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Enquete e10blog - Melhores do Ano

Novelas Inesquecíveis – Velho Chico (2016)

5 anos da  trama que marcou a volta de Benedito Ruy Barbosa ao horário nobre  e,  que ficou marcada pela tragédia na vida real – a morte de Domingos Montagner



        Em 14 de Julho de 2016 estreava no horário nobre a novela que a Globo tinha a esperança de ser a salvação do seu principal horário  de tramas  - Velho Chico (2016). A produção   marcava a volta do estilo rural do Benedito Ruy Barbosa ao horário que lhe consagrou com títulos como Renascer (1993), O Rei do Gado (1996)  e Terra Nostra (1999). 


     

  Curiosamente o motivo que  fez  Velho Chico ser escolhida para o horário nobre global ,  quebrando a fila já formada  de apresentações,   apesar de inicialmente está reservada pra o horário das seis, foi exatamente o que a fez ser uma das novelas mais “arrastadas” apresentadas até então.  Depois de um choque de realidade e acontecimentos com as antecessoras  Babilônia (2015) e A Regra do Jogo (2015), a Globo apostou em uma trama bucólica e calma, escalou BeneditoRuy Barbosa, rebaixado ao horário das seis desde Esperança (2002) e apresentou a emblemática trama que contaria os encantos e mistérios do Rio São Francisco.



      A primeira e segunda fases até fizeram bonito, tinha um certo ritmo, lento mas aceitável,  por se tratar de épocas passadas e o encanto de viver emoções que teriam consequências anos mais tarde, porém ao chegar em sua terceira fase a novela se mostrou seca e teatral num grau que assustou o telespectador. Sem romances entre os personagens e um inflamado texto político agrário,  a novela  praticamente andou em círculos,  se apoiando apenas em interpretações impecáveis  e viscerais , que vistas como em quadros, separadas do conjunto do obra folhetinesca,  foram o grande destaque de Velho Chico.



Lamentavelmente, Velho Chico ficou marcada mesmo por uma tragédia na vida real. Na tarde do dia 15 de setembro de 2016, faltando apenas duas semanas para o término da novela, os astros Domingos Montagner e Camila Pitanga, que viviam Santo e Maria Tereza, em um intervalo de gravação, foram nadar no Rio São Francisco, na região de Canindé de São Francisco, em Sergipe. Surpreendidos por uma forte correnteza, CamilaPitanga conseguiu sair das águas, mas Domingos Montagner não teve a mesma sorte. Quatro horas depois , com o Brasil já em comoção, o corpo do ator foi encontrado, sem vida. Em uma dessas infelizes coincidências da vida com a arte, na novela cerca de um mês antes, seu personagem, havia desaparecido no rio. Porém desta vez a vida não imitou a arte, e nós perdemos o ator  de 54 anos, que estava em plena ascensão como um dos grandes nomes da sua geração.


 

Como  uma homenagem ao ator,  Santo seu personagem, não sumiu de Velho Chico.  Num artifício de direção, os atores que tinham contato com o personagem passaram a contracenar olhando direto para a câmera, como se  a  lente fosse o olhar de Santo, o que deixou a  reta final da novela ainda mais emocionante.

É uma pena que uma novela tão esperada e que teve uma produção tão requintada  seja lembrada apenas por essa grande tragédia, a Globo apostou todas as fichas, mas é fato que aquele não era o momento de Velho Chico.



Não posso deixar de citar alguns dos destaques da trama -       A primeira fase  foi marcada por grandes intepretações nos  trabalhos impecáveis do Rodrigo Santoro (Afrânio), Rodrigo Lombardi (Capitão Ernesto Rosa), Carol Castro (Iolanda), Cyria Coentro (Piedade), Fabíola Nascimento (Eulália) e Chico Diaz (Belmiro dos Anjos). 




        E por falar no elenco da trama ...  Impossível esquecer as intepretações da Selma Egrei como a Dona Encarnação, Lucy Alves (Luzia), a grande revelação da trama; Irandhir Santos (Bento) , DiraPaes (Beatriz); Zezita Gomes (Piedade), MarceloSerrado ( Carlos Eduardo), alçado a grande vilão  no final da trama e Christiane Torloni, que foi fiel à Iolanda por toda a trama e nos brindou com uma crível interpretação e um show “literalmente” , quando precisou dar vida ao lado musical da personagem.

