Mas do que uma trilha, o post de hoje vai relembrar a trilha sonora de um marco da teledramaturgia
nacional do final da década de 80, e por mais que venham “Avenidas Brasil” ou “A Força do Quereres”, Vale Tudo , do GilbertoBraga sempre será lembrada como aquela trama que serve de parâmetro em todos
os sentidos. É exemplo de um bom texto, uma direção impecável, ganchos de tirar
o fôlego e um elenco que Benza Deus!
O que dizer de personagens como Odete
Roitmann (Beatriz Segall), Maria de Fátima (Glória Pires) e Marco Aurélio
(Reginaldo Faria)? Vilões que até hoje
são sempre citados entre os melhores.
Não tem como fechar os olhos e não relembrar
uma ou outra entre as várias
cenas que marcaram Vale Tudo, como a morte da Odete Roitmann, o
acerto de contas da Raquel com a filha
no dia do casamento desta, e aquele
sonoro “Mooooonnnstroooooo!” que só a nossa Regina Duarte tem gabarito
para proferir. Além da “Banana” que o Marco Aurélio
deu para o Brasil no último capítulo.
É a personificação do clássico novelão/folhetim com a corrupção e a falta de ética conduzindo
a trama e deixando no ar a pergunta que
mesmo quase 30 anos depois, infelizmente ainda é uma indagação pertinente : “Vale
mesmo ser honesto no Brasil de Hoje?”.
Para acompanhar a trama que literalmente
parou o Brasil com personagens inesquecíveis e com o “Quem
Matou Odete Roitmann?” o mais famoso da teledramaturgia nacional, foi selecionado grandes nomes da MPB como Maria
Bethânia, passando por Caetano
Veloso , Cazuza e Verônica Sabino. Não se poderia arriscar, a trilha
nacional da novela tinha que ser tão impactante quanto a própria, e assim foi!
O LP que tinha Antônio Fagundes na capa fazendo às vezes do galã Ivan, seu
personagem na trama, abria com a clássica versão da Gal Costa para “Brasil”, do Cazuza, Nilo Romero e George Israel (do
Kid Abelha). A Música abria os
capítulos da trama todas as noites nos lembrando com seus refrãos metafóricos a
situação em que o Brasil vivia na época, e que infelizmente se estende até os
dias de hoje ainda. “Brasil mostra a tua, quero ver quem paga pra gente ficar assim”.
Inesquecível e sem dúvidas o melhor tema
de abertura da década. “Brasil” se
tornou hino contra a corrupção e por dias melhores depois de Vale Tudo.
Outra música que tocou incessantemente
na trama, e mesmo assim não dava para enjoar, foi “Tá Combinado” o tema do casal Raquel e Ivan, os personagens da Regina Duarte e Antônio Fagundes, na voz da Maria Bethânia. Que música maravilhosa e na interpretação da Bethânia nem precisa de mais explicações,
não é!?
Raquel, a inesquecível personagem da Regina Duarte era um baluarte à
honestidade, e mesmo indo ao extremo para se manter íntegra aos seus
princípios, nunca foi uma personagem chata e com o seu “Sangue de Jesus tem Poder!”
jogou na cara de muita gente através da
novela frases e atitudes que viviam engasgadas.
Para acompanhar a trajetória da personagem que de vendedora de sanduiches na
praia virou grande empresária do ramo alimentício, CaetanoVeloso gravou o clássico “Isso Aqui
o Que É”, outra faixa do disco nacional da trilha que se transformou em
hino.
“Faz
parte do Meu Show” a balada do Cazuza, em uma das melhores letras que
ele já escreveu, embalou o casal Solange e Afonso, vividos pela Lídia Brondi e Cássio Gabus Mendes. Por
causa das armações da Fátima (Glória Pires), o casal praticamente só ficou junto nos primeiros capítulos e no
último, mas a música é tão forte que não
tem com ouvi-la e não lembrar dessa bela
história de amor que ganhou a capa da trilha internacional e saltou a ficção.
Depois da trama, Lídia Brondi e Cássio Gabus Mendes atuaram em Tieta (1989)
e Meu Bem MeuMal (1991). Depois do término dessa
última, eles se casaram e eu só não comemorei muito, por causa da decisão da Lídia de abandonar a
Tv para cuidar do marido e da família.
A Maria de Fátima da Glória Pires, acabou passando mais
tempo como esposa do Afonso em Vale Tudo, e para os bons, embora falsos, momentos
do casal, a voz indefectível do Ritchie em “À Sombra da Partida” foi presença constante.
Búzios e o centro do Rio de Janeiro eram
as principais locações de Vale Tudo. Passei a trama inteira sonhando em passar
um final de semana na pousada da Laís (Christina Prochaska). Dois grandes nomes
da MPB foram escalados para cantar os temas
dessas locações: João Bosco
com “Terra Dourada” embalava as
cenas da novela em Búzios e Gonzaguinha com “É” foi o tema das cenas e
acontecimentos do Centro do Rio.
Leila, a personagem da Cássia Kiss, muito antes de matar a
Odete Roitmann no último capítulo da trama, ganhou como tema a música “Ponto Cardeais” do Ivan Lins para embalar seu romance com Renato (Adryano Reis) , e
depois com Marco Aurélio (Reginaldo Faria).
Maria de Fátima e César, os personagens
da Glória Pires e do Carlos Alberto Ricelli, são sem dúvidas o casal de apaixonados mais
sacana e sem escrúpulos da história da teledramaturgia nacional. Enganaram quem
puderam, seduziram que quiseram e deram um show de química poucas vezes visto
na tv. Para celebrar dois personagens tão enigmáticos e de crucial importância
no sucesso de Vale
Tudo dois temas distintos que diziam
muito do perfil de cada um. A Fátima, sempre visceral em suas maldades, foi embalada pelo pop rock do Barão Vermelho em “Pense e Dance”. Já o César, que na trama usou toda sua veia de galã
canastrão sensualizando com aquela sunga mais cavada que , só Deus na causa, ganhou a balada romântica “Besame” da Jane Duboc.
Heleninha Roitmann foi o grande
personagem da Renata Sorrah. Que
entrega dessa atriz ao viver uma personagem que poderia ter inspirado pena ao telespectador,
mas quando nas crises, completamente bêbado ela se aproximava do
público de uma forma tão sensível e visceral, que só uma atriz do quilate da
Sorrah par dar vida. A Heleninha virou
assunto em todas as rodas de conversa e até hoje é sinônimo de quem gosta de
exagerar no álcool. Verônica Sabino
e sua voz inconfundível em “Todo Sentimento” embalou o drama da
personagem por toda a trama.
Fábio
Vila Verde que interpretou o jovem Thiago na trama, ganhou como tema “Um Mundo Só Pra Nós (Eye in The
Sky) da Banda Gáz, formada por um grupo de rapazes, uma espécie de NX Zero da época. A banda fez uma
via-crúcis por todos os programas de auditório da final da década, mas depois
do sucesso da música na novela desapareceu. Nem na internet achei nada sobre
que fim levou a banda.
Ivan, o galã dúbio vivido pelo Antônio Fagundes na trama, foi embalado
pelo voz do Nico Resende com “Penso Nisso Amanhã”. Uma música com um refrão chiclete e que,
infelizmente, acabou não sendo muito tocada na novela.
Léo
Gandelman com a instrumental “Sem Destino” fechava o LP da trama como
tema do núcleo dos ricos de Vale Tudo, encabeçado pela inesquecível Tia
Celina , vivida pela Nathalia Timberg e os que a rodeavam.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa: www.memóriaglobo.com.br
e www.wikipédia.com.br
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