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Primeira Semana de “O Salvador da Pátria” no Viva - Um novelão!

 


        Lí em um post nesta semana que “As novelas de antigamente são sempre melhores que as atuais , por causa  do histórico da época”, ou seja , não  é que as tramas realmente sejam melhores,  é pelo fato de afetividade do telespectador, o mofo que anos depois virou cult e melhor, etc, etc . . .

Porém eu discordo totalmente e,  bastou acompanhar a primeira semana de O Salvador da Pátria no Viva para ter essa constatação.  Eu já havia assistido a novela em sua exibição original, que na época , em 1989, tinha apenas 11 anos , e já naquela época fiquei encantado com a trama, embora não entendesse certos entrechos, principalmente o cunho político e crítico, mas saltava aos olhos aquela história, aquela composição de personagens inesquecíveis , como o Sassa Mutema do Lima Duarte, impossível ficar inerte a magia do personagem em qualquer tempo.

        De lá para cá, O Salvador da Pátria entrou para o hall de uma das melhores tramas do horário nobre, mesmo  o Lauro César Muniz tendo  modificado a essência da mesma por causa da ainda censura velada  e o fato de o Sassa Mutema ter sido comparado ao então candidato a presidente da república Luis Inácio Lula da Silva, que concorria as eleições daquele ano de 1989, que aliás era a primeira em voto aberto depois de um jejum de anos.

Vendo esses primeiros capítulos da trama  meu gatilho já foi acionado, é uma trama charmosa que vai  enveredando pelo  gosto do telespectador de tal forma que fica impossível deixar de segui-la. O Primeiro capítulo abre com toda aquela ingenuidade do Sassá, um boia-fria, que obrigou o Lima Duarte abrir mão de toda a vaidade para dar veracidade ao personagem, e assim  foi. O personagem é visceral, é real e nada caricato. Não à toa está na trinca dos melhores personagens do ator junto com o Zeca Diabo de O Bem Amado (1973) e o Senhorzinho Malta de Roque Santeiro (1985).



Mas não só de um personagem vive uma novela, e O Salvador da Pátria é repleta de personagens ricos dramaturgicamente, um prato cheio para os telespectadores. Como não se envolver com a personalista Gilda da Susana Vieira, uma mulher que em nome do poder aceita os casos amorosos do marido num jogo tão sujo, que é capaz até de arquitetar o casamento da amante dele  com outro, para que o marido continue tendo sua válvula de escape.

        O Juca Pirama do Luiz Gustavo é  outro presente para o telespectador. Apesar de ficar apenas 17 capítulos vivo, o Juca perdura por toda a trama.  Mostrado nos primeiros capítulos como um radialista moralista que escancara para o povo as calhordices e falcatruas dos  poderosos da cidade, descobrimos capítulos depois que ele é envolvido como tráfico de drogas, jogando o próprio irmão,  que é inocente, nessa rede de crimes.  

Nos entrechos folhetinesco vale ainda citar a relação  de Clotilde (Maitê Proença) e Sassá,  que sabemos que vai ser construída de um forma tão delicada, que é impossível  também não se apaixonar pelo casal.

Entre os perfis de personagens vale citar Severo Blanco do Francisco Cuoco, o político moralista, pai de família na frente das câmeras , mas  na verdade é uma amoral em um nível que chega a dar nojo, tamanha a veracidade desse perfil com alguns políticos da nossa atual realidade.

Belas e talentosíssimas atrizes que foram a aura dos anos 80 e 90 estão muito bem representadas em O Salvador da Pátria – Além da Maitê Proênça, que deu o que pode para sua Clotilde, apesar da personagem não ser uma das melhores, marcou muito sua carreira, vale destacar nomes como Betty Faria e forte Marina Cintra; Mayara Magri e complexa Camila, como ela faz com maestria esse tipo de personagem não é  ...  e sem dúvidas,  Lúcia Veríssimo que com uma personagem batizada de Bárbara, incorporou esse nome como adjetivo e  dar uma imensidão maravilhosa a esse papel, que inclusive sabemos que no final ela é até presenteada por esse trabalho.



        Enfim O Salvador da Pátria é sim uma trama atemporal, pertinente, atual (infelizmente levando em conta o politicagem que a trama aborda), mas acima de tudo é um novelão independente da época, independente da memória afetiva, e merecia muito um remake ou sempre ser revista.

O Lauro César sempre teve como  características principais de suas tramas esse cunho político  crítico, uma pena que na Globo tenha parado em O Salvador da Pátria. Ao se mudar para a RecordTv apresentou 2 ótimos trabalhos que tinham como pano de fundo essa temática política x corrupção x organizações criminosas,  em CidadãoBrasileiro (2006) e Poder Paralelo (2009), ambas marcadas pelo sucesso e que nos levavam aos bons tempos do autor.

        Já vi que será uma viagem  muito interessante acompanhar O Salvador da Pátria no Viva . Então amarrem seu arado a uma estrela e vamos pegar esse ponte Tangará  x Ouro Verde.

Veja Também: 

Meus Personagens Favoritos do Lima Duarte 


Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa

 

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