           No elenco de jovens e estreantes Lucas Veloso foi a grande revelação,  dosando humor e irreverencia com seu personagem homônimo. Mas não posso deixar de citar Giullia Buscácio (Olívia);  Gabriel Leone, o Miguel depois que o personagem perdeu aquele perfil  rebelde sem causa; Renato Góes e Júlio Dallavia, O Santo e a Tereza da primeira e segunda fases; e os estreantes em novelas Marienne de Castro (Dalva) e Lee Taylor, que foi impecável como o Martin, uma pena que o ator foi tão mal aproveitado.



 O Trio de protagonistas também defendeu com maestria seus personagens, embora com perfis difíceis   devido à grande carga dramática que eles traziam das fases anteriores. Antônio Fagundes (Afrânio)  e Camila Pitanga (Tereza) , apesar de terem sido bombardeado de críticas, principalmente o Fagundes devido a discrepância entre o Afrânio da terceira fase e das anteriores vivido pelo Rodrigo Santoro e o figurino exagerado com direito a peruca,  conseguiram chegar ao tom dos seus personagens na reta final da novela.

       Velho Chico abusou do direito de apresentar cenas que ficaram  no nosso imaginário . Algumas  sequências que primaram pela simplicidade usando apenas a locação e um ator.  Entre elas vale destacar:



·        Ceci (Luci Pereira) revendo a árvore que representa o seu povo nas terras doadas por dona encarnação ao Miguel ;

·        O Casamento de Miguel (Gabriel Leone) e Olívia (Giullia Buscácio);

·        Martin (Lee Taylor) descobrindo que estava morto;

·        A Reconciliação de Afrânio (Antônio Fagundes) e Iolanda (Christiane Torloni).

       Momentos memoráveis proporcionados pelo autor sob a ótica e direção do Luiz Fernando Carvalho.

 

Antes de Domingos Montagner, o elenco de Velho Chico já havia perdido o veterano Umberto Magnani, que na trama vivia o Padre Romão. O Ator morreu em  27 de abril de 2016, depois de sofrer um acidente vascular encefálico.

Rodrigo Santoro, que deu vida ao Coronel Saruê ,  o Afrânio na primeira fase, foi contratado a peso de ouro. Ele já estava  a todo vapor com a carreira internacional, e sua  última trama no Brasil havia sido à 13 anos, Mulheres Apaixonadas (2003). A Globo queria ter o nome do ator ligado a produção, usado como chamariz nas chamadas de estreia.



Algumas polêmicas marcaram a trama antes mesmo da estreia. Em entrevistas na época de lançamento da novela, Benedito Ruy Barbosa, questionado por repórteres se não haveria algum personagem homossexual em Velho Chico, o autor respondeu: “Não gosto de novelas de bichas!”.  A declaração caiu como uma bomba. Luiz Fernando Carvalho , o diretor e Bruno Luperi, neto de Benedito e co-autor  junto com o avô na trama, tentaram atenuar e explicar a declaração.

Para outro repórter , Benedito confirmou  que havia pedido pessoalmente a Carlos Henrique Schroeder, como condição para escrever Velho Chico que, Silvio de Abreu, então diretor de teledramaturgia da emissora, não interferisse em nada em sua trama.  A Antipatia de Benedito com Sílvio vinha de anos, quando este rejeitou uma trama do autor para o horário das seis.



É fato que Velho Chico dividiu opiniões – Quem gostou amava com todas as forças e a defendia arduamente; quem não gostava odiava no mesmo grau. A Imprensa também ficou dividida, ora elogiando a produção, elenco , texto . . ora criticando a lentidão, figurino, fotografia . . .  mas os autores e direção em nenhum momento mudaram os rumos da trama, sabe aquele ditado “Os cães latem e a caravana passa”?  Velho Chico se manteve imutável do início ao fim, com as mesmas doses de lirismo e narrativa lenta, tom realista e ao mesmo tempo lúdico.



A Abertura de Velho Chico encantou o público. Ao som de “Tropicália” , regravada por Caetano Veloso especialmente para a novela, o vídeo apresentava um quadro multicolorido em madeira entalhada, toda feita a mão em apenas 3 dias. O Ilustrador Samuel Casal, um dos responsáveis, trabalhou com o artista gráfico Mello Menezes, que criou  o pré-desenho com cores, enquanto Casal fez o entalhe em madeira. Cada entalhe foi fotografado e filmado em stop motion. Mello Menezes foi também o ilustrador responsável pelas aberturas de Mandacaru (1997), da extinta Rede Manchete , Gabriela (2012) e Saramandaia (2013).



Fotografia, roteiro, trilha  sonora oficial e incidental e direção impecáveis,  mas que no rótulo de trama das nove “rodaram” tão sem ritmo  e  não funcionaram. Velho Chico foi uma trama tão  requintada  que  tinha que ser vista  por uma ótica mais teatral e menos novelística, talvez assim fosse feita a justiça com esse trabalho  ímpar do Benedito Ruy Barbosa e família. 

