O Ano de 2020 já está marcado eternamente na história, nunca imaginamos ter que usar
máscaras nas ruas, nunca imaginamos ter que ficar meses enclausurados dentro de
casa tentando se esconder de um vírus
eminente, não ver os páis , parentes...enfim
um ano nunca inimaginável nem nas histórias
mais fantasiosas da nossa rica teledramaturgia.
E por falar em nossa teledramaturgia . . . nesses mais de 30 anos em que acompanho
diariamente novelas e seriados de tv,
nunca imaginei ver uma novela ser paralisada para continuar meses
depois ... e 2020 nos trouxe isso
... A Lurdes (Regina Casé) em Amor de Mãe teve
que parar sua buscar por Domênico (Chay Suede) por causa da Pandemia, assim
como o trio de Salve-se Quem Puder também teve que dar uma freada e a Poderosa (Day
Mesquita) de Amorsem Igual paralisou sua vingança.
Devido essas paralisações apenas 6 tramas inéditas foram
apresentadas durante o ano de 2020 , contando com as que começaram em 2019 e
terminaram neste ano, e são delas que o e e10blog vai fazer um resumo
para fechar o ano.
Bom
Sucesso (Globo
– 29 de Julho de 2019 à 25 de Janeiro de 2020)
Bom Sucesso, terminou
antes de quaisquer notícias de que a Pandemia poderia chegar como chegou aqui
no Brasil. Foi a única novela finalizada em 2020 não “afetada” pela COVID-19. A trama se despediu em 25 de janeiro de 2020 e os autores Paulo Halm
e Rosanne Svartmann, repetiram o sucesso da dobradinha de Totalmente Demais (2015)
e provaram que qualidade e boa audiência
podem sim andar de mãos dadas.
Bom
sucesso desde seus primeiros capítulos se
destacou pelo pano de fundo literário com trechos de livros clássicos sempre
citados pelos protagonistas ou outros personagens, mas a trama foi
além, sem abrir mão da linha folhetinesca, os autores
conseguiram imprimir e apresentar uma trama simples, com entrechos
conhecidos, mais tão bem emoldurados pelo belo texto e um
elenco escalado com mestria que encantou a cada cena.
A Relação Alberto (Antônio Fagundes) e
Paloma (Grazzi Massafera) foi sem dúvidas o principal trunfo da trama. Poucas vezes uma relação assim de
sexo oposto sem temática sexual chamou tanta atenção do público. O que dizer da cena da dupla em pleno sambódromo no antepenúltimo capítulo ou a cena que marcou a morte do personagem no penúltimo
capítulo e a do final com Paloma lendo
para a alma de Alberto, que fechou a novela. Há muito tempo uma reta final não chamava tanta atenção do público, e isso sem usar nenhum subterfúgio de quem fica com
quem ou o quem matou?
Com ótima direção (Marcus
Figueiredo e Luiz Henrique Rios) e roteiro a
trama em nenhum momento perdeu o fôlego e
apresentou entrechos inteligentes que foram se
interligando no decorrer dos acontecimentos sem precisar
de emendas grosseiras – tudo milimetricamente apresentado seguindo
um roteiro perito para que nos próximos encontros nada soasse pura e
simplesmente de graça ou infantil.
A Grazzi Massafera sem
dúvidas foi o grande acerto do
ótimo elenco de Bom Sucesso. Se a paloma não funcionasse no ar,
talvez isso prejudicasse todo o andamento da novela, mas
felizmente ela mostrou que é sim uma grande
atriz, e na pele de uma personagem simplória, sem
subterfúgios ou alegorias, segurou com muita
competência cenas de humor e dramas na mesma proporção.
Nesse elenco vale destacar
também - Fabíula Nascimento que fez da sua coadjuvante Nana uma personagem
inesquecível. Rômulo Estrela sai de Bom Sucesso coroado por um trabalho impecável. Depois do apagado
Afonso, o príncipe de Montemor de Deus
Salve o Rei (2018), o Marcos mostrou que o ator era muito
maior. Ingrid Guimarães na pele da exuberante Silvana
Nolasco foi o alívio cômico de Bom Sucesso, porém sem destoar das outras tramas. Passou
por várias fases até se encontrar com Mário, o personagem
do Lúcio Mauro Filho, ai não teve pra ninguém. As Sequências
da Silvana e Mário renderam ótimos momentos a trama e mesmo torcendo
para o Mário e Nana , a dupla Silvana e Mário foi muito importante para a
história. Muito bom ver dois atores originalmente do humor, fazendo na
teledramaturgia humor inteligente e coerente com espinha dorsal da
novela.
