É fato que o futebol e as novelas são duas paixões nacionais. Qual brasileiro nunca se pegou torcendo por um personagem ou chorando por que seu time foi desclassificado?
Aproveitando esse clima patriota que a Copa do Mundo sempre traz, que tal relembrarmos as vezes em que essas duas paixões se
fundiram, uma ajudando a outra, culminando em grandes sucessos da nossa
teledramaturgia nacional. Um verdadeiro um gol de placa!
Em 1970, quando estreou a primeira
versão de Irmãos
Coragem, da Janete Clair, o Brasil ainda estava
embriagado pelo tricampeonato mundial da seleção conquistado na copa do México.
Janete sempre visionário, escreveu um dos irmãos da história como um jogador de
futebol. Duda , o personagem do Cláudio
Marzo, tinha ido embora da pequena cidade para tentar a vida como jogador e
volta coroado com estrela de um grande time. A Ideia da autora era chamar
atenção do público masculino e urbano para a trama. O Plano foi perfeito, pela
primeira vez os homens assumiam que assistiam novelas e torciam pelo final
feliz dos protagonistas tal qual em uma partida de futebol.
Em 1984 não teve Copa do Mundo, mas a Globo novamente usou do futebol para
chamar público para uma trama. Em Vereda Tropical,
novela que marcou a estreia solo de Carlos
Lombardi como autor, tinha como protagonista um centroavante boa praça que
tentava a todo custo se firmar em um grande time de futebol. Mário
Gomes em plena forma defendeu o jogador, e na pele do Luca conquistou o público com seu
talento e beleza. No último capítulo, Luca é descoberto pelo Corinthians, e estreia no
lotado estádio do Morumbi em São Paulo. A Gravação foi um acontecimento
memorável: o personagem chegou de helicóptero ao gramado antes do jogo em que o
Corinthians enfrentava o Vasco da Gama.
Quando o centroavante Serginho
marcou o seu segundo gol, o ator Mário
Gomes invadiu o campo vestindo o uniforme do clube e comemorou abraçando o
atacante. O Juiz da partida não gostou nada
da invasão da trama no jogo, e embora tenha ficado em um momento de
indecisão, expulsou o ator do campo.
O Pindorama era o fictício time de
futebol e espinha dorsal da história da
novela O Campeão,
do autor Ricardo Linhares, exibida
em 1996, outro ano em que não teve Copa do mundo, na Rede Bandeirantes. O Time
foi usado dentro da trama para abordar assuntos polêmicos dentro do mundo do
futebol como negociações, trapaças, esquemas criminosos, exploração de menores,
trabalho infantil e o cotidiano nada glamoroso
de um grande clube.
Raquel Ripani em ZAZÁ |
No ano seguinte, o futebol foi abordado na novela Zazá (1997),
do autor Lauro César Muniz. Sissi, a
personagem da Rachel Ripani, filha
caçula da Zazá (Fernanda Montenegro), adorava jogar futebol, porém tinha uma
perna de pau explícita. Para ajudar a
filha, a milionária lhe compra um time e contrata um bom técnico pra
transforma-la em estrela do clube. Era a primeira vez que o futebol feminino,
sempre tão à sombra do masculino, ganhava destaque em uma novela.
Em 1999, Aguinaldo Silva usou o futebol para contar a história de um dos
casais da trama – Renildo e Marina, os personagens do Rodrigo Faro (antes de estrear como apresentador da RecordTv) e Déborah Secco. Na trama Marina, era
uma linda periguete à procura de um marido rico, que não assume o namoro
com Renildo por ele ser filho do
porteiro do prédio. Meses depois, Renildo
dar uma guinada na vida ao ser contratado como jogador titular do
Flamengo. Claro que Marina volta correndo para o novo rico da praça, mas
descobre o amor verdadeiro quando este é diagnosticado com um doença
degenerativa que acaba com sua promissora carreira. Várias das cenas de Suave Veneno foram gravadas em dias de jogos do time carioca antes
do início das partidas.
Em 2010,
ano da Copa da África do Sul, em
que o Brasil não chegou nem ao quarto lugar, foi a vez da Malhação abordar
o futebol como um dos seus temas. Maicon, o personagem do Marcello Melo Jr , era goleiro
de um famoso time da cidade. O Rapaz que dedicou a vida ao futebol não
tinha nenhuma inspiração acadêmica, e sua única intenção era largar os estudos
e se dedicar por completo aos campos. No início da história, ele fratura os
ossos da mão, e viu seu sonho de se tornar um goleiro titular ir pelos ares.
Avenida Brasil, o fenômeno do autor João Emanuel Carneiro, tinha como
um dos centros do seu enredo a Família
de Tufão, personagem do ator Murilo
Benício, que iniciava a trama como um astro do Flamengo que acabara de se
aposentar. Tufão enriqueceu e ajudou os amigos
da bairro do Divino, graças ao seu
sucesso no futebol, e como retribuição
criou seu próprio time - o Divino Futebol Clube onde jogam Ivan
(Bruno Gissoni), Leandro (Thiago Martins), Roni (Daniel Rocha) e Jorginho, o
personagem vivido por Cauã Reymond,
filho de Tufão. O Divido Futebol Clube nunca passou das competições de bases , mas no
último capítulo da trama, Adauto, o
personagem do Juliano Cazarré, vira
estrela do time e o classifica para série A.
Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
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