Chegamos
ao terceiro post sobre aberturas das minisséries brasileiras que marcaram a
teledramaturgia nacional.
O Pagador de Promessas (1988)
Minissérie
do autor Dias Gomes
Com José Mayer, Denise Milfont, Nelson Xavier e Walmor Chagas
A Política e a religião eram os pilares
da minissérie O
Pagador de Promessas, uma das mais importantes adaptações da obra do
autor Dias Gomes. A Minissérie era
adaptada da peça teatral homônima do autor.
Na tv, a adaptação concebida em
12 capítulos acabou sendo apresentada mutilada em apenas 8, porém nem isso
tirou o brilho da obra, adaptação do autor e a direção cirúrgica da Tizuka Yamazaki.
José
Mayer foi o grande destaque da produção, com uma interpretação simples e
visceral do protagonista Zé do Burro. O Autor conta em entrevistas que esse é o
seu melhor momento na tv. Além da interpretação propriamente dita, o personagem
tinha outro agravante, a criação
inesquecível do Leonardo Villar
no cinema. Mesmo assim Mayer foi aclamado pela crítica e imortalizou o
personagem na tv.
Para a abertura da trama ao som da
instrumental “Iluminada”, imagens da
trama com José Mayer e Denise Milfont.
República (1989)
Autor Wilson Aguiar Filho
Com Grande Othelo e grande elenco
Minissérie em quatro capítulos lançada em comemoração
ao centenário da Proclamação da República. Um projeto que dava continuidade à
minissérie Abolição, apresentada um ano antes e que comemorou
o centenário da Abolição da Escravatura. O elo de ligação entre as duas
minissérie foi o personagem Lucas Tavares, vivido pelo ator Luis Antônio Pilar que participava de
ambas.
Mesmo com uma pesquisa e reconstituição de época
impecáveis, a minissérie não chegou ao
sucesso esperado, nem mesmo chegou a ser didática contando a história do
Brasil. O Desinteresse do público se deu a coincidência dela ter sido
apresentada durante a
apuração das eleições daquele ano. Os brasileiros escolhiam depois de um
jejum de 29 anos seu novo presidente. Até mesmo a emissora sacrificou a
minissérie protelando os capítulos
sempre que necessário para a exibição dos boletins dos resultados da
eleições.
Na abertura cenas históricas da época da republica
mescladas com imagens da minissérie.
Anarquistas, Graças a Deus (1984)
Do Autor Walther George Durst
Baseado no romance homônimo de Zélia
Gattai
Com Ney Latorraca e Débora Duarte
A Dupla formada por Walther
George Durst (Autor) e Walter Avancini (Direção)
apresentaram uma das mais belas adaptações para a Tv. Da obra de Zélia
Gattai , Anarquistas
Graças à Deus.
A minissérie apesar dos problemas para exibição, ficou um ano engavetada
por causa de direito de imagens, e foi apresentada de forma compacta em 9
capítulos, marcou a história da teledramaturgia com grandes atuações e
sequencias memoráveis.
Ney Latorraca foi
elogiadíssimo pela crítica e pela própria Zélia
Gattai, que lhe mandou um telegrama dizendo que seu
pai se vivo estivesse se sentiria honrando por está sendo tão bem interpretado. Destaque também para Débora Duarte e
a menina Daniele
Rodrigues, que viveu Zélia
Gattai jovem, com um talento e sensibilidade jamais visto em uma
atriz mirim.
Na abertura da
minissérie, imagens da minissérie eram apresentadas ao som de “Quel Mazzolin di Fiori” na voz do Luciano Tajoli.
Anos Dourados (1986)
Do Auto Gilberto Braga
Com Betty Faria, Malu Mader e Felipe Camargo
Em 1986, Gilberto
Braga ingressou no ramo das minisséries com a trama de Anos Dourados. A produção teve uma primorosa reconstituição
de época do Rio de Janeiro dos anos 50
com todo o seu glamour e contrastes.
Ambientada numa época de controle do comportamento e de repressão sexual, Anos Dourados retratou os preconceitos
e regras ditadas pela família e pelas
escolas, que geram choque entre pais e filhos. Tabus como virgindade, aborto, a
situação da mulher desquitada, masturbação e adultério foram temas abordados na trama.
