No próximo dia 19, Rafaela Alvaray
(Marília Pêra) e cia estão de volta em reprise pelo Canal Viva. Brega e Chique (1987) – um dos clássicos do Cassiano Gabus Mendes da
década de 80 estreará no canal a cabo substituindo a reprise de Selva de Pedra (1986), às
14:30 e 0:45.
Chamar o sucesso de Brega e Chique de grande não chega a ser nenhum exagero, a trama tem
um dos melhores índices de audiência do horário, e a certa altura chegou a
bater os números da novela das oito na época, O Outro do Aguinaldo
Silva. É Considerada junto com Que Rei Sou Eu (1989) a melhor novela do
autor.
São muitos os motivos para rever essa
trama icônica , abaixo 10 desses motivos
para relembrar o leitor/telespectador do quão imperdível é Brega e Chique.
Brega
e Chique marcou a volta de Marília
Pêra à TV , afastada desde o término de Supermanoela (1974 ) 13 anos antes. Volta essa que foi comemorada em grande
estilo, a Rafaela Alvaray foi o destaque e sucesso absoluto da novela. O Brasil
inteiro acompanhou todos os problemas que ela passou para se adptar a
nova vida de pobre, mas sem perder a “finess” que era a marca registrada
da personagem. Inesquecível a cena em que Rafaela vai ao mercado pela primeira
vez fazer compras, vestida com suas roupas de grife e casacos de pele; ou
no dia em que ela descobre que sua grande amiga Zilda ( Nívea Maria ) também
era a amante de seu marido, a fim de tomar explicações Rafaela
experimenta à frentre do espelho a melhor maneira de cobrar isso da amiga, mas
ao dar de cara com Zilda ela simplesmente lhe remete um soco daqueles
deixando a traira no chão. O Sucesso de Rafaela foi tamanho que a Rosemere a
outra esposa do Herbert acabou ficando em segundo plano, o que não agradou
muito a Glória Menezes na época , interprete da personagem.
A História
A Trama ambientada em São Paulo tem como personagens
centrais duas mulheres, Rosemere da Silva (Glória Menezes)
e Rafaela Alvaray (Marília Pêra). De universos inteiramente
opostos, as duas têm suas histórias cruzadas por causa de Herbert Alvaray (Jorge Dória),
empresário paulista, casado com ambas.
A novela começa quando Herbert, para escapar da
falência, simula a própria morte e foge do país, abandonando sua família
legítima. Preocupado com Rosemere, ele deixa uma boa quantia em dólares para
que ela e a filha possam se sustentar. Endividada e sem nenhuma fonte de renda,
Rafaela, a primeira mulher de Herbert se vê obrigada a mudar-se com a
família para um bairro mais simples. Por coincidência, vai morar na mesma vila
onde Rosemere vive com a filha. As duas se conhecem e tornam-se confidentes:
enquanto Rosemere ensina a Rafaela alternativas para ganhar e economizar
dinheiro, Rafaela dá aulas de etiqueta para a nova rica do pedaço. Além da
ajuda de Rosemere, Rafaela conta com o apoio de Montenegro (Marco Nanini),
secretário particular e cúmplice de Herbert. Apaixonado por Rafaela, ele está
sempre por perto e faz tudo para ajudá-la a sair daquela difícil situação.
Em
determinado momento da história, Rafaela e Rosemere, comentando sobre seus ex-companheiros,
descobrem que os dois são a mesma pessoa. E mais: as duas constatam que existe
uma terceira mulher na vida de Herbert: Zilda (Nívea Maria),
melhor amiga de Rafaela. Depois de muita confusão, toda verdade sobre Cláudio
Serra é revelada. Ele morre, dormindo, enquanto sonhava com sua verdadeira
face. Rafaela, Rosemere e Zilda reconstroem suas vidas ao lado de outros
homens. Rafaela se entrega ao amor de Montenegro, Rosemere casa-se com
Baltazar, e Zilda, com Pedro (Paulo César Grande). Com a ajuda de Montenegro,
Rafaela consegue passar para seu poder os dólares que Herbert guardava a sete
chaves em uma conta na Suíça e promete dividir a herança com Rosemere e Zilda.
Marília
Pêra e Marco Nanini
Marília Pêra ao
lado de Marco Nanini, que fazia Montenegro, o sócio de
Herbert e eterno apaixonado por Rafaela, nos proporcionaram cenas hilárias e
inesquecíveis, os dois juntos em cena já faziam valer a pena um capitulo
inteiro. Inesquecível a cena em que Rafaela procura no chão a lente colorida que caiu de um
de seus olhos; Rafaela suga a gravata de Montenegro com um aspirador de pó,
quase o enforcando; e Rafaela e Montenegro à câmera, como se estivessem diante
de um espelho, analisando suas papadas e pensando em fazer plástica.
A Polêmica abertura
A Novela causou polêmica logo no primeiro capítulo. Na abertura o
modelo Vinícius Lanne aparecia de bumbum de fora, e os mais
conservadores exigiram que fosse posto uma folha de parreira cobrindo as
“vergonhas” do rapaz, e assim no capitulo seguinte o glúteo do modelo foi
coberto, isso gerou ainda mais polêmica, e foi considerado censura a
livre expressão entre outras coisas, e no final a folha de parreira sumiu e a
mulherada pôde acompanhar durante toda a exibição da novela o tão falado bumbum
de Vinícuis Lanne. A Folha de parreira voltou quando a novela foi
reprisada no VALE A PENA VER DE NOVO em 1989. Resta saber se o Viva vai usar esse “artifício” também.
