Em 1990, Glória Perez discutiu um tema novo para época: os limites éticos da
inseminação artificial envolvendo mães de aluguel e bebês de proveta como tema central de Barriga de Aluguel, um dos grandes
sucessos do horário das seis.
GlóriaPerez vinha da Rede Manchete,
onde acabara de escrever a novela Carmem (1987/1988), e nessa volta à escreveu a minissérie Desejo (1990),
sobre a trágica vida e morte de Euclydes
da Cunha, e em agosto pode finalmente apresentar o projeto de Barriga de Aluguel,
engavetada em seu escritório desde 1985.
A novela mesmo com a forte temática científica tinha
um filão dramático sedutor – afinal qual mãe tinha direito ao filho? A Que
gerou ou a que o recebeu na barriga?
Essa discussão prendeu e não cansou o público mesmo em 243 capítulos, um
novelão, principalmente se considerarmos ter sido apresentada no horário das
seis.
A Trama consagrou Cláudia Abreu, na pele da protagonista Clara, que como seriam todas
as outras protagonistas da autora no canal, tinha um perfil dúbio e desestruturado,
bem diferente das “mocinhas” tradicionais.
O Sucesso da trama credenciou Glória Perez para o hall dos grandes autores globais, e no ano
seguinte ao término da novela já
estreava em horário nobre com De Corpo e Alma (1992), novamente
com tema científico, desta vez com o transplante de coração como mote
principal.
A trilha nacional de Barriga de Aluguel apesar de não ser
uma campeã de vendas, marcou aquele
início do anos 90 com uma seleção mesclada com temas extremamente populares, que
ganharam as rádios do Brasil, e gravações “clean” que embalava os personagens,
ditos mais sofisticados da novela.
O Disco que trazia Cássia Kiss, a Ana, como estrela da capa, abria com a melosa “Aguenta
Coração” do José Augusto.
A música foi o tema de abertura da novela e também acompanhou todo o dilema da
Clara (Cláudia Abreu). Tocou incessantemente e é impossível ouvi-la e não lembrar
imediatamente de Barriga de Aluguel. “Aguenta
Coração” foi para Barriga de Aluguel o
que “O Amor e o Poder” foi para Mandala (1987).
Outro tema que se popularizou e invadiu
as rádios de todo o Brasil foi “Nuvem de
Lágrimas” no dueto inesquecível da Fafá de Belém com a dupla Chitãozinho eXororó, que serviu de tema do João, o caminhoneiro machão vivido pelo Humberto Martins.
Sura
Berditchevsky e Vera Holtz, apesar de viveram duas mulheres completamente
diferentes dividiram o mesmo tema dentro da trama – A música “Joguei Tudo com Você” na voz da Adriana. Sura viveu a tímida e religiosa Raquel, irmã da
protagonista. Vera Holtz vivia a
bela e fogosa Dos Anjos, uma mulher despachada que era a alegria do bairro.
Denise Fraga viveu em Barriga de Aluguel uma
das personagens mais marcantes da sua carreira. A Apaixonante e eterna
apaixonada Ritinha, jogou com todas as armas para conquistar o caminhoneiro
João (Humberto Martins). Sua personagem foi
embalada por “Sonho Encantado”
na voz da Banda Yahoo, que ganhou
grande projeção depois de “Mordida de
Amor” ter estourado nas rádios como tema da novela Bebê a Bordo
(1988).
Depois de “Aguenta Coração”, “Feira de Acari” do MC Batata, é a outra música
que mais identifica a trama. A inserção da música como tema do núcleo de Inhaúma,
na Zona Norte, ajudou na difusão do funk
no Brasil naquele início da década de 90.
Sobre a parte “clean” da trilha vale
destacar a impecável “O Amor não é um
Filme (Jezebel)” , do Dalto, tema do personagem Zeca, vivido
pelo então estreante na trama, Victor Fasano.
Jairo Mattos, o outro galã da trama, também estreava em Barriga de Aluguel,
vivendo o médico idealista Tadeu. Eu Tomei
um raiva desse Tadeu na época da trama, o que ele fazia a Clara sofrer não dava
para aguentar. O personagem ganhou como
tema a música “Sobre o Tempo”, que
virou clássico da Banda Nenhum de Nós.
Cássia Kiss,
como sempre, defendeu com maestria a
outra protagonista da trama, e embora em
alguns momentos tenha ganho a antipatia do público, sempre teve sua torcida
também. Djavan foi escalado para
cantar o tema da personagem – a música “Vida
Real (Dejame Ir).
Nicole Puzzi,
musa das pornochanchadas dos anos 70, deu vida a desiquilibrada Luiza na trama
da Gloria Perez, uma das suas mais
marcantes personagens da atriz na teledramaturgia. A personagem ganhou com tema
das suas loucuras pelo Dr. Baroni (Adriano Reys) a música “Eu
Acredito” na voz da Gal Costa.
A
Relação conturbada entre o médico humanista Molina e a doutora cientistas Miss Brow, os personagens
do saudoso Mário Lago e Beatriz Segall, foi um dos bons
entrechos da trama. Com ideias bem
distintas sobre o destino das ciências médicas, eles viviam em pé de guerra,
apesar de esconderem um amor que há anos sentiam um pelo outro. A relação foi
embalada pela música “Horas Perdidas”
versão de “Three Coins In The Fountais”
na voz da Rosemary.
A
trilha era composta ainda pelas faixas: “Machuca
e Faz Feliz (Song For You Far Away) na voz do Biafra, tema do personagem Dudu, do ator Paulo César Grande, que vivia um técnico de vôlei na trama; e as instrumentais “Ssell” do Julinho Teixeira,
tema da Aída (Renée de Vielmond); “Copacabana”
tema do núcleo da boate e de Copacabana
e “Samba Point”, tema dos personagens
Pc e Moema, vividos pelo Wolf Maia,
que também dirigia a trama, e Lúcia
Alves, ambas da banda A Caverna.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br
Gostaria de ter essa trilha sonora .cd..
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