Antes mesmo dessa moda de minisséries e
seriados policiais que seguiram a trilha
de sucesso do filme Tropa de Elite, o autor Aguinaldo Silva utilizando seus 10 anos de experiência como
repórter policial escreveu com colaboração do Doc Comparato a excepcional minissérie Bandidos da Falange.
A
produção trouxe para a tv o submundo das penitenciárias, mostrando com
muita propriedade e verossimilhança a criminalidade urbana, os policiais
desonestos, os dramas que viviam os
honestos e o crime organizado dentro e fora delas. A obra é um verdadeiro
atestado dos problemas sociais e econômicos do país.
A história começa na baixada fluminense
, onde o marginal Paulo Alberto (Nuno Leal Maia) morre deixando para uma de
suas mulheres, Marluce (Betty Faria), um antigo relógio recheado com diamantes,
fruto do seu último assalto. Dois
policiais entram em cena : o corrupto Tito Lívio (José Wilker), “sócio” de
Paulo Alberto, e o correto e dedicado
Lucena (Stênio Garcia). Enquanto Tito Lívio atormenta a vida de Marluce
tentando reaver os diamantes, o primo de Paulo Alberto, Jorge Fernando (José
Mayer) , detido no presídio de Ilha Grande, cria a Falange Vermelha, uma
organização criminosa com código de honra baseado na força e na fidelidade do
grupo.
A
Minissérie foi dividida em quatro blocos : “As Origens” que se desenrola em
1975; “A Organização”, em 1977; “Lutas
Internas”, em 1979; e “A Queda” , em
1981.
A Autentica trama de mocinho e bandido,
dosada com o romantismo da mulher fiel ao seu grande amor eram os principais
ingredientes de Bandidos
da Falange, que elevou Aguinaldo Silva ao hall dos grandes
autores brasileiros. Depois de mais uma
minissérie em 1984, o autor estreou em novelas em parceria com Glória Perez na trama de Partido Alto (1984).
O Elenco foi o grande destaque da minissérie, em
especial José Mayer que foi elogiadíssimo
pela crítica e considerado uma boa revelação.
Marieta
Severo afastada a 13 anos da Tv, quando resolveu acompanhar o então marido Chico Buarque em seu exílio, voltou na trama da minissérie vivendo
a personagem Denise.
A
Minissérie deveria ter ido ao ar em 1982, mas a censura só liberou a trama cinco meses depois como os devidos
picotes. Segundo uma reportagem publicada em 11 de julho de 1982 no Jornal
do Brasil , a Globo teria
contado com a assessoria de Ademar
Onofre de Souza, membro de um dos grupos que detinham o poder na Ilha
Grande para garantir a verossimilhança de Bandidos da Falange.
Um dos maiores pesquisadores da história
do tráfico de drogas do país , o escritor Júlio
Ludemir, classificou a minissérie como um “marco midiático” tamanha a
importância da sua apresentação para a sociedade brasileira.
Um grande produto apresentado numa época
em que os padrões globais eram mais flexíveis. Imaginem se nos dias de hoje uma
minissérie tão ousada teria chance de ser apresentada, e não por causa da
censura como na década de 80, mas sim pela censura velada chamada “padrões
morais atuais”. Muito bom ver que Bandidos da Falange
marcou seu nome na história da teledramaturgia e ainda prestou um
grande serviço a sociedade mostrando esse lado obscuro do mundo do crime
organizado , ainda muito obscuro e
atuante, infelizmente, até hoje.
Ficha Técnica
:
Autor
: Aguinaldo Silva
Direção
Geral : Luis Antônio Piá e Jardel Mello
Exibição
: 10 de Janeiro a 04 de Fevereiro de 1983
Capítulos
: 20
Fonte
:
Texto
: Evaldiano de Sousa
Pesquisa
: teledramaturgia.com
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