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Malu Mulher – 40 anos



        No último dia 24.05,  Malu Mulher, a clássica série estrelada por Regina Duarte no final da década de 70 e início de 80 completou 40 anos. Com temas fortes, que iam desde o primeiro orgasmo ao aborto,  é considerada um marco na história da teledramaturgia nacional. O Programa foi o pioneiro na luta pelos direitos da mulher e focava no novo perfil da mulher brasileira, que começava mudar radicalmente naquela virada de década, onde as mulheres conseguiram o direito ao divórcio, ter novos parceiros,  a independência  e  se tornavam dona de seus narizes.

        Regina Duarte, na pele da protagonista Malu foi o grande destaque da produção. Sua química  com Narjara Turetta, que fazia sua filha, também foi outro ponto forte. Com a Malu, a Regina  abandonou  de vez o título de namoradinha do Brasil, que ganhou graças as suas personagens românticas, cândidas e sofredoras.

        A Saudosa Marília Pera foi a primeira opção para viver a protagonista, mas o diretor Daniel Filho bateu o pé até conseguir Regina Duarte. Impossível imaginar outra atriz na pele da Malu.

        O Primeiro episódio “Acabou-se o Que Era Doce”  é antológico. Abordava o processo de separação  de Malu e Pedro Henrique (Dennis Carvalho) , definindo os personagens e dando início a uma mudança radical em suas vidas. O Telespectador  acompanhou cenas memoráveis das discussões entre o casal, as brigas mais violentas, a insegurança da filha e a evidente desarmonia do lar. Ficou nítido que aquela série tinha vindo para ficar na história – dito e feito!
        A Série ficou apenas 2 anos no ar –  parece que foi mais tempo – devido o tamanho da contribuição à sociedade – No primeiro ano o seriado mostrou as dificuldades de Malu na tentativa de se virar sozinha e conseguir um emprego. No segundo, a protagonista estava amadurecida e conseguia um trabalho fixo em um instituo de pesquisas, iniciando uma nova fase em sua vida, recomeçando de novo, como diria a música de abertura.
        Malu foi a primeira personagem feminina da televisão brasileira a sentir orgasmo. A personagem nos deu esse prazer no episódio “De Repente, Tudo Novamente”, exibido em  07 de junho de 1979, escrito por Armando Costa e dirigido por Paulo Afonso Grisolli. Na cena de sexo com Mário (Paulo Figueiredo), a câmera focalizou a mão fechada de  Malu, abrindo-se como um espasmo. Foi na mesma história que Malu foi vista ingerindo um pílula anticoncepcional.  Cenas mostradas de uma forma forte e ao mesmo tempo delicada, sem agredir, apenas para chocar e fazer  o telespectador pensar.
        Malu  era socióloga por formação e profissão , e a sugestão sobre isso veio da socióloga Ruth Cardoso, ex-primeira dama do Brasil, então amiga de Regina, e que participou de uma reunião de criação do seriado.

        Malu Mulher foi vendida para mais de 55 países  e ganhou vários prêmios , entre eles o Ondas,  da sociedade Espanhola de Radiodifusão e da Rádio Barcelona. Em 1980, recebeu o Prêmio Iris para melhor produção estrangeira exibida pela televisão nos Estados Unidos.  Em 1982, quando exibido em Portugal e na Grécia, foi considerada o melhor programa estrangeiro exibido até então.

        A série tinha um magnetismo tão grande que tudo que passou durante os dois anos de exibição foi visceral, ficou marcado e ninguém esquecia – desde a abertura e seu tema “Começar de Novo”, que apesar de originalmente vir em uma versão instrumental, deu um up a carreira da Simone, quando a cantora gravou a versão letrada da música, até as participações mais do que especiais de atrizes como Lucélia Santos, Nathalia do Vale, Yoná Magalhães, Susana Vieira,  Sônia Guedes, Christiane Torloni entre outros.

        Vista hoje, Malu Mulher pode soar com chata, sempre tentando  fazer valer seus direitos, mas no final da década de 70 isso era uma inovação e com certeza foi tese de muitas feministas que desbravaram o pais nesses 40 anos. 
        Ainda há muito o que ser feito para garantir e fazer valer os direitos das mulheres, mas sem dúvidas Malu Mulher foi um divisor de águas importantíssimo para a evolução da  sociedade e a história da teledramaturgia.

Veja Também: 
Aberturas Inesquecíveis dos Seriados
Meus Personagens Favoritos da Regina Duarte
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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