosana,
agora Rosanah Fuengo, voltou às
trilhas de novelas com a balada “Direto no Olhar” tema da personagem
Camila , interpretada pela Mayara Magri.
A música foi um dos carros-chefes da trilha.
Para representar o núcleo regional de O Salvador da
Pátria
foram compiladas duas músicas que apesar de não terem virado
popular nas rádios davam um ar bucólico
tanto a trama como a trilha : “Ciranda
do Sassá” do Cláudio Nucci tema
do protagonista Sassá e “Tá na Terra”
do João Caetano tema geral dos
boias-frias.
“Delicious”,
do mesmo disco de estreia do Grupo Yahoo, que ficou popularizado depois de inserção da
música “Mordida de Amor” na
trilha de Bebê a Bordo
(1988), entrou como tema da
hilária Alice, personagem vivida pela Suzy
Rêgo. A Música era a segunda do grupo a figurar em novelas e marcava um
estilo hard rock que nos mostrava outra faceta do estilo da banda. No mesmo
estilo hard rock, “Pra Dizer Adeus” do Wander
Taffo, ex-participante da Banda
Rádio Taxi, falecido em 2008, foi o
tema do personagem Sérgio, vivido pelo MaurícioMattar.
MaitêProença foi estrela absoluta em O Salvador da Pátria. Ela vinha do sucesso da
Camila de Sassaricando (1987), depois de ter se tornado símbolo sexual com a
Dona Beija
(1986) na Rede Manchete. A
Personagem mostrava a atriz em um outro patamar , com status de estrela do horário
nobre, e precisava de um tema à altura.
Assim a clássica “Jade” do João Bosco foi a escolhida. Na verdade a música não identifica
nem um pouco a personagem, “Lua e Flor”
foi tão forte como tema da Clotilde com o Sassá que acabou ofuscando o tema
principal da professorinha.
LucinhaLins uma das estrelas da novela, ela deu vida a sofredora Ângela, que na
trama disputava o marido Joao Mattos (José Wilker) com o narcotráfico e a
Marina Sintra, cantou seu próprio tema
na trama. A música “Febre Tropical”
é o único tema de novela cantado pela atriz/cantora.
O Samba da trilha ficou por conta de
ninguém menos que Beth Carvalho que,
com “Além da Razão” embalou Mauro
Brancato, o médico da trama e eterno apaixonado por Marina Sintra, vivido pelo
ator Cécil Thiré.
A trilha trazia ainda “Horizontes” de A Cor do Som, o
inesquecível tema instrumental do protagonista Joao Mattos, vivido pelo saudoso
José Wilker; “Doce Prazer” do Walter
Montezuma, tema do Paulo , personagem do também saudoso Marcos Paulo e “De Corpo Inteiro” da Jane
Duboc, tema da personagem Gilda, mais uma das inesquecíveis personagens
interpretadas pela Susana Vieira, na
época em que ainda não interpretava ela mesma nas novelas que participava.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br
Vídeos: You Tube
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