A Trama
que marcou o estilo do autor Carlos
Lombardi
Há pouco mais de 25 anos no horário das sete , o Brasil inteiro
foi testemunha do nascimento de Heleninha em plena Avenida Paulista no trânsito
engarrafado dentro de um carro. Era a novela Bebê a Bordo
do autor Carlos Lombardi que
entrava no ar. A cena acima citada finalizou o primeiro capítulo e é uma das mais lembradas da trama.
Foto : teledramturgia |
A novela contava a história da bebê Heleninha
responsável por despertar as mais
diversas sensações, dentro da sua completa inocência. Parecia ser o destino da pequena Heleninha desde o seu
nascimento, que acontece dentro do carro de Tonico Ladeira ( Tony Ramos ) ,
quando a quase mamãe Ana (Isabela Garcia) pega uma estratégica carona para fugir da
polícia. Estava selada a união de Ana e Tonico. De motorista a parteiro, Tonico
fica irremediavelmente ligado a
Heleninha, ainda mais quando Ana desaparece.
A novela
marcou o estilo do autor Carlos Lombardi
, que apesar de ser ter escrito sozinho Vereda Tropical em
1985 , ainda estava sob supervisão de texto do Sílvio de Abreu. Mas foi mesmo em Bebê a Bordo, que o Brasil inteiro
pode conferir os ingredientes que autor usaria magistralmente em seus outros trabalhos de sucesso ( Perigosas Peruas/1992,
Quatro por
Quatro/1994, Vira Lata/1996 , Uga-Uga/2000, O Quinto dos Infernos/2002 e Kubanacan/2003).
Corpos desnudos descamisados, textos com
pinceladas de humor ácido e sarcásmo, cenas de ação além da agilidade
instantânea dos acontecimentos.
Foto : teledramaturgia.com |
Foram grandes
os destaques do elenco encabeçados por Tony Ramos que fazia seu primeiro personagem cômico na tv.
Foi uma mudança total do estilo e chocou positivamente os telespectadores que
viram ele na pele do Cristiano dois anos antes no remake de Selva de Pedra
(1986) da Janete Clair. Tonico passou por todas as situações possíveis e
mais engraçadas em cenas, de fazer o parto da Ana dentro de um carro , até
ficar pelado em plena praia.
Foto : teledramaturgia.com |
Isabela Garcia foi catapultada ao posto
de grande estrela granças a Ana , uma personagem que já fugia dos padrões das
mocinhas normais , ela não era nem tão
indefesa muito menos inocente. Graças a personagem Isabela
ganhou outras protagonistas nos anos seguintes nas novelas : O Sexo dos Anjos (1989),
Lua Cheia de
Amor ( 1990) e Sonho Meu (1993).
Foto : http://1.bp.blogspot.com/ |
Guilherme Leme e Guilherme Fontes que
vinham de pequenos papéis em novelas anteriores , fizeram dos irmãos Rico e Rei
persoangens inesquecíveis em sua carreira. Os dois irmãos que foram
abandonados quando crianças pelo pai e pelo irmão mais velho viviam em uma
fábrica abandonada , e graças ao jeitão largado enlouqueciam as mulheres da
trama. Eles usavam como acessórios duas bandanas na cabeça que viraram moda no
pais na época.
Foto : www.google.com.br/ |
Maria Zilda , que defendeu na trama a
solteirona Angela, deu um show de interpretação no contra ponto da personagem,
que tinha sonhos eróticos com um homem desconhecido, onde dava vazão a todas as suas fantasias
sexuais reprimidas. Para sua surpresa o
tal homem dos sonhos que ele julgara não existir aparece em seu bairro de carne
e osso. Era o Tonhão ( José de Abreu ). A Música tema da
personagema “Mordida
na de Amor” versão da banda Yahoo
para “Love Bites” da Def Lepard , virou um magahit naquele
ano , e elevou a banda ao topo do sucesso.
