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A Audiência nunca foi tão nociva à uma trama com em “O Outro Lado do Paraíso”



        O Outro Lado do Paraíso, trama do autor Walcyr Carrasco, encerrou sua trajetória no horário nobre nesta sexta-feira (11.05), e  acho que nunca na história da teledramaturgia a audiência jogou tanto contra a uma trama.  A novela que iniciou com bons índices deixados por A Força do Querer teve seu ápice com o retorno e as vinganças da Clara (Bianca Bin), a partir  de então foi uma crescente até ultrapassar a antecessora e fechar com índices iguais aos de  Avenida Brasil (2012).



Porém junto com a audiência a novela apresentou uma enxurrada de absurdos e desserviços que me preocuparam. A Impressão foi,  que se estava dando audiência, valia  tudo então. Temas   que poderiam ter rendido bons entrechos se perderam e  foram tratados de forma irresponsável pelo texto raso e batido do Walcyr, que numa trama de época, no horário das seis, que tem essa temática mais distante da realidade, o caso de Êta Mundo Bom (2016), é aceitável, mas em O Outro Lado do Paraíso soaram  totalmente incoerente  com o aceitável.  



Nesses desperdícios entram o entrecho da Anã Estela (Juliana Caldas). Ao invés  de abordar o nanismo com o intuito de inclusão e aceitação, mostrou uma personagem vitimada e humilhada,   única e exclusivamente por sua condição. O Caso da violência doméstica , justificada com um “problema espiritual” do Gael (Sérgio Guizé), Isso sem falar no núcleo de “humor” da trama encabeçado pelo Dr. Samuel (Eriberto Leão), um dos personagens que mais sofreu mutações conforme  o roteiro pedia. Sem dúvidas um dos maiores desserviços prestados por  O Outro Lado do Paraíso, com a confusa relação do Samuel  com Cido (Rafael Zulu), a ex-mulher Suzy (Ellen Rocche) grávida,  a mãe de bicha Adinéia (Ana Lúcia Torre) e  até a ex-amante do atual namorado fechada no penúltimo capítulo com o beijo entre os personagens do Eriberto Leão e Rafael Zulu, principalmente se pensarmos que ela sucedeu A Força do Querer, da Glória Perez, que apresentou atráves da Ivana (Carol Duarte),  com total responsabilidade o tema da identidade de gênero,  e  o próprio autor que no final de Amor à Vida, deixou uma das mais belas e fortes mensagens contra o preconceito ao homossexualismo com o Félix do Mateus Solano.



        Glamourização da prostituição, racismo, mediunidade foram alguns dos outros assuntos tocados em O Outro Lado do Paraíso que também ficaram devendo muito em responsabilidade.



        No meio dessas tramas alguns atores sofreram  para conseguir fechar a trama ou participação de seus personagens. Deu  pena assistir  Glória Pires vivendo um entrecho tão  chato,  sem nexo e bem, bem abaixo do que ela poderia render na trama. E nesta lista ainda tem a Livia da Grazzi Massafera, prometida como uma grande vilã, o Mariano do Juliano Cazarré; o Natanael do Juca de Oliveira,  entre outros que se perderam ou foram esquecidos dentro da nada sútil trama.




        Mas nem só de  absurdos e desserviços, se formou O Outro Lado do Paraíso,  o autor sabe como poucos  cativar o público transformado em audiência. Claro que a vingança da Clara (Bianca Bin) foi o chamariz dos melhores entrechos da história, em destaque os julgamentos da Beth (Glória Pires), do Delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e agora por último da vilã Sophia (Marieta Severo).  Cada um com grandes reviravoltas que representavam mais índices para a crescente  audiência.



        A Abordagem mais importante de O Outro Lado do Paraíso sem dúvidas foi o entrecho do assédio sexual, protagonizado pela quase estreante Bella Piero. Apesar da hipnose pela “advogada coach”,  o desenrolar da história foi muito bem abordado durante o processo de descoberta do assédio até  o  pós-revelação, mostrando o tratamento da Laura com  psicólogo  e terapia. Bella Piero brilhou na pele da personagem, dando delicadeza, força e introspecção na medida certa.




        Outros destaques no elenco de O Outro Lado do Paraíso: As veteranas Fernanda Montenegro,  mesmo na pele da bruxa/vidente que previa de acordo  com o que o  roteiro pedia, deu credibilidade e emoção a Mercedes; Marieta Severo como a vilã Sophia, que tirou leite de pedra do texto batido da trama e Ana Lúcia Torre, que conseguiu deixar sua marca registrada mesmo no desconexo núcleo cômico.



        Bianca Bin, foi espetacular na pele da protagonista. Impossível imaginar outra atriz em seu lugar  - Assim com  a Tieta foi para a Betty Faria; Odete Roitmann para a Beatriz Segall, a Clara tinha que ser da Bianca.
        Sua trinca de pretendes também  fez diferença na trama – Sérgio Guizé,  que fez das nuances do Gael um ponto importante do perfil complexo do personagem; Rafael Cardoso, que embora sua transformação em vilão na reta final tenha soado exagerada,  em seu conjunto da obra o personagem foi muito bem construído e,  Thiago Fragoso, que  tinha o personagem mais fraco dos três  nas mãos, correu por fora,  e transformou o coadjuvante Patrick em protagonista, e como prêmio ganhou o amor da mocinha na reta final. Tal qual ele fez com o Carneirinho em Amor à Vida (2013). 



        Também vale citar boas revelações, como a Fernanda Rodrigues, que na pele da vilã Fabiana, deu um novo status a sua carreira; Mayana Neiva como a sensual Leandra; Eliane Giardini, a Nádia; Anderson Tomazini , o Xodó, entre outros.


Conseguir audiência é um dos principais objetivos dos autores de hoje, o que chega ser explicável pelo fato de que por melhor que a trama seja, essa falta de audiência prejudica em muito seu andamento. Mas dosar uma novela  com  temas importantes apenas em entrechos que chamam  público, com o único intuito de entreter sem informar com responsabilidade é no mínimo um lamentável e desnecessário desserviço.




O Outro Lado do Paraíso foi uma novela bonita, que encheu os olhos, com a beleza do Jalapão como pano de fundo, mas que infelizmente a boa audiência prejudicou  sua  dramaturgia.




Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa    

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