Ficha Técnica:



Autor : Benedito Ruy Barbosa

Escrito por : Edmara Barbosa e Bruno Barbosa Luperi

Elenco:



DOMINGOS MONTAGNER – Santo dos Anjos
CAMILA PITANGA – Maria Tereza
ANTÔNIO FAGUNDES – Afrânio de Sá Ribeiro (Coronel Saruê)
CHRISTIANE TORLONI – Iolanda
MARCELO SERRADO – Carlos Eduardo Cavalcanti
LUCY ALVES – Luzia
IRANDHIR SANTOS – Bento dos Anjos
DIRA PAES – Beatriz
LEE TAYLOR – Martim
SELMA EGREI – Dona Encarnação
MARCOS PALMEIRA – Ciço (Cícero)
GABRIEL LEONE – Miguel
GIULLIA BUSCACIO – Olívia
LUCAS VELOSO – Lucas
ZEZITA MATOS – Piedade
CARLOS VEREZA – Padre Benício
GÉSIO AMADEU – Chico Criatura
SUELY BISPO – Doninha
MARIENE DE CASTRO – Dalva
LUCI PEREIRA – Ceci
JOSÉ DUMONT – Zé Pirangueiro
MARCÉLIA CARTAXO – Zefa
SAULO LARANJEIRA – Prefeito Raimundo
IVANN GOMES (BATORÉ) – Queiroz
ANA RAYZA – Isabel
YARA CHARRY – Sophie
CLÁUDIO JABORANDY – Delegado Germano

primeiras fases
RODRIGO SANTORO – Afrânio de Sá Ribeiro
TARCÍSIO MEIRA – Jacinto de Sá Ribeiro (Coronel Saruê pai)
RODRIGO LOMBARDI – Capitão Ernesto Rosa
FABÍULA NASCIMENTO – Eulália
CHICO DIAZ – Belmiro dos Anjos
CYRIA COENTRO – Piedade
CAROL CASTRO – Iolanda
MARINA NERY – Leonor
UMBERTO MAGNANI – Padre Romão
JÚLIO MACHADO – Clemente
BÁRBARA REIS – Doninha
JÚLIA DALLAVIA – Maria Tereza (jovem)
RENATO GÓES – Santo (jovem)
PABLO MORAIS – Ciço (jovem)
LARISSA GÓES – Luzia (jovem)
DIYO COELHO – Bento (jovem)
RAFAEL VITTI – Carlos Eduardo (jovem)
BERTRAND DUARTE – pai de Carlos Eduardo
LEOPOLDO PACHECO – Dr. Emílio (médico de Grotas)
CARLOS BETÃO – Aracaçu (pai de Leonor)
VERÔNICA CAVALCANTI – Zilu (mulher de Aracaçu, mãe de Leonor)
FERNANDO TEIXEIRA – Coronel Floriano (amigo de Jacinto)
CHICO DE ASSIS – Coronel Salgado (amigo de Ernesto Rosa)
THAÍSSA CAVALCANTI – Matilde (amiga de Iolanda em Salvador)
DENISE CORREIA – Neuza (empregada de Afrânio em Salvador)
ADRIANA GABRIELA – Marta (amiga de Tereza no internato)
FRANCISCO CARVALHO – Silvino (produtor de algodão em falência)
EDMILSON BARROS – testamenteiro questionado por Afrânio sobre a herança da fazenda do Capitão Rosa
FELIPE RODRIGUES – sacristão que auxilia o padre Romão
HARILDO DEDA – Dr. Amorim (médico chamado ao internato que diagnostica a gravidez de Tereza)
DADÁ VENCESLAU – Benedito
VÓ MERA – Dona Noca (parteira de Leonor)
as crianças
ISABELLA AGUIAR – Maria Tereza (filha de Afrânio e Leonor)
DAVI CAETANO – Martim (filho de Afrânio e Leonor, irmão de Maria Tereza)
LUCCA FONTOURA – Ciço (filho de Clemente e Doninha)
CARLA FABIANA – Luzia (filha adotiva de Ernesto e Eulália)
ROGERINHO COSTA – Santo (filho de Belmiro e Piedade)
VITOR ALEIXO – Bento (filho de Belmiro e Piedade, irmão de Santo)