Sem muita
pretensão e sem subestimar o público, a novela que primou por um texto não
didático mesclado com citações literárias clássicas apresentou um
roteiro refinado que ajudou o telespectador a se apaixonar por cada
personagem construído magistralmente por seus intérpretes.
Éramos Seis (Globo – 30 de Setembro de 2019 à 28 de Março de 2020)
O Remake de Éramos Seis terminou exatos 10
dias depois dos decretos da Pandemia , dia 28 de Março de 2020 e a trama já estava praticamente finalizada
quando a Globo paralisou os trabalhos em seus estúdios. Faltavam
pouquíssimas cenas para finalizar e a trama praticamente passou ilesa pela
COVID19.
Achei que fosse impossível
mexer na essência de Éramos Seis e não descaracterizar
a história. Ângela Chaves ousou brindando
personagens com finais felizes e entregou para o público uma versão de Éramos Seis solar e com a mensagem de esperança, uma mensagem
muito pertinente na atualidade.
Eu
ainda tenho viva na memória a clássica versão de Éramos Seis do SBT, produzida em 1994,
do Silvio de Abreu e Rubens Edwald Filho, que seguiu à risca o texto da Maria José
Dupré, nos apresentando uma Lola sofredora, conformada e
que ganha como final a solidão, abandonada em um asilo.
Apesar de não se queixar nunca da vida que Deus lhe resguardou, não deixa de
ser uma cena triste ver Dona Lola (Irene Ravache), conversando com a alma de
Júlio (Othon Bastos) sozinha enquanto reza em uma igreja vazia.
A Versão
da Ângela Chaves trouxe ninguém menos que Glória Pires,
que só pela escalação era fato que viria uma grande Lola pela
frente, e foi o que vimos. Grandes cenas, dobradinhas que entraram para a
história da tv com Nicolas Prattes (O Alfredo), Cássio Gabus Mendes (O Afonso) e Antônio Calloni (O Júlio) entre outros.
Mas a Lola da Glória foi mais solar, sofredora, porém brilhante
e gentil. E esse final feliz reservado para ela não deixa de ser um
grande presente para o telespectador que esperava há 5 versões ver
a Lola recomeçando e finalmente sendo feliz por ela mesma.
O encontro das três
Lola´s – Glória Pires, Irene Ravache e Nicette Bruno; o casamento
da Lola com Afonso; o seu reencontro com Alfredo, o reencontro deste
com o filho que ele nem sabia que tinha, enfim momentos tão fortes e ao mesmo
tempo tão delicados que poderiam ser o resumo do que foi Éramos Seis – uma trama forte mas muito delicada e sutil.
Assim como a Lola ,
outras personagens também puderam encontrar finalmente a felicidade nesta
versão – o caso da Clotilde da SimoneSpoladore e Isabel da Giulia Buscáccio.
Ângela Chaves se manteve de forma geral ao belo texto do
romance, claro que com as devidas e necessárias atualizações pontuais. Não
posso deixar de elogiar também a direção do Carlos Araújo,
que ficou ainda mais em ênfase na fase da guerra. Foram sequências dignas de
produções internacionais, engrandeceu muito a trama com a retratação crível
dessa passagem histórica.
A trama
terminou sem a empatia do grande
público, mas seu elenco foi um
espetáculo à parte. Encabeçados
por Glória Pires brilharam nomes como Nicolas Prattes que
viveria o Carlos desta versão, mas na última hora trocou de lugar com o Danilo
Mesquita, e acabou ficando com o Alfredo. O Ator que já
estava com a imagem do bom moço devido todos os personagens que
havia feito até então, fez a escolha certa. Brilhou na pele do complicado
Alfredo, com uma entrega cênica muito importante para a credibilidade do
personagem e ganhou um novo status em sua carreira.
Eduardo
Sterblitch e Maria Eduarda de Carvalho, o Zeca
e Olga; Cássio Gabus Mendes (O Afonso); Simone
Spoladore (Clotilde); Joana de Verona (A
Adelaide), Júlia Stocler (A Justina); Antônio Calloni (O
Júlio); Carol Macedo (A Inês), assim como a dobradinha Kelzy
Ecard e Kiko Mascarenhas (Genu e
Virgulino) foram outras grandes destaques desse elenco espetacular.
Uma literal nova
versão de Éramos
Seis que infelizmente foi injustiçada por uma audiência
sofrível, mas como a própria Dona Lola disse - “Éramos
Seis agora somos Muitos”. O que não deixou de ser um retrato da nova
sociedade, mostrando embora em 1942, nas suas entrelinhas os vários modelos de
família que estavam por vir.
