O Capítulo de ontem (terça –
29.08.2017) foi um daqueles que nunca serão esquecidos dentro da trama da
Glória Perez e da história da
teledramaturgia nacional. Ivana, a personagem transgênero vivida pela atriz Carol Duarte (que atriz nata essa
menina), revelou para a família sua real condição. Num misto de medo, agressão e desabafo Ivana
falou com todas as letras tudo que lhe afligiu a vida inteira, levando a mãe, o
pai e outros familiares ao desespero ao se declarar um
homem trans, ou seja homem nascido no corpo de mulher.
Um
dos assuntos mais pertinentes do momento, a descoberta e transição de gênero, Glória Perez acertou
em cheio ao aborda-lo na trama. Porém
mais importante que abordagem , é a
maneira de como isso seria mostrado. E essa maga em trazer o novo para suas tramas, com fez com os bebês de
provetas em Barriga
de Aluguel (1990), os clones em O Clone (2001) ou a
esquizofrenia em Caminho das Índias (2009) entre outros, preparou o
telespectador com o máximo de informações, tanto para o assunto como sobre a família e o
meio social da Ivana, que é uma menina de
classe alta, e que embora soasse estranho o fato dela nunca ter atentado
para o fato do transgênero, visto que é bem informado e tal, mas muita gente
apesar do problemas à seus olhos, muitas vezes não percebe mesmo, precisa de um
estalo para acordar. O Da Ivana foi o personagem Tê, transgênero na vida real vivido pelo ator Tarso Brant, que a Glória inseriu com maestria dentro da
história.
Vale lembrar que um assunto desse porte,
importância e delicadeza de nada adiantaria, mesmo no texto perito da autora,
sem uma atriz que se jogasse de cabeça na Ivana, e nesse caso a escolha da Carol Duarte foi outro acerto. A atriz que debuta na Tv mostra sem pudores ou vaidades todo a drama da
personagem, e se alguém tinha alguma dúvida
sobre seu talento e a escolha para o papel,
as cenas da Ivana cortando os cabelos no capítulo de ontem tirou todas. Uma cena forte mesclando todo o
desespero do não saber o que viria pela
frente depois dessa revelação e ao mesmo tempo um grito de liberdade. Pura
emoção!
Carol
Duarte roubou a cena, mas não posso deixar de citar a Maria Fernanda Cândido, que inicialmente muito criticada pelas
futilidades da Joyce, mostra em cenas
como essa que a personagem precisava
daquele distanciamento da realidade com as futilidades para que o “choque” com
a transição de gênero da filha tivesse o
impacto necessário para o roteiro.
Enfim, parabéns a todos os envolvidos
que proporcionaram a telespectador um momento ímpar na tv brasileira no capítulo desta terça
(29.08) de A
Força do Querer.
Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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