E um dos maiores sucessos e fenômenos da
teledramaturgia nacional estreava há exatos 30 anos – Vale Tudo, do autor Gilberto Braga.
“Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?”.
Com essa pergunta Gilberto Braga dava o
pontapé inicial à trama e o “hoje” da pergunta nos remete há 30 anos
atrás em 1988, ano em que se refletiam os principais problemas políticos
do país, mas a pergunta infelizmente parece mais atual do que nunca.
Vale Tudo juntou
o mais fiel dos folhetins com uma crítica social aguçada, que fez os
brasileiros pararem para pensar. Gilberto usou como os
dois pontos dessa história as figuras de Raquel Acciolly ( Regina Duarte ) e
Ivan ( Antônio Fagundes ) representando o lado honesto e integro , e
Odete Roitmann ( Beatriz Segall ), Maria De Fátima ( Glória Pires ) e César (
Carlos Alberto Ricelli ) que retratavam o que havia de podre no país.
Vale Tudo nos apresentou um leque de personagens inesquecíveis,
a começar pela “trinca de ouro” da novela. Raquel Aciolly , Maria de Fátima e
Odete Rotmann. Regina Duarte na pele da honestíssima Raquel brilhou
e espalhou seu bordão “Sangue de Jesus tem poder” Brasil à fora, dito a cada batalha vencida pela personagem. A
Raquel chegou a ser criticada devido o exagero de honestidade da
personagem , mas que no decorrer da trama foi dosado , principalmente quando
ela finalmente entende que Maria de Fátima não presta e dá o troco à filha.
Falar de Vale Tudo
e não citar essa dupla , é impossível, Glória Pires e Beatriz
Segall na pele das vilãs Maria de Fátima e Odete Roitmann foram a alma
da novela . A Odete da Beatriz, é de longe sua melhor personagem na TV e a mais
marcante, tanto que a atriz diz que até hoje mesmo 30 anos
depois muitas pessoas ainda lhe perguntam sobre a personagem. E Glória
Pires se entregou de corpo e alma para viver a interesseira Maria de
Fátima, que fez todas as possíveis e impensáveis maldades e falcatruas na
trama. Nos capítulos finais o autor ensaiou um arrependimento para a
personagem, que pareceu que iria se redimir , mas na semana final ela não
resiste, deixa o filho com Raquel e entra em mais uma armação para se dar bem,
casando-se de “fachada” com um príncipe, e óbvio com comparsa César de amante.
A Heleninha Roitmann vivida pela Renata
Sorrah , também deixou sua marca em Vale Tudo.
Alcoólatra e culpada por pensar ter sido ela a responsável pela morte do irmão,
Heleninha vivia entre altos e baixos na trama, e tornou inesquecíveis seus
barracos cada vez que tomava um porre. Inesquecível a cena em que depois que descobre que o amante de sua mãe é
o cafajeste César Ribeiro, completamente bêbada, pede um “Mambo Caliente”
na boate.
Solange Drupat, magistralmente vivida pela Lídia
Brondi, foi outro grande destaque. Logo de cara seus look´s e cabelo
de franginha virarão moda no país inteiro.
Vale Tudo é marcada por várias cenas
antológicas, como a do primeiro capítulo, em que Raquel descobre que a
filha vendeu a casa e sumiu com o
dinheiro; no capítulo 14, no ar em 31 de maio de 1988 em que Fátima encontra Raquel,
vendendo sanduíche na praia; Raquel rasgando o vestido de noiva de
Fátima, quando esta se casa com Afonso; Fátima rolando as escadarias do
Teatro Municipal; o acerto de contas entre Fátima e Solange, quando esta descobre a traição do
marido Afonso. Bem como o acerto de contas entre Fátima e Afonso (Cássio Gabus
Mendes), quando este descobre a traição de Fátima com o bon vivant César,
e as cenas finais do último capítulo, quando Leila, personagem de Cássia Kiss , revela ser a assassina de Odete Roitman, e Marco Aurélio, personagem de Reginaldo Faria, deixando o país, dando
uma banana para o Brasil, ou seja um coletivo de “cenas” que
entraram para hall da teledramaturgia.
Um dos crimes
mais famosos da teledramatugia foi o assassinato da vilã Odete Rotimann no
capítulo 193, que apesar de ter ficado apenas 13 dias no ar, a pergunta : “Quem Matou Odete
Rotmann?” tomou conta do Brasil , e virou bolsa de apostas. A
empresa de caldos Maggi promoveu até uma promoção premiando o
sorteado que acertasse a identidade do assassino.
A revelação
da identidade foi uma das mais criativas
na minha opnião. O Autor revela que no final apesar de ter motivos suficientes
para ser morta por vários personagens da novela, Odete fora assasinada por engano. Leila (Cássia Kiss) esposa de Marco Aurélio já sabendo do seu caso com sua então amiga Maria
de Fátima , fica transtornada ao descobrir que eles usavam sua própria cama. Desesperada
ela sai à procura do marido em seu apartamento da época de solteiro, ao entrar
ver a sombra de alguém no lavabo e pensando ser Fátima dispara o
revólver.
Uma das tramas paralelas de Vale Tudo contava a história de Cecília
( Lala Dehinzelin) e Lais ( Cristina Prochaska) , duas amigas que eram
sócias em uma pousada. Foi insinuado uma relação homossexual entre elas , mas o
autor resolveu não levar o entrecho para
a frente , e matou a Cecília em um acidente. A Produção da novela conta que o
acidente já estava na sinopse deste o início , mas a imprensa divulgou que o
relacionamento polêmico no auge do final dos anos 80 não agradou o público e
alta cúpula da Globo “sugeriu” ao
autor que ela fosse suprimida da trama.
Para comemorar os 30 anos de estreia de Vale Tudo, o Canal
Viva anunciou uma re-reprise da trama a partir de junho próximo. A
Novela já havia sido
reprisada pelo canal em seu ano de estreia em 2010 e causou um alvoroço de audiência , repetindo o sucesso da
exibição original e da reprise no Vale a Pena Ver de Novo da Globo,
só que desta vez com o “auxílio” das redes sociais. O #ValeTudoTeam diariamente
liderava os “topic Trends” do twitter
no horário de exibição, e fez mais uma vez o Brasil se emocionar com os
personagens inesquecíveis de Gilberto Braga.
A
Exibição no Viva , apresentou à trama para uma nova geração
que, comprou a trama e pode ver a força de uma novela de verdade. Nunca mais existiram na
teledramaturgia nacional personagens tão ricos dramaturgicamente.
Parabéns Vale Tudo ... que venham os
próximos 30 anos!
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.wikipédia.com.br
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