As Aventuras de Poliana (SBT - 16 de Maio de 2018 à 13 de Julho de 2020)
Dois anos e 2 meses no
ar, em
julho de 2020, em meio à Pandemia, As Aventuras de
Poliana, que já
estava programada para o seu término e continuar com a fase de Poliana Moça,
terminou e, esta segunda fase acabou sendo cancelada depois das
paralizações em todo o Brasil.
De autoria da Íris Abravanel, protagonizada
por Sophia Valverde, e um dos grandes sucessos do gênero do SBT.
Com isso a novela quebra o recorde de novela mais longa com exibição
ininterrupta e com a mesma base como história.
O jogo do contente
conquistou o grande público e é sem dúvidas a melhor novela já produzida do
gênero pelo SBT, a trama sobreviveu a troca de protagonistas,
quando Milena Toscano descobriu está grávida depois de boa
parte do início da trama já gravado, e foi substituída por Thaís
Melchior. Apesar de protesto iniciais, quando a notícia saiu na
imprensa, na hora da troca propriamente
dita, o público comprou a ideia e hoje não há quem lembre que houve
essa mudança tão brusca.
A história de As Aventuras de Poliana que é uma adaptação da Íris Abravanel, do romance Poliana, de Eleanor H. Porter , não tinha nenhum
grande diferencial de outros sucessos do gênero do SBT, mas a
empatia da protagonista , que foi
crescendo artisticamente no ar, e os personagens mais adultos
pontuados a cada entrecho deram o ar de novidade a novela.
Malhação - Toda Forma
de Amar (Globo – 16 de Abril de 2019 à 03 de
Abril de 2020)
Essa temporada de Malhação foi o projeto de
teledramaturgia mais prejudicado pela Pandemia. A trama já estava em sua reta final, não tinha margem
para ser simplesmente paralisada, ao mesmo tempo que a Globo não poderia mais gravar um final digno. O
jeito foi gravar com os protagonistas, distantes em off declamando o final dos
entrechos.
Filipe e Rita, os protagonistas jovens vividos pelos
atores Pedro Novaes e Alanis Guillen, sozinhos em uma das locações
da novela narram os finais de cada personagem, sem direito a beijo final e nada
entre eles, inclusive mencionando o Covid-19. Broxante, uma pena!!
Entendo a pressa em
encerrar as gravações por falta de segurança, mas é que a temporada
rodou tanto em círculos em cima da história da guarda da filha da Rita, na
disputa com Ligia (PalomaDuarte), que teria dado tempo suficiente de encerrar de forma digna.
Emanuel
Jacobina até apresentou uma temporada bem melhor que Vidas Brasileiras (2018), mas muito aquém de Viva a Diferença (2017), atual
referência do gênero, por ser a temporada de maior sucesso, com direito a Emmy e
tudo, entre todas as outras. Vale ressaltar que Toda Forma de Amar teve uma pegada diferente das anteriores, apesar de trazer o encontro
de um grupo de jovens diante de um acontecimento que os une, no caso um crime,
a Rita foi de longe a protagonista da novela teen que enfrentou problemas mais
adultos, com direito a uma complexa disputa judicial pela própria filha.
Enfim um boa
temporada que merecia um final digno, faltou no mínimo um pouco mais de
cuidados e intenção de explicar melhores alguns finais. O Rapto da Rita, ficou
por isso mesmo, para todos os efeitos foi tudo resolvido sem mais explicações e
ela apareceu lá, totalmente livre para fechar o capítulo com o
Filipe.
Amor sem Igual (RecordTv – 10 de Dezembro de 2019 à 20 de Abril de 2020 / Reestreia : 28 de Outubro de 2020)
Primeira novela a voltar
com capítulos inéditos pós-paralizações da Pandemia, Amor sem Igual , trama
da autora Crhistiane Fridmann , ganhou um novo fôlego, e pelo fato ou
não , de ser a única inédita no ar, ganhou ainda mais o interesse do público
e vem se tornando um dos grandes sucessos da emissora.
É certo que a vingança da
Poderosa (Day Mesquita), ficou capenga, fraca e sem graça, devido a tamanha
demora desse encontro entre pai e filha,
mas nesta reta final com o assassinato de Ramiro (Ruan Alba)
caindo sobre as costas da Poderosa, a trama toma um novo rumo e revela ainda
mais o talento do Thiago Rodrigues na pele do vilão patológico Tobias, o
melhor personagem do ator na tv, desde
que estreou como galãzinho da Malhação. Muito bom ver seu crescimento fora- Globo.