A trilha nacional da trama
assustava pela capa horrorosa - que dividida ao meio trazia
uma foto da Glória Menezes e da Marília Pêra caracterizada
como suas personagens. Glória com um saco de compras nos braços e a Marília com
aquele modelito de ombreiras moda dos anos 80. Meu Deus, com certeza o cara que
escolheu aquela capa deve ter sido banido do planeta.
Em contra partida e como compensação pela capa, a seleção das músicas fez
a trilha valer a pena, que mesmo não sendo uma daquelas clássicas que entraram
para o hall das grandes dos anos 80,
cravou alguns hits para sempre em nossa memória – “Pelado” do Ultraje a Rigor , o tema de
abertura; “Pega Rapaz” na voz da Rita Lee e Roberto de Carvalho; “Preciso aprender a Ser Só” do Caetano Veloso; “Cawboi fora do Lei” do Raul
Seixas; “Blá, Blá . . . Eu Te Amo”
do Lobão entre outros.
A trilha internacional perpetuou em sua
capa a bunda do Vinícius Manne. Os
conservadores que não queriam ver o bumbum na abertura tiveram que engolir ele
espalhado por todas as lojas de discos na época. No repertório a faixa “Music” de F R David, foi
na mesma época, traduzida para o português e ganhou as paradas de sucesso na
voz de Marquinhos Moura, sob o
título de “Meu Mel”. A canção “Everything I Own” , na voz do Boy George, mais conhecido como
vocalista da banda Culture Club, foi
originalmente gravada pelo grupo Bread
na década de 1970. “Somewhere Out There”
foi tema de “Fievel: Um conto Americano”
- o desenho animado de longa-metragem, e concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Canção, em
1987.
O Figurino da Rafaela Alvaray
A
figurinista Helena Gastal revelou
que inspirou-se na década de 1920 para criar o figurino de Rafaela Alvaray, com
roupas de seda e vestidos retos, que não marcavam a cintura. O corte de cabelo chanel da personagem também remetia aos
anos 20, mas com um toque moderno: assimétrico, curtíssimo de um lado com a
franja mais longa do outro. A novela ajudou a popularizar as lentes de contato
coloridas – uma novidade na época – usadas por Rafaela e Rosemere.
Bruno (Cássio Gabus Mendes) e
Mercedes (Patricya Travassos)
Outra trama
que merece destaque em Brega & Chique é a
de Bruno, personagem interpretado por Cássio
Gabus Mendes. Sobrinho do marceneiro Baltazar (Dennis Carvalho), o rapaz
ganhou a simpatia do público com seu jeito ingênuo e atrapalhado. Os erros de
português que cometia davam ainda mais comicidade às suas cenas. Palavras como
“craro” e “pobrema” tornaram-se marcas do personagem e caíram na boca do
público, especialmente entre as crianças. Os tropeços eram corrigidos pela
professora Mercedes (Patricya Travassos), contratada pelo tio Baltazar para
ensinar português ao jovem. No decorrer da história, Mercedes se apaixona por
Bruno. Ao final, após muitas confusões, ela consegue conquistar seu coração.
Efeitos
Especiais
Além de animações que ilustravam passagens de tempo (já fartamente
usadas em Cambalacho, no ano
anterior), a novela utilizou vários efeitos especiais, como o “wipe”, uma
varredura na tela marcando a mudança de cena, e o “filó”, divisão da tela para
a exibição de duas cenas simultâneas.
Outra novidade foi a exibição de dois cenários em um só, em que uma parte era iluminado enquanto a outra ficava no escuro para alternarem na mudança de cena – usada, por exemplo, quando personagens conversavam ao telefone: os atores estavam no mesmo local, mas um deles recebia iluminação (o falante) enquanto o ouvinte ficava no escuro.
Outra novidade foi a exibição de dois cenários em um só, em que uma parte era iluminado enquanto a outra ficava no escuro para alternarem na mudança de cena – usada, por exemplo, quando personagens conversavam ao telefone: os atores estavam no mesmo local, mas um deles recebia iluminação (o falante) enquanto o ouvinte ficava no escuro.
Atores que estrearam em Brega & Chique
Brega & Chique marcou a estreia em novelas das atrizes Patrícya Travassos e Paula Lavigne, e do ator Anderson Muller. Único trabalho na Globo de Suzy Camacho, vinda das novelas do SBT. Primeira aparição na Globo da atriz Ana Rosa, em uma participação especial.
Atores que já faleceram de Brega & Chique
O
retorno de Brega
& Chique vai nos proporcionar
rever o trabalho de muitos atores que deixaram muitas saudades. Além da estrela
e protagonista Marília Pêra, não
estão mais conosco Raul Cortez e Jorge Dória, interpretes do Herbert; Célia Biar, mãe da Rafaela Alvaray é outra atriz do elenco que não está mais
entre nós.
Vamos
matar saudades também de Fábio Sabag
(o vidente Lourival), Hélio Souto
(Amadeu), Marcos Paulo (Luís Paulo),
Percy Ayres (Justino) e Neuza Amaral (Luci).
Veja Também:
Novelas Inesquecíveis - Brega e Chique (1987) |
Trilha Sonora Eterna - Brega e Chique (1987) |
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
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