Os seriados em 2016 sofreram muita
oscilação. Pé na Cova encerrou sua trajetória de maneira
digna e como uma grande homenagem a Marília Pêra; Chapa
Quente não
mostrou mais do que o que esperávamos. Nada Será Como Antes e Supermax grandes
apostas da emissora demoraram para se firmar,
semanalmente travavam uma batalha. No SBT A Garota da Mota era
tão trash que acabou se tornando um boa
escapada para as quartas-feiras e Mister
Brau se
consagrou no gênero garantindo uma nova temporada para 2017.
Pé na Cova (Globo
– 21 de Janeiro à 07 de Abril de 2016 – 5º. Temporada)
Claro
que a última temporada de Pé
na Cova valeu pela grande homenagem à Marília Pêra, que morreu no final do ano passado, mas que já tinha
deixado toda sua participação na temporada gravada. Porém seria muita injustiça dar os créditos do sucesso de Pé na Cova apenas ao fato da homenagem póstuma a Marília.
O humorístico brincou com o tema da morte, mas sem nenhum caricaturismo.
Mostrou outros lados da morte e não só aquela em que partimos desse plano. Com
personagem que beiravam à loucura, o Pé na Cova nos mostrou perfis que dificilmente veríamos em um
humorístico dito normal. Sem dúvidas é o
melhor trabalho do Miguel Falabella até então. Mesmo
com a morte sempre presente, já que o programa tinha uma funerária como
sua principal locação, o que víamos de pano de fundo mesmo era a
explicita falta de caráter, de educação
e respeito que a maioria dos personagens mostravam entre si.
Personagens
como Odete Roitmann (Luma Costa), Alessanderson (Daniel Torres), Dr. Zoltan
(Diogo Vilela), Luz Divina (Eliana Rocha) entre outros representaram com um toque
de exageros (ou não) cada desvio de conduta que o seriado queria mostrar que
Brasil não poderia mais aturar na vida real.
Miguel
Falabella e Marília Pêra foram os grandes astros dessa última
temporada. Vários episódios deram foco a
relação complexa e ao mesmo tempo lírica do casal. Em muitos momentos parecia
que a Marília sabia que a Darlene seria sua última personagem na Tv. Ela fez
com uma maestria digna da grande estrela que era, e transformou a
personagem, mesmo movida a Gin,
em personagem poética e inesquecível.
Nem a morte da sua intérprete fez com que a Darlene se apagasse.
Pé na Cova entrou para hall
das grandes produções cool apresentadas pela Globo e certamente credenciou e deu novo
fôlego aos projetos de Miguel
Falabella, que desde já , merece voltar às novelas usando essa mesma
linguagem , sucesso sempre em seus seriados.
Chapa Quente (Globo – 07 de Abril à 04 de Agosto de
2016 – 2ª Temporada)
Chapa Quente foi um daqueles casos raros que
acontecem dentro da Globo. A
Minissérie marcada por um fraca audiência e duras críticas da imprensa
especializada em 2015 quando estreou, ganhou um segunda chance em 2016.
Reformulado, o humorístico voltou tendo
como foco à crítica política e laços familiares mesclado com o humor. Surtiu
efeito. A Audiência melhorou, Leandro
Hassum, Ingrid Guimaraes e Thiago Abravanel brilharam no papel dos
protagonistas mostrando que sabiam fazer drama e humor com a mesma técnica e
talento.
Marcos Caruso que entrou na segunda temporada para viver o pai da Marlene (Ingrid Guimarães), na pele do político corrupto Deputado Moacir,
foi o grande acerto da temporada. Sua
dobradinha com a Thalita Carauta deu
um novo fôlego ao seriado.
Mister Brau (Globo
– 12 de Abril a 02 de Agosto de 2016 – 2ª. Temporada)
Mister Brau foi um dos ótimos projetos apresentados
em 2015, que antes mesmo do termino da primeira temporada já tinha a segunda
garantida para 2016 e ano que vem a terceira. Escrita pelo Jorge Furtado, a série teve a difícil missão de substituir Tapas
e Beijos nas
noites das terças-feiras da Globo e não fez feio não.
Como um elenco afiadíssimo encabeçado por Táis Araujo e Lázaro Ramos a série prima pelo humor inteligente, marca do autor,
e proporciona ao telespectador ótimos momentos.
Confesso que não via pretensão no
seriado inicialmente, mas logo me identifiquei com a trama e acabei sendo
tomado pelo mundo encantado do Brau e Michele, que como dois artistas que
vieram de nada e com muito talento e originalidade se transformaram em ídolos
pop´s nacionais. Em meio ao humor
inteligente do seriado um pitada de crítica social e bandeiras contra o
preconceito racial e social, tudo mostrado com sutileza e leveza que a produção
permite.
A Garota da Mota (SBT
– 13 de Julho à 17 de Agosto de 2016)
Em uma parceria com a Fox, o SBT
apresentou em julho de 2016 o seriado A Garota da Moto, que tinha como pano de fundo mostrar o mundo e o
submundo dos motoboys. A criação dos autores David França e João Daniel Tikhomiroff e logo nos primeiros
episódios não agradou o grande público. Com uma
trama interessante que poderia render
muitas situações, a produção resolveu primar pelo humor, o que só nos levou a
comparar o seriado a outros “clássicos” apresentados pelo SBT como o “Ó Coitado” ou “Meu Cunhado”.