e
ADILSON MAGHÁ – cego tocador que deu informações a Martim sobre sua família materna quando ele pesquisava suas origens
ALEX TEIX – Macedo (conversa com Carlos Eduardo no gabinete dele em Brasília)
ALFREDO MARTINS – participa de uma reunião em Brasília com Carlos Eduardo
ALICE ASSEF – produtora de moda que organiza as fotos com os vestidos feitos por Sophie e Isabel
ANTÔNIO CARLOS FEIO – Djalma (membro da cooperativa)
ANTÔNIO ISMAEL – assistente do delegado Germano
BETH ZALCKMAN – entrevista Miguel no último capítulo
BETO QUIRINO – Bastião (membro da cooperativa)
BRUCE BRANDÃO – Raulino
CHAMBINHO DO ACORDEON – músico que se hospeda no bar de Chico Criatura
CHICO EXPEDITO – presidente da câmara de Grotas
CHICO TERRAH – participa de uma reunião em Brasília com Carlos Eduardo
DUDHA MOREIRA – do trio de senhoras que bajulam Afrânio
ED OLIVEIRA – segurança do Prefeito Raimundo
EVANA JEYSSAN – Wanda
FLÁVIO ROCHA – Edenilson (membro da cooperativa de Santo que vende sua colheita para Afrânio)
GUTTI FRAGA – presidente da Câmara de Vereadores de Grotas
J. LOPES ÍNDIO – pajé Moacir (atende Beatriz e Martim quando eles vão procurar Cauré, aluno dela)
JAEDSON BAHIA – Geremias (peão que trabalha na fazenda de Santo)
JÔ SALGADO – do trio de senhoras que bajulam Afrânio
JOSÉ ARAÚJO – Seu José (faxineiro da boate Dália Azul que recebe Iolanda)
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – amigo de Afrânio
JOSÉ NEGREIROS – Galego (membro da cooperativa)
JUAN ALBA – Amadeu (pianista que acompanha Iolanda quando ela canta)
JURANDIR DE OLIVEIRA – Abdias
KARLA KARENINA – do trio de senhoras que bajulam Afrânio
KENNYA COSTA – secretária do promotor a quem Afrânio faz denúncias
LEONARDO JOSÉ – advogado testamenteiro dos Sá Ribeiro
LUCA DE CASTRO – amigo de Afrânio
LUCCI FERREIRA – Ernani (empregado da fazenda de Afrânio questionado por Tereza sobre as mangas com agrotóxico)
LUIZ FELIPE PEREIRA – Cauré (aluno índio de Beatriz que foge da escola por ser maltratado pelos colegas)
LUIZA BRUNET – Madá (cafetina apaixonada por Afrânio)
MACIEL MELO – Egídio (da dupla de cordelistas)
MÁRCIO ERLISCH – participa de uma reunião em Brasília com Carlos Eduardo
MARCOS ACHER – Dr. Levi (advogado de Afrânio que conversa com Edenilson)
MARCOS HOLLANDA – Seu Firmino (conversa com Tereza na rua) / Décio (da Secretaria de Educação, comunica a transferência de Beatriz)
MARCOS SUCHARA – Rodrigo (passageiro do avião em que Miguel volta de Paris)
NÁDIA NARDINI – Matilde (amiga de Iolanda em Salvador)
PRAZERES BARBOSA – Dona Filó (ouviu uma conversa na feira de Grotas e passou adiante)
RAUL LABANCA – participa de uma reunião com Carlos Eduardo em Brasília
RÉGIS DE SÓRIS – Gilmárcio (tenta impedir a entrada de Santo nas terras de Edenilson)
ROBERTO BIRINDELLI – Jailton (presidente do partido de Bento que sugere a candidatura de Beatriz à prefeitura de Grotas)
ROGÉRIO FREITAS – médico que atende Tereza quando ela está delirando com o desaparecimento de Santo
ROSE GERMANO – funcionária da cooperativa
SEVERO D´ACELINO – Eugênio Etore (capitão que conduz a embarcação Gaiola do Encantado pelo rio São Francisco)
SHIMON NAMIAS – promotor a quem Afrânio faz as denúncias de suas falcatruas com Carlos Eduardo
VÂNIA DE BRITTO – secretária de Carlos Eduardo em Brasília
XANDO GRAÇA – inspetor da prefeitura que vai à escola de Beatriz tratar da reforma, mais tarde torna-se secretário de obras do município
XANGAI – Avelino (da dupla de cordelistas)

Exibição : 14 de Março à 1 de Outubro de 2016

Capítulos: 172



Veja Também: 

Novelas Inesquecíveis - O Rei do Gado (1996)



Domingos Montagner 


Corta por Diretor  . . . Luiz Fernando Carvalho 


Novelas Inesquecíveis - Cidadão Brasileiro (2006) 


Fonte:

Texto: Evaldiano de Sousa

Pesquisa : www.memoriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br

 

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