No elenco
destaque para Malu Mader que
começava se tornar grande estrela da Globo,
e Betty
Faria, impecável na pele da sofredora Glória.
A Abertura trazia imagens da minissérie que ao serem congeladas se coloriam ao som de “Anos Dourados” numa versão instrumental.
O Portador (1991)
Minissérie com argumento de Herval Rossano
Roteiro José Antônio
de Sousa
Com Jayme Periard,
Dedina Bernadelli e Jonas Bloch
Minissérie despretensiosa
e que mostrou de uma forma delicada e sem muito alarme o drama de um portador
do vírus da AIDS, doença que na época ainda considerada um tabu e sentença de
morte.
A trama foi
elogiada por vários movimentos ligados ao tratamento, estudo e cura da doença,
como o sociólogo Herbet de Sousa, o
Betinho e o médico Mário Barreto
Corrêa Lima, do Hospital Gaffré e Guinle, um dos centros de referência de
tratamento da AIDS no Rio de Janeiro.
Jayme Periard foi impecável na pele do
personagem Léo, o portador do vírus. Sem exageros ou buscar ascensão
profissional ao viver um papel tão complexo, o ator marcou o trabalho como um
dos referenciais da sua carreira.
Na abertura da
minissérie uma sombra caminha rumo ao desconhecido ao som de “O Tempo não para” do Cazuza,
cantor morto em decorrências do vírus da AIDS um ano antes. No final, a sombra é revelada como sendo Jayme Periard, o protagonista de O Portador.
Agosto (1993)
Minissérie dos autores Jorge
Furtado e Giba Assis Brasil
Baseado no Romance Homônimo do Rubem Fonseca
Com José Mayer , Vera Fischer e Letícia Sabatella
A História do
Brasil contada com a mescla de personagens reais e fictícios que marcaram aquele fatídico agosto numa
perfeita reconstituição de época. Essa era a essência da minissérie do autor Rubem Fonseca recheada de sexo,
intrigas e conchavos políticos.
Grandes momentos
em cena dos atores José Mayer e José
Wilker, e das belas Lúcia Veríssimo,
Vera Fischer e Letícia Sabatella, no seu trabalho seguinte ao sucesso da
Thaís em O Dono do Mundo (1991).
O Tema de
abertura da minissérie foi o retumbante “Tema
do Catete” e no vídeo eram mostrada imagens importantes do cenário
político rasgadas por um tiro, o fatal e principal
símbolo da trama.
Dona Flor e Seus Dois
Maridos (1998)
Minissérie do Dias
Gomes
Adaptada do romance homônimo de Jorge Amado
Com Giulia Gamm, Edson Celulari e Marco Nanini
Mais uma
adaptação de um dos autores mais adaptados para
a tv marcada pelo comédia, sensualidade e fantasia na Bahia dos anos 90.
Giulia Gam e Edson Celulari tinha um
grande obstáculo na pele da Flor e Vadinho, se distanciarem das interpretações
imortalizadas no filme de Bruno Barreto, onde os personagens
foram vividos com maestria por Sônia Braga e José Wilker. Mesmo assim
os atores conseguiram imprimir personalidade nos personagens e com
muita química em cena explodiram com a versão do casal dos anos 90.
Atualizada para
os anos 90, foram inseridas algumas tramas que não haviam no texto original de Jorge Amado. Como o casal
homossexual, formado por duas filhas de
bicheiros, Celeste (Dira Paes) e Juliana (Cyria Coentro). Além disso, a
minissérie incorporou à trama o núcleo dos bicheiros, os vilões, que assumiu
grande destaque.
No primeiro
capítulo, a cantora Daniela Mercury cantou a música “Feijão de Corda” ,
no papel de uma artista famosa, que se apresentada na boate Novo Tabarís, o
reduto de Vadinho (Edson Celulari). Ricardo
Chaves e Banda Eva (ainda com Ivete Sangalo como vocalista) foram
outros artistas baianos a participar da minissérie.
Para a
abertura da minissérie uma animação com personagens típicos baianos (Baianas e
bailarinos de capoeira) dançavam ao som de “Caminho do Camarim” do Carlinhos Brown.
