A Força do Querer,
trama da autora Glória Perez,  está pouco mais de um mês no ar  e parece que já é um diferencial se comparada
as tramas anteriores.  O Público comprou
a novela que,  diferente  dos trabalhos anteriores da autora, vem tocando
em assuntos polêmicos, porém com mais sutilezas e menos didatismo. 
        O
Drama da Ivana, vivida pela estreante Caroline
 Duarte, na busca da sua identidade,  é a grande força da trama no momento. A
Identidade de gênero é um assunto em voga que inspira muita sensibilidade e
psicologia para ser tratado, e é exatamente assim que a Glória o vem tratando.
As cenas de crise da Ivana, apresentadas na semana   foram memoráveis, levando em conta toda a
entrega da atriz ao viver a personagem, o texto impecável e a direção cirúrgica
do Rogério Gomes e Pedro Vasconcellos.  Aliás, não posso deixar de frisar o elogio à Caroline Duarte, que logo em seu
primeiro trabalho em novelas pegou esse papel difícil e complexo, mas que vem
tirando de letra, e dando a Ivana traços tão críveis de personalidade que nos
identificamos com sua falta de identidade e entendemos todo o  seu sofrimento. 
        Outro
detalhe nessa abordagem da Glória Perez
que me chama atenção é que mesmo com toda a sensibilidade  que vem sendo tratado o assunto, a autora não
esqueceu o segundo lado dessa moeda. Tudo bem, a Ivana é de uma família rica,
com recursos para pagar profissionais que lhe ajudem a se identificar, e mesmo com
as futilidades da mãe Joyce (Maria Fernanda Cândido), tem  um apoio familiar.  
        Já a
maioria dos brasileiros que passam por esse drama não tem sequer o acesso a um
profissional que possam  lhe orientar. A
autora não esqueceu disso  e mostra esse
outro lado da busca pela identidade e aceitação através do personagem Nonato,
vivido pelo Silvero Pereira, que na
novela é motorista particular do Enrico (Humberto Martins) durante o dia,  e a noite se traveste de mulher. 
        A
História dos personagens são contadas simultaneamente a cada capítulo de A Força do Querer,
embora sejam gêneros diferentes. Como o próprio Nonato já declarou na trama,
ele é um travesti, gosta de ser travesti e não pensa em ser uma mulher. Já a
Ivana, como sabemos, será identificada como trans homem no decorrer da trama. 
        Nos
capítulos da semana passada Nonato contou 
sua trajetória até se aceitar e as tentativas de se  fazer aceitar, os preconceitos  pelo 
qual passa  e as barras pesadas que
teve que enfrentar. Em uma dessas  cenas
ele foi espancado pelo  próprio irmão que
ao flagra-lo travestido em cima do palco não aceitou  a condição do irmão, e  o expulsou  do leito da família. 
        A
Identidade de gênero é um assunto muito pertinente, e ao ser discutido
abertamente e com responsabilidade dentro de uma novela em horário nobre e uma
grande contribuição socioeducativa da autora. Enriquece  a novela 
que foi feita para entreter sim, porém para informar com
responsabilidade também. 
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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