Enfim o grande destaque do seriado foram
as duas protagonistas que literalmente tiraram leite de pedra. Daniela Escobar, que estava passando
uma temporada nos Estados Unidos, e seu último trabalho na tv aberta aqui havia
sido Flor do
Caribe (2013), foi espetacular na pele da psicopata
Bernarda, esbanjando talento nas nuances que a personagem pedia.
Cristiana
Ubach, a garota da moto do título, mesmo já com algumas participações de
destaques em produções globais como a Malhação ID (2009), Além do Horizonte (2013) e Felizes para Sempre? (2015), viu no seriado seu nome em maior destaque ainda recebendo uma
enxurrada de críticas positivas pela Joana. A Atriz foi de uma entrega
impressionante e certamente segurou o seriado nas costas.
Vale destacar também em A Garota da Moto a narrativa utilizada pelos diretores com os
personagens falando diretamente com o telespectador nos situando com a história
e os entrechos do seriados. A Técnica
foi utilizada em algumas tramas globais na década de 80 mais com uma
pegada do humor. Em A Garota da Moto a técnica era usada para explicar os acontecimentos
anteriores que levaram o personagem a agir daquela maneira ou justificar alguma ação que ele foi obrigado a ter.
Supermax (Globo – 20 de Setembro à 13 de
Dezembro de 2016)
Em setembro, a Globo decidiu ousar novamente na narrativa e apostou na tv aberta
em um formato inspirado nas séries americanas. Os autores José Alvarenga Jr, Marçal Aquino e Fernanda Bonassi resolveram
mesclar um reality show com um show de terror em plena Amazônia. Infelizmente o
projeto não foi muito aceito. Claro que sentimos falta do romance, apesar de
dois pares românticos formados por
Sérgio (Eron Cordeiro) e Bruna (Mariana Ximenes) e Arthur (Rui Ricardo
Diaz) e Sabrina (Cléo Pires). A Globo
tentou salvar o seriado fazendo uma maratona com todos os episódios
apresentados seguidos nas madrugadas da
emissora, mas nem mesmo isso adiantou.
Acho que o seriado precisava de uma
divulgação mais intensa ou quem sabe numa
exibição diária a recepção tivesse sido outra. O Horário também não
ajudou, principalmente para a maioria do público que precisa acordar cedo no
dia seguinte. Eu mesmo assisti todo o seriado pelo Globo.Play por que não dava para esperar a exibição original.
Supermax tem que ser visto como um precedente, que abriu um
novo caminho e novo formato para a
teledramaturgia que futuramente seja melhor entendido e aceito.
Nada Será Como Antes (Globo
– 27 de Setembro à 20 de Dezembro de 2016)
Primando pelo requinte e apresentando
uma produção impecável Nada Será como Antes tinha o propósito de mostrar a criação da
telenovela no Brasil e terminou exatamente um dia antes da data em que a
telenovela completaria 65 anos, o dia 21.12. Porém curiosamente o que mais
chamou atenção na seriado foi a linha folhetinesca com os romances conturbados
entre o Saulo e Verônica, personagens do Murilo Benício e Débora Falabella; e o da Beatriz com Otaviano, Julia e Davi,
personagens da Bruna Marquezine, Daniel de Oliveira , Letícia Collin e Jesuíta Barbosa.
Nada Será como Antes mostrou
todas as nuances que até hoje cercam o “submundo” da televisão desde os
seus primórdios, como o jogo de cintura que os donos da tv tinha que ter
para conseguir patrocínio, na figura do Saulo (Murilo Benício); Os testes
de sofá e ascensão de estrelas pela sensualidade como a Beatriz da Bruna Marquezine; o glamour e
prepotência das primeiras grandes estrelas da tv que literalmente se
achavam estrela inatingíveis, o caso da personagem Verônica Maia, da Débora Falabella, que tem uma
careira meteórica inclusive com a queda desse pedestal depois de ser descoberta
como mãe solteira ; os galãs que a tv formava, e seduziam as
mulheres e que escondiam sua verdadeira sexualidade, na pele do Rodolfo
(Alexandre Claveaux) e o preconceito com atores negros, sempre fadados a
fazer escravos ou serviçais, mostrado através da história do Péricles, do ator Fabrício Boliveira.
Mas sem dúvidas seu elenco foi o maior
espetáculo do seriado – Murilo Benício e
Débora Falabella numa química perfeita; Bruna Marquezine dando um show de sensuliadade e talento. O que
foram aquelas cenas dela com a Cássia Kiss Magro, pura emoção e muito talento!
E Claro, Jesuíta Barbosa que emplacou o terceiro personagem complexo esse
ano.
O único erro de Nada Será como Antes foi sua exibição semanal. Se apresentada diariamente com certeza o seriado teria
conquistado o público mais rapidamente.
A Cara do Pai (Globo
– 18 de Dezembro de 2016 . . . )
A Cara do Pai é
a última série ou seriado a estrear este ano de 2016. A despretensiosa história
protagonizada por Leandro Hassum e Mel
Maia, idealizada por Paulo Cursino estreou sem muito alarde,
mais é uma boa opção para aquele horário de domingo. Mel Maia mais uma vez provando o seu talento brilhando de igual
para igual com grandes nomes do humor como o Hassum e Alessandra Maestrini.
Mesmo não mostrando nada de novo, a
série finaliza sempre com o Leandro
Hassum, que na trama também é um comediante, fazendo um show de stand-up
tendo como tema os acontecimentos do episódio do dia.
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
Comentários
Postar um comentário