A minissérie Nada Será como Antes terminou nesta terça (20.12) como um
dos bons projetos de teledramaturgia apresentados neste ano. Os autores Guel Arraes e Jorge Furtado primaram
pelo requinte e com uma bela fotografia, um elenco
enxuto bem
dirigido e personagens bem definidos a trama mostrou com maestria a glamurosa era
da rádio e início da chegada da tv às casas dos brasileiros.
Nada Será como Antes mostrou todas as nuances que até hoje
cercam o “submundo” da televisão desde
os seus primórdios, como o jogo de
cintura que os donos da tv tinha que ter para conseguir patrocínio, na figura do Saulo (Murilo Benício); Os testes
de sofá e ascensão de estrelas pela sensualidade como a Beatriz da Bruna Marquezine; o glamour e prepotência
das primeiras grandes estrelas da tv que
literalmente se achavam estrela inatingíveis, o caso da personagem Verônica
Maia, da Débora Falabella, que tem
uma careira meteórica inclusive com a queda desse pedestal depois de ser
descoberta como mãe solteira ; os galãs que a tv formava, e seduziam as mulheres
e que escondiam sua verdadeira sexualidade, na pele do Rodolfo (Alexandre Claveaux)
e o preconceito com atores negros,
sempre fadados a fazer escravos ou serviçais, mostrado através da história do
Péricles, do ator Fabrício Boliveira.
Porém, mesmo tendo a criação e divulgação da tv no Brasil
como o ponto de partida, Nada
Será como Antes conquistou
o telespectador mesmo com as suas tramas
folhetinescas. Os conturbados romances
do Saulo e Verônica, e o da Beatriz e os
Azevedo Gomes.
O Romance do Saulo e Verônica que
começou a trama c acabando depois de 10 anos pelo fato deles não poderem ter o
filho que tanto queriam, passou por
muitas fases nos 12 episódios, e foi reconstruído de uma forma tão bonita, que
mesmo nos momentos em que Saulo foi capaz de tirar o filho da Verônica, eu procurei justificativa em nome desse amor. Aliás, a
química entre o Murilo Benício e Debora
Falabella foi outro ponto forte de Nada Será como Antes.
A Beatriz é o debut
da Bruna Marquezine nos papeis mais fortes e densos. Eu pensei que
o projeto daria mais ênfase à sua bela plástica, afinal era a primeira vez da
atriz em um horário em que poderia ousar, mas sua personagem foi muito além da
beleza da Marquezine. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o talento nato dessa
menina a personagem mostrou que ela já é uma grande atriz. Brilhou em cenas
ousadíssimas como Daniel de Oliveira,
Letícia Colin e Jesuíta Barbosa, mas sua prova de fogo foram as cenas com Cássia Kiss Magro que fazia sua mãe na
trama. Num dueto de igual para igual,
cada cena era um show à parte de talento
da Bruna e generosidade da Cássia,
sempre impecavelmente espetacular.
Acho que os únicos percalços de Nada
Será como Antes, foi o fato de ter sido apresentada
semanalmente. Numa exibição diária o
público teria se apegado à trama mais rapidamente e isso seria crucial para a minissérie bombar na
audiência. Também achei no mínimo falta
de criatividade o assassino do final apoteótico da Beatriz, ter sido novamente o Jesuíta Barbosa, na pele de um
personagem com perfil e história praticamente idênticos ao que ele fez em Justiça.
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Nada Será como Antes, mesmo fugindo do seu propósito inicial de mostrar a criação e os bastidores de uma
televisão, conseguiu prender o
telespectador e será lembrada como um
dos bons momentos da tv em 2016.
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
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