Christiane Fridmann sabe como ninguém criar uma trama contemporânea com ingredientes
que prendem o telespectador, mesmo com uma grande quantidade de capítulos, como
ocorreu em Chamas da Vida (2008) com seus 253 capítulos e Vidas em Jogo (2011) com 243, e em nenhum momento
as novelas tiveram “barrigas” que prejudicassem seu roteiro. Amor sem Igual, embora com menos capítulo, mas com um hiato de 5 meses
sem exibição, conseguiu trazer de volta
o público e manter a
trama no mesmo ritmo ou até melhor, com certeza um trabalho duro.
Amor de Mãe (Globo – Primeira fase : 25 de Novembro de 2019 à 21
de Março de 2020)
Com a revelação da Thelma
(Adriana Esteves) como a vilã maniqueísta da trama, Amor de Mãe foi a primeira trama a sair do ar quando
anunciada a paralização dos trabalhos por causa da Pandemia.
Inicialmente, mesmo
com o público assustado com a tamanha realidade da trama, como não
crer que a escola onde a Camila (Jéssica Ellen) dar aulas é
realmente uma escola real, ou a casa da Lurdes, sufocante de tão crível. O
Público foi se apegando aos poucos aos entrechos de personagens tão bem
construídos como a Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e Vitória (TaisAraújo), uns amores fortes de mãe.
Não sei se devido ao
obrigado fim de temporada ou se a Manuela Dias já
tinha isso em mente, apesar de dizer que o vilão de Amor de Mãe, seria a vida e os entrechos que ela nos
traz, finalizou a primeira temporada com uma escancarada vilã
maniqueísta – transformando a Thelma, da Adriana Esteves, que
sempre foi uma mulher um tanto dúbia, em uma sanguinária assassina na cena
final.
Transformar Adriana
Esteves em grande vilã não deixa de ser um ganchão daqueles para a
próxima temporada. O Público claro foi ao delírio com a cena do atropelamento
e interpretações magistrais, tanto da Adriana como a Mariana
Nunes, a Rrrrrita - olha a referência à Avenida Brasil (2012), será?
Estou louco para ver o
final dos entrechos da trama e rever personagens como a dona da
novela Lurdes , numa interpretação impressionante da Regina Casé;
a Thelma (Adriana Esteves), Vitória (Tais Araujo), Lídia (Malu
Galli), Álvaro (Irandhir Santos), Camila (Jéssica Ellen), Durval (Enrique
Diaz), Penha (Clarisse Ribeiro) entre outros.
Salve-se Quem Puder (Globo –
Primeira Parte : 27 de Janeiro à 28 de
Março de 2020)
Li muitas críticas ao texto fraco e nada sutil
do Daniel Ortiz em Salve-se Quem Puder, que prima por esse caminho
mais fácil para garantir e quem sabe segurar a ótima audiência deixada pela
impecável história de Bom Sucesso. É um
texto fácil sim, sem sutileza, que vem apresentando, principalmente no núcleo
das protagonistas, praticamente um esquete de humor seguida da outra. Porém
mesmo nitidamente feita apenas para entreter sem a preocupação de fazer o
público pensar, a trama pega a gente a cada capítulo. As trapalhadas das
protagonistas no sítio dos caipiras, as tais enquetes, são ótimas, e se o telespectador
embarcar, por que não?
O Certo é que mesmo com todos esses percalços e
alguns ajustes que serão
necessários o carismas das protagonistas
é o grande triunfo da trama. Déborah Secco como
a atriz canastrona Aléxia e Juliana Paiva como a mocinha
mexicana sofredora abandonada pela mãe, estão em suas zonas de conforto e vem
dando um show com suas personagens. Aqui vale um parágrafo apenas para
a Vitória Strada, que no tom muito acima na pele da Kira, com um
perfil muito, muito atrapalhado beirou
o “over”. Claro que não estou discutindo o talento da intérprete, que
sabemos que no drama, como seus dois últimos trabalhos, é uma estrela, mas na
comédia o texto não vem ajudando ao perfil da sua personagem.
Claro que nesse retorno estou apostando numa virada com a volta das
protagonistas ao seus núcleos familiares e o encontro da Luna (Juliana
Paiva ) como a mãe. Aliás, a troca de família entre a Kira e Aléxia, pode render bons entrechos. Já imagino a Kira
despertando a paixão no Alan (Thiago Fragoso), o ódio da Petra (Bruna Gerin) e a Aléxia com
toda a sua exuberância seduzindo o Rafael (Bruno Ferrari), disputando o “noivo viúvo” da amiga com a Renatinha (Juliana
Alves).
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Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Roger, melhor pop rock, artista de primeira.
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