Débora Duarte deu vida a machona Joana
Machadão, uma personagem que fazia questão de mostrar que não tinha nada de mulherzinha não, e que
podia brigar páreo à páreo com os homens. No meio da trama ela se apaixona por
Tonhão , que morre em um acidente ocasionado por Ana. Depois do ocorrido, Machadão
passa a ser a principal pedra no sapado de Ana com intuito de vingar a morte do
seu grande amor. Lembro-me que na época do morte do Tonhão , eu não acreditava
que um dos protagonistas teria morrido realmente, e esperei o resto da trama que ele reaparecesse, o que não aconteceu.
Foto : www.google.com.br/ |
Tal qual
fez com Heleninha, Ana também foi abandonada pela mãe quando criança. Hoje sua
mãe é a rica socialite Laura , vivida pela saudosa Dina Sfat. Como num estratégia do destino a Heleninha acaba vindo
parar nas mãos de Laura , que resolve lutar pela menina , numa espécie de compensação
pelo que fizera com a filha no passado. A Laura foi o ultimo papel de Dina Sfat na TV , que morreu de cancêr
em março de 1989 um mês depois do término da trama.
Cinco
crianças se revezaram na papel de Heleninha , em diferentes fases do
crescimento do bebê. Mas foi a menina Beatriz
Bertú ( da última fase ) que
conquistou a todos - elenco , produção e os telespectadores.
Foto : http://ego.globo.com/Gente/ |
Ao
contrário do que se esperava, Bebê a Bordo teve
finais tristes : Laura consegue a guarda de Heleninha , e por isso Ana acaba
não se entendendo com a mãe. Ana , Rico e Rei planejam uma fuga com a bebê e
capotam o carro, que cai de uma ponte. Rico e Rei que haviam casado um dia
antes , são dados como mortos , e suas mulhetes Sininho ( Carla Marins ) e Raio
de Luar ( Silvia Buarque) acretitam ser viúvas. Ana leva um tiro na fuga , e
renuncia o amor de Tonico. Rico e Rei conseguem pegar Heleninha e fogem para o
Paraguai aguardando Ana. A última cena da novela e com a Heleninha olhando um
quadro com a pintura do rosto da mãe ao som de “Mordida de Amor”.
Confesso
que quando assistir Bebê a Bordo , pela
primeira vez custei para me acostumar com a agilidade da trama, que era
uma novidade para época , o que até me
soou como uma certa desordem dos capítulos. Hoje lembrando esse grande sucesso
vejo a importância que ele teve para consolidar essa tipo de trama tão bem
vinda no horário das sete. A novela chegou a dar 60 pontos de audiência
em seus melhores dias. Carlos Lombardi
foi um mestre em escrever a trama,
conseguindo manter o interesse do público diário pela novela , e usando como
arma uma inocente bebê que era
estrategicamente entregue a cada núcleo fazendo uma interligação natural entre os personagens.
Vendo as
brigas de Donana (Jussara Freire) com
Otávio (Felipe Cardoso) na atual trama
do autor no ar , me veio a cabeça os
embates entre a Ana e Laura , também mãe
e filha na trama. Se amavam, porém não
podiam se encontrar. Esses dramas
familiares, mesclando ódio, amor e ressentimentos também são outra
característica das tramas do Lombardi.
Falar de Bebê a Bordo depois de tanto
tempo de sua exibição, me trouxe
muitas lembranças boas dos tempos em que
ainda não entendia o que era uma boa
novela, mais inoconsientemente já sabia
apreciar um novelão.
Ficha
Tecnica :
Novela de Carlos Lombardi
Direção Geral : Roberto Talma
Exibição : 13 de junho de 1988 à 11 de fevereiro de 1989
Capítulos : 209
Foto : http://2.bp.blogspot.com |
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Fotos : Google
Pesquisa : Teledramaturgia.com e wikipédia.com
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