Labirinto (1998)
Minissérie
do Autor Gilberto Braga
Com Fábio Assumpção, Malu Mader, Luana Piovanni e Betty Faria
Labirinto trazia
para a tv mais um “Quem Matou?” do Gilberto Braga, uma pena que com bem
menos repercussão e interesse do público como foram o de Àgua Viva (1980)
e Vale Tudo (1988). Mas Labirinto ficou
marcada por grandes momentos na tv em interpretações irrepreensíveis de Malu Mader, Luana Piovanni, Fábio Assumpção
e Isabela Garcia.
Alice
Borges, que viveu a ninfomaníaca Nieta, também foi um dos destaques da minissérie.
Ao som de uma música instrumental, a
abertura mostrava curvas de um labirinto
formadas numa impressão digital que era marcada na tela formando o título da
produção.
Chiquinha Gonzaga (1999)
Minissérie do
Autor Lauro César Muniz
Com Regina e Gabriela Duarte
Considerada um grande sucesso de
audiência, Chiquinha
Gonzaga fez com que a Globo abrisse os olhos para as
produções de época e assim produziu Força de Um Desejo para
o horário das seis e Terra Nostra para o
horário nobre.
Mesclado com a saga da musicista revolucionária, seus
amores e sua arte, a minissérie mostrou a luta da mulher para conquistar seu
espaço na sociedade.
Regina
Duarte e Gabriela Duarte
defenderam as personagens com maestria em suas distintas fases. Gabriela inclusive, se
desvencilhava em Chiquinha Gonzaga, da imagem negativa que havia ganho durante a
trama de Por Amor (1997), seu trabalho anterior.
Marcus
Viana compôs a música “Sinfonia de
Um Novo Século” para a abertura da
minissérie que acabou sendo rebatizada na trilha de “Um Novo Século” e virando uma das
principais da produção. A Abertura mostrava um piano por vários ângulos até chegar ao teclado
sendo tocada por uma mão feminina.
Ao final de cada capítulo, renomados cantores
interpretavam canções de Chiquinha Gonzaga, entre elas “Machuca” (Daniela
Mercury), “A brasileira” (Adriana Calcanhoto), “Maxixe da Zeferina” (Beth Carvalho) e “Namorados da Lua” (Milton Nascimento). Clara Sverner e Leandro
Braga acompanhavam ao piano.
O Bem Amado (2011)
Roteiro de Guel Arraes e Claudio Paiva
Baseado na
Obra de Dias Gomes
Com Marco Nanini, José Wilker e Matheus
Nachtergaelle
Essa era a terceira apresentação de O Bem Amado,
adaptado da peça de Dias Gomes para
a Tv. Em 1973, a Globo apresentou a
novela que marcou a tv brasileira e carreira de Paulo Gracindo na pele de Odorico Paraguaçu. Em 1980, a Globo
literalmente ressuscitou Odorico Paraguaçu, que havia morrido no último
capítulo da novela inaugurando o cemitério principal obra da sua gestão como
prefeito, para a série que ficou no ar
por quatro anos, com praticamente boa parte do elenco da trama original.
Em 2010, Guel Arraes levou as aventuras de Odorico Paraguaçu para o cinema,
e foi esse filme que a Globo
transformou em um seriado de 4 capítulos em 2011. Essa versão fazia uma
analogia da trama, ambientada nos anos 1960, com o
contexto político brasileiro à época, mostrando imagens da renúncia do
presidente Jânio Quadros e da
ascensão do vice João Goulart à
presidência. E terminava com imagens dos comícios a favor das eleições diretas,
aludindo à volta da democracia no Brasil.
Marco Nanini deu vida ao personagem
imortalizado por Paulo Gracindo, e mesmo sendo difícil desvencilhar o Odorico do
Gracindo, claro que ele deu um show de prosódia e trejeitos, marca registrada
do personagem. O Ator já havia vivido
Odorico nos palcos, em uma remontagem da peça de Dias Gomes.
Para a
abertura da minissérie ao som de “Jingle
para Odorico” imagens de animação mostravam cenas da minissérie e algumas
estripulias de Odorico.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : www.memoriaglobo.com.br
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